quinta-feira, 27 de março de 2014

A Fesp em ação e omissão

Dias atrás disse que não escreveria a respeito desse assunto e só extravasei o que sentia no momento, mas hoje li um artigo do Advogado Paulo Fonseca sobre a estadualização da Fundação de Ensino Superior de Passos - Fesp e resolvi também falar um pouco mais a respeito. Primeiro gostaria de dizer que o artigo, muito bem escrito, traz uma meia verdade, mas não no sentido figurado ou depreciativo. Digo meia no sentido literal mesmo. Não é só pelos motivos elencados e verdadeiros trazidos pelo advogado e ativista político que a estadualização da Fesp ainda não se concretizou. Entendo também o ensejo do enfoque dado. Toda a cidade de Passos tem agido assim, cada um só chega até onde pode. Vou tentar ir um pouco além, talvez por não trabalhar na Fesp e não ter nenhuma pessoa lá, ou por ser concursado onde trabalho e sem nenhuma filiação partidária acho que isso me ajuda. Talvez até porque já experimentei perseguição sem quase “ninguém” por mim, nem o sindicato do qual fazia parte, nem partido algum do qual não fazia e que alguns acham que faço parte, nem mesmo o Ministério Público se interessou pelo assunto. Mas meu Deus, meus amigos e minha família me valeram, então, conto com vocês de novo. Ainda estou inteirinho e confesso que tenho até saudade do tempo do “exílio”. Então vamos lá... Com todo respeito, não é só pelos motivos citados pelo Dr. Paulo, que posso resumir pelas condições que o Estado se encontra (citados com propriedade e veracidade) que a Fesp pode perder a sua estadualização. Outras fundações já tiveram seus processos finalizados e foram estadualizadas. Vou falar das ações e dos agentes que estiveram à frente do processo daqui de Passos e também dos nossos políticos. O primeiro deles e o mais forte junto ao governo do Estado é o Deputado- Secretário Cássio Soares. Lembro aqui de duas passagens recentes do mesmo que demonstra bem como é seu relacionamento com o governador. A primeira de um “out door” onde o Deputado Cássio Soares parabeniza o Governador Anastasia pela estadualização da Fesp colocado em alguns pontos da cidade. Outra foi uma homenagem que amigos íntimos fizeram ao deputado via jornal pelo fato te ter sido chamado pelo governador de “joia rara” da política mineira. Isso tudo mostra o imenso prestígio do Deputado-Secretário Cássio Soares com o governador, mas será que nem com isso conseguirá ele ver sua cidade ser agraciada com a “verdadeira estadualização”? Ora, pois caso se confirme o que vem sendo vinculado por aí, inclusive na imprensa, o parabéns dado terá que ser para o novo governador que assumirá em 2015, isso caso ele realmente faça a estadualização, acatando o Decreto do então governador, coisa que eu duvido. Pois se for verdade que o atual vai assinar um Decreto que se cumpra em 2015, dele só a assinatura mesmo (vou me conter... vamos lá)... Tá certo que isso é bem mais difícil que um trevo na Av. Arlindo Figueiredo e esse também não saiu. Todos sabem que o Secretário-Deputado Cássio Soares é muito ligado ao grupo que está à frente da Fesp e que estes não querem que a estadualização aconteça (convenhamos que isso já não seja mais segredo, ou ainda tem algum inocente que acredita nisso?). Não gostaria de ser desmentido por palavras e sim pela estadualização agora. Viria aqui feliz dizer não só que estava enganado, mas também que poderia contar com meu voto e meu total apoio, uso até camiseta (meu tamanho é “GG”). Sei também que não faço muita falta e que o dinheiro e apoio dos demais provavelmente valham mais mesmo. Mas continua de pé minha promessa. Queria muito mesmo estar enganado e não falo isso de boca pra fora. Ao deputado federal Renato Andrade, querido amigo, digo que eu até entendo sua visão (ou missão) em relação à estrada de Bom Jesus da Penha (Mumbuca), todos esperamos que aconteça e sabemos que você está empenhado nisto, mas daria pra dar um “break” de uns dias e concentrar