sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Ovelha ou porco?

Tenho sido muito cobrado pelo fato de estar escrevendo tão pouco no meu blog. Na rua ou por e-mail chegam a dizer que estou abandonando o mesmo. Confesso que ando cansado, não só fisicamente, mas, sobretudo com o andar da carruagem na nossa cidade. A grande parte do povo, e isso que vou falar deve agradar alguns políticos (e afins) de Passos, não estão nem aí pra nada. É cada um olhando apenas para seu umbigo e as coisas ligadas ao coletivo, à cidadania, ficam renegadas a terceiro... quarto... quinto plano.
Mas parar eu não paro, como professor busco trabalhar a cidadania e sonho com uma nova geração de cidadãos conscientes. Sei que não é fácil, mas não pretendo desistir. E começo respondendo a pergunta que dá título a este artigo dizendo que eu sou ovelha. Não obstante ao fato dessa ser a representação dos seguidores de Cristo, tem ainda outra explicação para esta minha escolha. Ouvi certa vez alguém perguntar qual a diferença básica (referindo-se ao comportamento) entre um porco e uma ovelha. A resposta foi realmente muito interessante e faz a gente refletir a respeito. A ovelha quando cai ou é jogada na lama, não aceita tal condição e se põe a gritar. Talvez em razão da sua própria essência. Já o porco, na mesma situação, aproveita, chafurda e se delicia com a ocasião.
Sem querer ofender a nenhuma das pessoas que porventura venham a ler esse artigo, tem muitos passenses fazendo papel de porco. Aceitar a sujeira (literalmente – no caso figurado não vou nem adentrar) que está nossa cidade é realmente gostar de viver no lixo. O início avassalador de dois anos atrás, onde se tinha até o trabalho de pintar lixeira de vermelho, parece ter ficado no passado. Hoje, as que ainda estão por aí, muitas quebradas, em número insuficiente, estão sempre transbordando e cheirando mal. Nas ruas então o lixo se acumula. A varrição deixa muito a desejar. Não tenho todo conhecimento técnico para determinar o que pode estar ocorrendo, mas que algo de muito errado vem acontecendo, isso não precisa ser nenhum especialista para ver.
Já em outra área sou sim especialista para falar. No trânsito, como diria um professor, a primeira coisa que um visitante nota ao chegar numa cidade, falta sim trabalho técnico. O anunciado e previsível (que não é hoje) crescimento da frota não pode ser desculpa pra tudo. Lógico que isto mexe nas estruturas, mas é justamente aí entra o acompanhamento técnico. Não só a frota intervém, outros muitos fatores necessitam de acompanhamento. A abertura de um empreendimento, o fechamento de outro, tudo isso são fatores que resultam em mudanças e devem ser analisados. Vou parar por aqui esta análise do trânsito por questões éticas. Poderia escrever páginas e páginas, mas melhor deixar que também meu leitor faça suas próprias reflexões.
Isso tudo sem falar no que fizeram com o transporte público. Nem mesmo citam o “coitado” do transporte. O departamento responsável que se chama de “Transporte e Trânsito” não faz uma ação sequer na área. Existe uma grande confusão entre se delegar a uma concessionária o transporte público e entregar o gerenciamento total do mesmo. O transporte continua a ser público, a tal “Cisne” tem que fazer cumprir as determinações do órgão que gerencia, no caso a “Transpass”. Mas aí entra mais uma vez conhecimento técnico, já demonstrado quando fizeram voltar o sistema radial e diametral para o arcaico circular da época dos nossos pais e avós.
Por fim, deixo uma frase de Agostinho, homem sábio e santo: "prefiro os que me criticam pois ajudam a me corrigir, àqueles que me bajulam perpetuando meus erros". De posse dessa, espero realmente que me entendam. Sou um filho dessa terra e vê-la maltratada me maltrata também.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Sarney e seus pares

Fica cada vez mais difícil falar em virtudes num país como o Brasil. Assim, recorro mais uma vez Aristóteles, no clássico “Ético a Nicômaco” para dizer o quão necessário é treinar virtudes: "As virtudes intelectuais e morais exigem instrução, bons hábitos, tempo e seu exercício repetido para serem finalmente adquiridas. Tornamo-nos educados pela aprendizagem contínua, justos pela prática da justiça, prudentes pelo exercício da prudência, heróicos pelas atitudes de coragem. As leis, portanto, formam bons cidadãos pela força do hábito. Essa deveria ser a intenção de todos os legisladores. Faz toda a diferença que hábitos são estimulados pelas leis. Tudo o que temos de aprender devemos desde cedo aprender praticando". Mas aí ficamos intrigados sobre o que pensar quando péssimos exemplos vêm das nossas casas legislativas.
Mas por que depois de mais de um mês sem escrever venho com esta história?Ora, senão vejamos, o que se passa na cabeça de um jovem, ou mesmo de outra pessoa qualquer, quando se depara com o resultado da “escolha” para a presidência do Senado brasileiro onde, quase por aclamação, vemos José Sarney ser reconduzido à presidência daquela casa.
O maranhense, “dono” do estado de piores índices no que tange a saúde, segurança e etc., parece ser proprietário também de uma das casas legislativas brasileira. Nem mesmo todas as lambanças da sua gestão anterior foram capazes de diminuir seu domínio. Nem a chegada de um Itamar, de um Aécio, na minoritária oposição é verdade, ou mesmo na bancada de situação com o eterno líder dos “caras pintadas” Lindberg Farias (PT-RJ) mexeu nas estruturas e falcatruas.
Mas nem tudo está perdido, visto que a vice de Sarney é a petista Marta Suplicy, ou seja, quando o Sr. José Ribamar não estiver por lá, você poderá “relaxar e...”, pois é desta forma que ela lida com os disparates que acontecem e nos últimos anos o Senado se tornou uma casa especializada em escândalos. Não vou perder tempo em lembrar todos, fica só o relato de alguns personagens como o ex-presidente daquela casa Renam Calheiros, Jader Barbalho e o secretário Agaciel Maia, dentre vários outros.
Em um artigo intitulado “Casa dos Horrores”, a revista “The Economist” faz uma referência ao Senado, “que tem 81 membros mas, de algum modo, requer quase 10 mil funcionários para cuidar deles”. Com raríssimas exceções, o Senado tem sido visto como um lugar infestado de políticos propensos a práticas corruptas e corruptoras. O sistema bicameral (duas casas legislativas, Senado e Câmara dos Deputados), por essas e outras, é visto cada vez mais como dispensável. Não faz nenhum sentido uma “casa” com orçamento anual em torno de R$ 2,7 bilhões (fonte: ONG Transparência Brasil), ou seja, custo per capita (cada um dos 81 senadores) de R$ 33,4 milhões para os cofres públicos para um lugar que nem como exemplo serve para as pessoas do nosso país, muito pelo contrário. O senado brasileiro hoje serve apenas a interesses particulares e é um péssimo exemplo na formação da nossa juventude e também da concepção política da nação.