sábado, 8 de janeiro de 2011

O peso do populismo

O que uma aprovação como a que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva terminou seu mandato pode fazer?
Desde a estabilização da nossa moeda praticamente nada mudou na economia. Dilma foi rápida na campanha em garantir que manteria Meirelles e Mantega, ou seja, que iria continuar tudo como vinha sendo. Apesar da saída de um deles, ninguém acredita em mudanças e a tranquilidade impera no assunto economia. Mantido isso, outra coisa se sustenta por aqui, o consumismo, essa nova ordem mundial. Assim, podemos ir às compras para satisfazer essa necessidade bem maior que os simples conceitos éticos e morais que deveriam ser a razão maior de nossas escolhas. Triste constatação, difícil mesmo será lidar com a juventude de um país que deixou claro que ética não está na pauta de discussão nem mesmo quando o assunto é uma eleição. Vendo muita gente boa dizer que tem orgulho de apoiar e votar em usurpadores do patrimônio público.
O Profº. Luiz Flávio Gomes escreveu que a política está no plano do ser, ou seja, do que é. Já a ética mora no plano do dever ser (como as coisas deveriam ser). No seu discurso Dilma defendeu: “não se comprometa com o erro, com o desvio ou com o malfeito”. Aí o Profº Luiz Flávio lembra que mal terminou esse discurso, a presidente abraçou Erenine, nomeou Palocci e deu posse para Pedro Novais.
Mudando um pouco o foco, mas sem perder de vista a pergunta inicial, quero falar um pouco sobre o último ato como presidente do nosso querido Lula, a não extradição de Cesare Battisti. Numa entrevista ao jornal italiano "Il Messaggero", Angelino Alfano ministro da Justiça daquele país, criticou o ex-presidente Lula, que negou a extradição de Battisti, alegando que o mesmo não é um terrorista, mas um "assassino comum". Terrorista ou criminoso comum, Lula foi coerente em não extradita-lo. Senão vejamos, como alguém que indica Dilma e a elege presidente, nomeia Carlos Minc para ministro, além de vários outros também terroristas que fizeram parte de seu governo, poderia agir de forma diferente agora. O que diria Lula, o aliado de Collor, Jader Barbalho e Sarney, que bancou também tantos outros que foram flagrados em crimes comuns e mesmo assim mantidos no seu time. Assistimos à posse de Dilma vendo Erenice Guerra circulando sorridente como quem diz: O povo aprovou. Palocci sendo indicado para a Casa Civil (tipo 1º ministro), deixando claro que os critérios adotados pelo PT passam bem longe da ética e da moral. É a expressão máxima de que a altíssima aprovação de Lula representa uma carta branca para todo e qualquer ato, mesmo os enlameados.
Pensando bem, é uma pena que Lula tenha ficado nos 87% de aprovação e não ter alcançado os 100%. Pois se isso acontece poderíamos evocar Nelson Rodrigues e a sua famosa frase: “Toda unanimidade é burra”. Ainda neste contexto, espero que alguns dos meus leitores discordem deste artigo, senão caímos nesta mesma máxima.