forças na estadualização da Fesp, que neste momento é primordial? A todo tempo vemos fotos do Renato com Aécio, que continua sendo padrinho do Anastasia que é quem pode ou não estadualizar a Fesp agora. Outro muito chegado do Deputado é o vice-governador que irá assumir em abril. Está na hora de mostrar força para chegar forte em outubro. A hora agora é “estradualização” Renato. Passos hoje é governada pelo partido do governador. O prefeito de Passos, formado nas fileiras do sindicalismo, de origem pedetista do saudoso Brizola, foi copitado pelos tucanos naquela ofensiva do então governador Aécio sob os prefeitos mineiros. Ninguém queria ficar de fora do bonde do todo poderoso governador mineiro, que era capaz de transformar qualquer secretário seu em sucessor. Não vimos nada de extraordinário que nos levasse a crer que isso realmente foi importante (talvez a rodoviária, sei lá), na época nem se empenharam muito na reeleição de Ataíde. Na última eleição então nem se fala. Penso que estava na hora de usar isso com mais força. Vejo certo comodismo e aceitação. Podemos falar o mesmo sobre o presidente da Câmara, que é também presidente do Partido do Governador e com algumas alianças no governo do Estado (leia-se Nárcio Rodrigues e Zé Maia). Pras coisas “relativamente pequenas” até que tem valido, mas quando se trata de fato um pouco maior não sentimos nada de extraordinário na atuação dentro do partido. Isso é o que vejo. Passos continua sendo mais uma para o grupo político do governador, que aqui se divide em dois, “quiça” três. Quanto a Câmara, o presidente e os demais vereadores bem que poderiam em vez daquelas importantes reuniões que devem estar na pauta, com nomes de ruas e afins, tirarem um dia inteiro para contatos com os deputados dos seus partidos e depois aportarem em BH junto destes para lutarem de verdade pela estadualização. Depois podem voltar aos nomes de ruas e outras coisas caseiras. Depois de muito tempo a cidade de Passos passou a se gabar de ter deputados, isso nos encheu de esperanças e começamos a pensar num novo tempo. Voltando um pouco mais, o governo Anastasia nos trouxe ainda a indicação do Presidente do Conselho da Fesp como Secretário Adjunto para assuntos de Ensino Superior e automaticamente o “cara” da estadualização das fundações em MG. Não Faltava nada para sermos os primeiros da fila, mas não foi isso que vimos. Repito o que disse dias atrás, “se fosse os políticos de São Sebastião do Paraíso qual seria a primeira fundação estadualizada?”. Bem como fez também o chamado de “padrinho” da nossa estadualização o deputado Nárcio Rodrigues na sua cidade (Frutal-MG). Se fosse só pela falta de recursos do Estado, isso não teria acorrido em outros lugares. Parece que só os nossos políticos são abnegados em relação aos seus. Será? O que pode estar faltando? O que se esconde atrás disso? O que governador Anastasia prometeu vir a Passos para assinar a nossa estadualização. O que o levou a mudar de ideia e marcar o ato para BH? Daí já imaginamos o desfecho do covarde ato. Porque dessa mudança em pouco mais de dois meses? Não vou fugir do assunto com interrogações. Quero falar agora das inúmeras ações desenvolvidas para que o processo em Passos ficasse complicado. Construções, contratações, aquisições e muitas outras “ções", ações e omissões foram feitas para que ficasse cada fez mais difícil à absorção pelo Estado quase falido. Todos ali, que conheciam o processo, inteligentes que são, sabiam que a saúde financeira da instituição atrelada a do Estado poderia criar o desejado (por eles) entrave. O Estado não dispõe de nenhum recurso orçamentário e financeiro para continuar obras só começadas. A Estadualização implica em deixá-las paralisadas, o que transparece certamente como incompetência. Cursos pra lá de inviáveis, com público alvo que não se sustenta também. Isso pra não falar em compras absurdas como a de ônibus, totalmente fora das necessidades do momento. Foram