terça-feira, 8 de abril de 2008

Mais um

Depois de uma longa agonia parece que o futebol “profissional” de nossa cidade chegou ao fundo do poço. Várias vezes tentaram reviver o famoso esporte bretão por aqui, mas iguais foram essas tentativas sem sucesso. O futebol, paixão de nove entre dez brasileiros já não era, para a grande maioria dos passenses, uma realidade, muito menos uma necessidade, ou pelo menos algo que valesse um sacrifício maior, como por exemplo, deixar de assistir seu time na TV, ou mesmo acordar num domingo pela manhã para ir ao estádio.

Afinal de contas, estamos mesmo nos acostumando a ser chamados da “cidade do já teve”, desta forma, é somente “mais um”. Ironia é lembrar que esse é o grito que ecoava no “Starling Soares” quando o verdão marcava um gol, bons tempos aqueles, cinco mil pessoas ou mais no estádio. Então, o que levaram agora foi somente a expectativa de alguns? (diga-se de passagem, bem poucos, a média de público não chegou a quinhentos). Não é bem assim, o nome da cidade foi mais uma vez arranhado. Já tão desgastado por operações e perguntas sem respostas, coisas feitas sempre sob um estranho processo, onde o meio parece ser o fim, corre nos noticiários de todo o Estado sob duras críticas o WO (placar dado quando uma equipe não comparece para o jogo).

O futebol profissional já dava claras demonstrações de inviabilidade financeira na nossa cidade, sendo quase sempre usado somente como trampolim político. Mas esse foi só “mais um”, outrora foi o carnaval, festival.... Mas Passos não é isso, isso é o que alguns querem que pensemos que somos. Recorro a um trecho do poema “Tabacaria” de Álvaro de Campos (um dos heterônimos de Fernando Pessoa): “Fiz de mim o que não soube... E o que podia fazer de mim não o fiz. O dominó que vesti era errado. Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me. Quando quis tirar a máscara... Estava pegada à cara”. Não podemos deixar isso acontecer, temos que resgatar o orgulho de sermos passenses, retomar um caminho de grandeza para novos e melhores 150 anos.

Ainda sob influência poética, temos que a cidade é um lugar singular, diferenciado pelo sentimento de orgulho daqueles que nela vivem. O que faz a sua cidade única são as particularidades (no interior, o time de futebol da cidade é uma delas) e o seu povo. Uma cidade não é só os prédios, casas e terras que a constituem, mas principalmente o amor de sua gente, por isso, é bem mais que um aglomerado de pessoas. Uma característica marcante nas cidades é que todos, nativos ou não, de diferentes credos, cores e idéias, convivendo num mesmo espaço, cada um a seu modo, mas quando chamados em conjunto, ou seja, quando o nome da cidade estiver em jogo, respondam sempre sim, prontos a defendê-la.

Levanta-te Passos e caminha, pois teu nome não lhe permite ficar parada. Sob o raio dos versos de “Pessoa”, tenho comigo, sem nenhuma dúvida, que o Rio Grande é mais belo dos rios, porque “é o rio que corre pela minha aldeia”.