sim criadas situações para que Passos passasse a ser inviável. Temos uma Faculdade de Administração lá dentro e tudo deveria ter sido feito para a facilitação da absorção da Fesp e é óbvio que não foi. Ações para que processo acontecesse, como economia, zelo, enxugando despesas, foco na estadualização, nada foi feito, muito pelo contrário. Deixo aqui meus parabéns, podem comemorar, trabalharam direitinho. Mas como ouvi numa rede social, a cada golpe dado havia sim muita comemoração regada a vinho entre bons amigos. Nem a transformação da Fesp no maior Centro Universitário de Minas se iguala a Estadualização. Só o desenvolvimento intelectual e a liberdade de expressão oriundas da mudança do status daqueles que ali estão já valeria. Hoje temos um grupo de professores e funcionários calados, intimidados pelo recado que lhes foi dado quando um só tentou se rebelar e foi demitido um dia depois de expressar uma opinião diferente da oficial. Imagine só que num momento desses, onde se espera uma maciça adesão e engajamento desses, o que vemos é um total silêncio dos mesmos. E não estamos falando de qualquer um, são professores e funcionários de uma universidade, alguns são verdadeiros leões quando discutem outros assuntos via Facebook e afins. Já em relação à estadualização da Fesp é como se não tivesse nada com isso, uns cordeiros. Alguns eu até entendo, ante a necessidade de cada um, são como aquela tartaruga em cima do poste, não sabem como estão lá. Outros são lobos em pele de cordeiro mesmo, o restante com todo respeito... deixa pra lá, o sentimento que carregam tenho certeza que já lhes basta, não preciso escancarar. Também aqui estou pronto a me desculpar, não tenho nenhum compromisso com o erro, já errei muito na vida, trabalhei e ainda trabalho muito pra mudar. Estarei pronto a me desculpar ante qualquer um que me prove o contrário. Quanto ao Centro Universitário, quero lembrar que foi levantada essa hipótese no passado pelo Conselho da época e foi veementemente rechaçada. Hoje, professores que na época se posicionaram contrários se calam, devidamente alinhados por cargos, e apoiam um projeto idêntico. Quero encerrar dizendo o enorme desgosto com que escrevo este artigo. A grande tristeza em ver boa parte da cidade sendo enganada por aqueles que compraram a imprensa e alguns formadores de opinião com colocação na Fesp, patrocínios de eventos, participação em projetos e etc. Podem me perguntar: “e os alunos?”. Como professor eu lhe digo que apenas um pequeno grupo, minúsculo mesmo, se posiciona, mas alguns “líderes” também foram pegos com bolsas e outras benesses, o que os levam a pensar que já estão numa escola pública, contudo, não sabem que venderam sua liberdade e comprometeram sua liderança futura por falta de exercita-la no presente. Foi-me relatado o caso de um membro de diretório, aliado por benesses ao Conselho vigiando reunião de alunos. A Passos, meus pêsames. Se tudo que está sendo vinculado se concretizar, podemos dizer que estivemos próximos de mudar o status de nossa cidade. Busquem saber o que ocorre com uma cidade do porte da nossa que tem uma Universidade Federal ou Estadual. Dez anos depois teríamos mais umas duas outras faculdades particulares maiores que a própria Fesp, além da UEMG. Aos que participaram desse golpe que isso não lhes volte um dia. A vida às vezes cobra, sabe-se lá como. Hoje, com certeza estão pensando no que podem perder em termos de dinheiro. Aos políticos que não fizerem ou não estão fazendo tudo que estiver ao seu alcance, desejo a mesma sorte do primeiro que nos tapeou neste mesmo sonho, o ex-governador Azeredo. A renúncia e as portas do fundo foram só o começo... o que vem é pior ainda. Que Deus os perdoem, mas que Passos nunca se esqueça, o que acredito pouco. Raras são as coisa que não se compra com dinheiro neste país. Veja a imagem que escolhi pra ilustrar o texto... ela fala por si só... sem exemplo não adianta ações vazias ...

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

CADA UM NO SEU QUADRADO

Deve-se ter em mente que não há nada mais difícil de executar, nem de sucesso mais duvidoso, nem mais perigoso de se conduzir, do que iniciar uma nova ordem de coisas”. José Sydney Ipiranga Parei de escrever artigos de opinião há praticamente dois anos, no fim de 2011. O pleito municipal em outubro de 2012 era um vasto campo de assuntos, grande oportunidade, mas confesso que não estava nem um pouco “a fim...”. Na época dei um tempo até mesmo no meu “face”. Só estou escrevendo agora por uma quase obrigação profissional. Mas confesso que rebater oportunistas manipuladores a serviço da especulação também me motiva. Mas não vou fazê-lo com discurso, quero mostrar também alguns números. Vou tentar um amalgama entre o técnico e político, esse no sentido macro, não essa partidária, mesquinha, que “in” felizmente sou cético. Vou falar sobre o IPTU - Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana, o assunto da moda, mas precisamos falar também sobre a cidade que temos e a que queremos. Um amigo me disse que se eu conseguisse convencer alguém que pagar imposto é bom o Edir Macedo me contrataria na hora. Mas já adianto que não tenho a menor intenção de convencer ninguém disso (isso aqui é Brasil), como também não quero trabalhar pro “Bispo Macedo”. A Lei 5172 de 1966 dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Dentre outras sobre o IPTU: “o imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município”. No art. 33 estabelece que “a base do cálculo do imposto é o valor venal do imóvel”. Venal aqui tem o significado de “vendável, que se pode vender”. A lei municipal em nada difere disso e determina que “o valor venal do imóvel, para efeito de cálculo do imposto, será determinado pelo valor venal do terreno, para os imóveis territoriais, e pela soma dos valores venais do terreno e da construção, para os imóveis prediais”. Muito fácil de ser entendido. Hoje o IPTU da cidade de Passos apresenta apenas duas alíquotas: 0,5 % para imóveis construídos e 1% para imóveis não construídos. O valor venal dos imóveis está baseado numa planta genérica de valores de 17 anos atrás. O tão falado aumento de IPTU seria uma pura e simples mudança de alíquota. Por exemplo, poderiam ser propostos os índices de São Sebastião do Paraíso: 2,3 % para terrenos e 0,7% para construídos (não é Paraíso o Paraíso de muitos por aqui). Mas isso não traria nenhuma justiça tributária, pois a valorização dos imóveis nestes últimos 17 anos não aconteceu de forma linear. As várias regiões da cidade se valorizaram de forma distinta. O próprio investimento especulativo e até a atuação do setor público não se deu igualmente por toda cidade. A opção foi por uma atualização da planta genérica de valores. A atual não pode ser vista nem como irreal, pois não se tem nenhum parâmetro, é algo digamos surreal. Terrenos de 100 mil reais tributados por 6... 7... no máximo 8 mil reais. Casas de 400 mil por 60 e assim por diante. O valor venal de um apartamento no prédio mais “glamoroso” da cidade é de 127 mil reais, sendo sobre esses valores que se cobra o IPTU. Você acredita que quem está trabalhando pela manutenção dessa situação está a favor dos menos favorecidos? Se ainda tem dúvida, continue lendo... Desafio uma pessoa sequer a colocar a venda seu imóvel pelo dobro do que aparece no seu carnê de IPTU como valor venal. Mas uma nova planta genérica de valores já havia sido tentada antes. Visando não cometer os erros anteriores algumas significativas mudanças foram feitas. Primeiramente se optou por contratar uma empresa especializada para levantar o valor do metro quadrado de todas as vias, seccionando-as quando necessário. A única intervenção veio no sentido de que fossem os valores em que realmente os imóveis são vendidos e não o que é pedido. Nenhum valor apresentado foi contestado. Mesmo assim, a proposta foi que a nova planta de valores fosse implantada em 5 anos (20 % da diferença para a atual por ano). Para a composição do valor venal do imóvel no caso dos construídos temos o valor do metro quadrado da construção. O indexador deste foi o do Custo Unitário Básico de Construção (CUB/m²), do Sindicato da Indústria da Construção Civil de MG, calculado de acordo com a Lei Fed. nº. 4.591 e a Norma Técnica NBR 12.721:2006 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). O valor submetido à apreciação da Câmara Municipal foi o de R$ 1.080,00 (valor do padrão baixo). Hoje todos sabem que o metro quadrado construído não fica abaixo disso. Ante ao que foi falado até aqui, a Câmara Municipal já adiantou no mínimo duas alterações na lei. A primeira diz respeito ao prazo da implantação da planta genérica de valores, de 5 para 10 anos (10 % da diferença para a atual por ano). A segunda é o valor do metro quadrado construído de R$ 1.080,00 para R$ 540,00, ou seja, a metade do valor e o dobro do tempo para aplicação da nova planta genérica de valores. Particularmente eu gosto dessa extensão do tempo. A “reconstrução” da cidade, que passa pela recuperação financeira da administração municipal tem que ser pensada mesmo a médio e longo prazo. Particularmente sou a favor dos 10 anos, o que faz com que passemos por outras duas gestões, tirando a visão partidária do projeto e trazendo a de cidade. Na verdade, seria no meio da terceira gestão a contar dessa que teríamos os valores na casa dos 70% do valor real do imóvel (em 2023). Essa margem de segurança também é interessante, pois fica por conta de uma possível “bolha imobiliária” que vem sendo levantada por especialistas e que por aqui nos parece bem possível. A lei enviada à Câmara traz ainda outras mudanças: Comissão permanente para avaliação do valor venal dos imóveis em caso de dúvidas dos contribuintes; Divisão do IPTU em até 10 vezes; Criação do bônus (bom pagador) para os imóveis que não apresentam dívida (5% de desconto para a inscrição cadastral que não apresentar dívida ativa até a data do lançamento do IPTU); Desconto de 5% para pagamento à vista. Existe hoje na cidade um ano de IPTU de dívida, na maioria dos grandes devedores. Além disso, tem a criação de alíquota social (0,25%), o que efetivamente representaria um desconto de 50 % em relação ao valor normal, para contribuintes de baixa renda, tais como: Aposentados, viúvas e portadores de necessidades especiais com apenas 1 salário mínimo e um único imóvel; Moradores das áreas definidas como ZEIS – Zonas Especiais de Interesse Social (já definidas por lei). Igualmente a criação de alíquota para área de interesse coletivo (0,25%) para terrenos usados para estacionamento aberto de atendimento ao público em áreas definidas como de interesse pelo poder público, na região central e/ou de grande concentração comercial e/ou prestação de serviços. Outra emenda interessante feita pelos vereadores garante o mesmo desconto para moradores de vias sem calçamento. Isso sim é ação de vereador. Depois disso, ainda dá pra acreditar que quem está trabalhando pela conservação da situação atual está a favor dos menos favorecidos? Sobre alíquota ainda, existe uma lei já aprovada que determina que o imóvel comercial / prestação de serviço / indústria pague 2% de IPTU. Não sei por que isso nunca foi aplicado, mas Passos tem dessas coisas. O projeto foi pela redução para 1%, mas como sempre se cobrou o mesmo que o residencial, os vereadores optaram por se manter assim. Confesso que gostei também dessa ação, mesmo entendendo que existe diferença quanto ao impacto desses, muito maior que um imóvel residencial, porém, até para o “Cadastro Municipal” isso seria bem complicado. Além do mais, com isso os vereadores retiram um dos palanques armados em torno do projeto. Com relação a isso eu tenho uma visão muito democrática: “faz parte...” (#kdpalanquetavaki). Quando o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, voltou atrás em relação aos 20 centavos do aumento transporte público fiquei pensando como ele iria resolver a questão, pois o mesmo funciona sob regime de concessão. Não existe milagre, pouco tempo depois veio o IPTU pra subsidiar o transporte coletivo e pronto, fecharam as contas e ainda deve sobrar dinheiro por lá (#ptquietinho). Neste meio tempo as manifestações já estavam praticamente implodidas, com boa parte da opinião pública contrária por causa da “violência”. Por aqui a coisa não é muito diferente, a partir de janeiro de 2014 o transporte coletivo passa a ter um subsídio em torno de 60 mil por mês, mais uma herança. Além disso, existe uma dívida com a Empresa Cisne de cerca de 1 milhão de reais. Acredito que o restaurante popular só irá funcionar se subsidiado também, assim como acontece em Poços de Caldas, onde as pessoas pagam R$ 2,00 e a prefeitura “banca” outros R$ 2,19 por refeição. Abro um parênteses para mostrar um quadro comparativo da cidade de Passos com outras duas (uma maior e outra menor), aqui podemos notar a enorme disparidade em relação a arrecadação municipal no que se refere ao IPTU: Cidade - Nº de Imóveis - População - IPTU 2013 - Média/Imóveis - Média/População. Uberaba - 145.809 - 295.988 - R$ 56.598.645,35 - R$ 388,16 - R$ 191,21 Alfenas - 41.451 - 73.774 - R$ 16.253.180,33 - R$ 392,10 - R$ 220,31 Passos - 47.763 - 106.290 - R$ 8.197.870,09 - R$ 171,64 - R$ 77,12 Falando-se em arrecadação, a do município de Passos pra 2013 está estimada em torno dos 137 milhões (toda), R$ 1.280,00 por habitantes, ou, R$ 106,00 habitante/mês. Para que a cidade fosse como esperamos (sabe aquela cidade que quando visitamos saímos encantados com os parques, jardins, a limpeza e calçamento, tudo muito bem cuidado), a arrecadação necessitaria ser pelo menos R$ 2.000,00 “per capita” ano, sem a eterna dependência de governo estadual ou federal, sempre incertos e cada vez mais escassos, pelo menos pra nós, os últimos a sermos lembrados, vide estadualização da FESP, Trevo da Arlindo (MG-050) e etc. Dentro dos objetivos de um modelo de gestão pública eficaz vemos a necessidade de: “Aumento da capacidade de investimento com recursos próprios; Garantia do equilíbrio fiscal de forma sustentável; Cumprimento sistemático de metas financeiras e fiscais; Elevação da capacidade de resposta do Governo Municipal às demandas socioeconômicas e ambientais, pelo aperfeiçoamento de modelos, métodos, técnicas e mudanças comportamentais; Compatibilizar o tamanho do Município a real capacidade econômica e financeira; Promover o desenvolvimento técnico e gerencial dos servidores municipais e o uso intensivo de recursos tecnológicos”. Muito pouco disso vemos hoje na nossa cidade. A administração pública em Passos não acompanha o crescimento e importância de cidade. Existem aqueles que vão dizer que falta competência, gestão e etc. É assim que pensava também boa parte das pessoas que passaram pela administração municipal nas últimas décadas, e não foram poucos. Muitos quando estão do lado de fora ainda aproveitam desse discurso, mas quando fazem parte da administração municipal... Tivemos um secretário que disse que “a prefeitura é um cemitério de sonhos”. Quando trabalhava numa fortíssima estatal ele pensava e executava. Na prefeitura, na primeira oportunidade pediu o boné e foi embora. São inúmeros projetos que acabam engavetados por falta de recursos para serem viabilizados. Num exercício de memória levantei alguns nomes que passaram por três importantes secretarias municipais, responsáveis por setores vitais para a qualidade da cidade: Planejamento, Indústria e Comércio; Saúde: Secretários de Planejamento: Roque Piantino, Gilberto Almeida, Fábio Pimenta Esper Kallas, Jose Donizete de Melo (i.m), Dr. Luiz Carlos Lima Reis, Dr. Jose Orlando - Tuta, Toninho Pastor... Secretários de Indústria e Comércio; Wanilton Cardoso Chagas, Antonio de Faria, Renatinho Ourives, Jose Geraldo Lopes Silveira, Samir Miguel Hadad... Secretários de Saúde: Dr. Gilberto Kirchiner, Dr. Demis Delfraro, Dr. Jose Orlando - Tuta, Dr. Luiz Carlos Lima Reis, Gilberto Cançado - Betaca, Ricardo Magalhães Silveira, Dr. Cleiton Piotto, Maurício Vilela Reis.. Será que a todos esses faltou competência?... Indo para minhas considerações finais, quero trazer também alguns números da última gestão municipal. Foi dito pelo Secretário de Fazenda do primeiro mandato do atual prefeito que a prefeitura tinha sido entregue na época com 5 milhões em caixa, fato nunca negado. Também não existia dívida para com os funcionários públicos. Outro número que não foi desmentido é o da dívida deixada agora, praticamente 15 milhões. Ou seja, o mandato que se encerrou no final do ano passado gastou algo em torno de 20 milhões a mais do que arrecadou, isso pra aquele nível de administração (não estou fazendo nenhum juízo de valor, mesmo porque isso já foi feito na eleição). Desta forma, a necessidade da nova planta genérica de valores deveria ser vista pela oposição, que boa parte dela participou do último mandato na cidade, como um “álibi”. Dos últimos três prefeitos que estiveram à frente do nosso município, não estou falando de gestão, mas sim de prefeitos, dois deles saíram sem pagar o mês de dezembro, o 13º do funcionalismo público, parte das férias, além dos empenhos cancelados e restos a pagar. A recuperação financeira do município, onde o IPTU deve ser só o começo, torna-se vital neste momento. É certo que outras ações são necessárias. Até mesmo uma maior fiscalização e atualização cadastral (que está sendo feita) são necessárias. Mas dizer que está tudo bem, quando trabalhamos num prédio que já devia ter sido interditado, sob condições muito ruins, instabilidade quanto a recebimento do salário, férias, 13º, todo ano, isso é demais. Um único concurso público em mais de 10 anos. O salário de entrada de um diretor de departamento municipal em Passos hoje é de R$ 2.592,36 e de um chefe de divisão é de R$ 1.960,22. Estamos falando de cargos de chefia. Outra fala comum é a de “quem garante que o dinheiro será bem empregado?”. Mas caso isso não ocorra, temos o Ministério Público (atuante quando “motivado”) e a própria Câmara Municipal, sendo a fiscalização uma de suas atribuições mais importantes. De tudo, nos sobra a certeza das eleições, de 4 em 4 anos temos essas pra mudar quem está a frente da administração caso não satisfaça a maioria da população. O que não dá mais é essa situação, totalmente favorável a especulação, aos mais favorecidos, que dependem muito pouco do serviço público. Proliferam os condomínios verticais e horizontais, na “pseudo” sensação de segurança. Cada um no seu quadrado...
Alguém ainda acredita mesmo que quem está trabalhando pela manutenção da situação atual está a favor dos menos favorecidos? #papainoelexiste

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Período Sabático

Tenho 144 artigos neste blog ... todos escritos por mim em algum momento dos últimos 7 ou 8 anos ... eles representavam o momento e o meu pensamento naquele instante ... posso ter mudado de opinião sobre algum deles, mas com certeza muitos ainda representam o que ainda penso ... neste ano de 2012 pretendo não escrever e sim ler e estudar muito ... leia o artigo abaixo que poderá entender melhor essa decisão ... abraço e até qualquer dia ...

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Te encontro pelo mundo

“Nós devemos ser a mudança que queremos ver” (frase atribuída a Mahatma Gandhi)

Há um bom tempo penso em fazer algumas mudanças na minha vida, nada tão extraordinário, pois faço isso amiúde, me analiso constantemente e sou signatário da ideia de Raul com o seu “prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”,mas no momento estou em busca de algo que me traga paz, ou mais paz, sei lá.
O natal atrelado ao ano novo já nos deixa inclinados para essas coisas, mas no meu caso isso chega junto com a troca de idade, outro fator que sempre nos leva a reflexões mais profundas.
Posso dizer que tenho experiência nesta coisa de mudança de vida. Das que convém serem ditas, lembro que fui fumante por 15 anos e já têm 18 que parei. De beber, apesar de considerar que nunca fui um contumaz bebedor (ninguém admite isso mesmo), já se vão 5 bons anos sem álcool. Não acredito em horóscopo, mas dizem que os “capricornianos” são ávidos por mudança, pois é o signo que compreende a passagem de ano. E a principal de todas as mudanças na minha vida e a mais importante, minha conversão. Render-me a Palavra de Deus foi algo realmente edificante e que me sustenta.
Feito essa introdução toda passo a narrar sobre as reflexões e as consequentes decisões que destas tirei. Já tenho algo em torno de 150 artigos escritos acerca de diversos assuntos, divulgados por aí em alguns veículos de imprensa, mas a maioria no meu Blog mesmo (www.waldemarjunior.blogspot.com). Escrevi sempre com muita intensidade e pautado na minha verdade, que está longe de ser absoluta, não tenho essa pretensão toda, mas nunca coloquei uma linha que não acreditasse. No meu artigo “Contrapor”, escrito em julho de 2007, quando participava de um curso de Filosofia em BH, dizia da minha vontade de não querer ser o dono da verdade, de tentar impor ideias, mas sim trazer à discussão algumas questões e assuntos que são apresentados somente sob um prisma, com forte influência dos chamados donos da agenda, leia-se, parte da mídia que se julga no direito de moldar imagens e dar conceitos que nem mesmo eles têm.
Falava ainda que alguns, tentando passar uma imagem de neutralidade, tendo lado e interesse que sempre vem à tona mais tarde, muitas vezes o encobrem justamente para fazerem uma apropriação daquilo que chamam e tentam passar como “verdade”, mas que de fato visa a atender apenas seus interesses privados, especialmente os financeiros. Não estava sendo profeta, mas podemos ver como se concretizou tais fatos no pós eleição de 2008. Diante dessa primeira análise já adianto que este artigo é o último que escrevo antes da eleição municipal do ano que vem. Na verdade quero mesmo é ficar sem escrever durante todo ano de 2012. Continuar passaria a ser uma triste retórica, podendo ser visto como de intuito eleitoreiro, oportunista e sem o devido sentido de fazê-lo, que é buscar a discussão visando mudança dos fatos e não somente de pessoas, pois essa última deve ser democrática e vinda de uma decisão livre de interferência vinda da maioria dos cidadãos de um determinado lugar, neste caso, uma cidade. Longe daquilo que presenciamos há 3 anos, onde parte interessada da imprensa ($), Ministério Público (?) e outros ($ e ?) captaram espaços e mentes e tiveram papel infinitamente superior ao que honestamente deveriam ter tido, algo muito mais pessoal que propriamente profissional. Não que não tenha virado profissional depois, isso também aconteceu. Nego-me a fazer algo deste tipo, mesmo sabendo que meu alcance é muito menor, mas estaria me violentando e me equiparando ao que tanto abominei.
Digamos que em 2012 estarei curtindo um período sabático (que significa repouso, parada, descanso. Sua principal finalidade é a reavaliação da vida pessoal ou profissional. Não importa a sua duração (neste caso 12 meses no mínimo). É uma boa ferramenta para identificar as nossas forças e potencialidades, para avaliar em que condições respondemos melhor na vida e em que circunstâncias reagimos mal. Entrar nesse período, envolve um olhar retrospectivo para as nossas competências, fragilidades e potencialidades que ainda não foram mapeadas - franciscanos.org).

Neste contexto incluo também meu “face” e os mais de 1500 “amigos” que tenho por lá, assim, me despeço com um até qualquer dia, pois esse também não virará o ano. Para os íntimos, meu endereço, e-mail e telefone continuam o mesmo, e continuamos a nos encontrar e falar a moda antiga e quase antiga, e como diz aquela música do nosso cancioneiro: “chega lá em casa pra uma visitinha”, e como muitos bem sabem, sempre regada a café e pão de queijo.
“Nós devemos ser a mudança que queremos ver”
Feliz 2012... Que Deus abençoe a todos!