terça-feira, 15 de dezembro de 2009

“Visita” dos Promotores a UPA

O que começou como flagrante acabou sendo tratado e qualificado como visita. Confesso que pensei até em escrever este artigo a sério, mas diante das reportagens que li e da explicação do Secretário de Saúde (separando aqui este do Cleiton, meu amigo de tantos anos), melhor mesmo é me inspirar no Danilo Gentili do CQC e levar no bom humor.
Sobre esta inusitada “visita” dos promotores, que pela reportagem do jornal “quase” diário vai gerar tão apenas algumas recomendações à administração municipal, quero deixar também algumas sugestões. Para os representantes do Ministério Público, pedindo desculpa pela intromissão, se é verdade o que lemos nestes dias, melhor da próxima vez marcar hora pra ir, assim não se tem esse tipo de constrangimento. Pode-se também fazer um “Termo de Ajustamento de Conduta” (TAC), dando um prazo de mais um ano para que se coloque ordem no local. Voltando as sugestões à administração, esses podem fazer igual aquela história do português que pegou a mulher com outro no sofá e vendeu o sofá. É só retirar do local o livro de ponto. Melhor deixar somente uma folha do dia, desta forma se evita que assinem pra frente. A troca de Pronto Socorro para Unidade de Pronto Atendimento foi salutar também para que possamos fazer alguns trocadilhos com a sigla que vem sendo usada, UPA: Unidade do Ponto Antecipado. Unidos Pelo Abuso. Unidade do Plantão Avacalhado.
Um fato muito interessante disso tudo e que passou meio despercebido é que os promotores ficaram no local por cerca de uma hora apenas e foram amplamente atendidos, segundo o que se noticiou. Ninguém percebeu que foi provavelmente o atendimento mais rápido do ano juntando o velho PS e a nova UPA. Em se tratando de madrugada, um verdadeiro recorde. Talvez por isso os representantes do “Parquet” estejam sendo tão solícitos como vem sendo falado pela imprensa. Será que não é o caso deles não se identificarem da próxima vez? Quiçá ainda estivessem esperando. Mas fico feliz com essa nova postura do Ministério Público – MP. Tem que ser parceiro mesmo. Num passado não muito distante se armava o maior alvoroço e saía recolhendo tudo. Às vezes colocavam até nome na operação, essa poderia ser “Madrugada”. Sabe... eu mesmo cheguei a falar num outro artigo que o MP Passense não era de brincadeira e com eles “pau que dá em Chico daria em Francisco também”, alertando a nova administração para o afã do MP por esse tipo de caso. Mas acho “bão” eu refazer essa frase: “com pau se dá em Chico, pois com Francisco fazem-se recomendações”. Mas sabe de uma coisa, esses fatos servem para que a inocência seja perdida, afinal de contas, a gente já está meio grandinho para acreditar em certas coisas, e estamos no Brasil. Mas não posso perder o humor agora.Assim, penso esta relação parafraseando Saint-Exupéry: Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que eleges.
Sobre a explicação do Secretário de que é difícil para ele regular seus “pares” quanto ao horário de trabalho, fazendo até um paralelo da dificuldade, segundo ele, que os membros do MP também encontram em fiscalizar os seus, pois segundo o mesmo, seus subordinados são todos médicos como ele. Ah, entendi claramente. Já fica explicado também a do prefeito em relação ao mesmo, porque esse também é médico. Tudo muito claro. Sobre os demais que não cumprem horário, pois segundo um jornal aí, isso é o que mais tem na administração, qual será a relação que impede tal cobrança? O que todos esses teriam em comum com o chefe que impede tal exigência? Cada um tire sua própria conclusão.
Duas baixas do primeiríssimo escalão na saúde neste ano, as duas se deram, pelo que foi ventilado, em decorrência do horário de trabalho de ambos, era incompatível. E o mais cruel disso é que um deles estava lá, cumprindo integralmente seu plantão. Outra coisa que ninguém comenta é se pode alguém responder por um “departamento”, ser tratada por diretora e receber como assessora especial. “Só aqui, Sucupira e em Londres”. E cadê aquele rapaz de branco que seria um dos “caras” da saúde e não se vê mais falar no moço. Ainda lotado no cargo que excomungava a criação? Mas para que possamos nos despreocupar com relação a essas coisas, parece que a “Amapassos” voltou. Lembram? Aquela associação que fazia o maior barulho... Muito provavelmente irão também querer fazer suas recomendações. Como ficamos todos polidos agora.
Mudando um pouco de assunto, ainda bem que está chegando o Natal e o Papai Noel nunca falha, como diz aquela linda cançãozinha: “seja rico ou seja pobre o velhinho sempre vem”. Não vai me dizer que não acredita em Papai Noel? Mas lembrem, por via das dúvidas, melhor mesmo é aproveitarem o IPI reduzido e adquirirem seus carros antes que acabe.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Pimenta nos olhos dos outros é refresco

Um projeto de lei sobre a escola pública rodou o Brasil através de e-mails. De autoria do Senador Cristovam Buarque, o projeto obriga políticos a matricularem seus filhos em escolas públicas. Este propõe que todo político eleito (vereador, prefeito, deputado, senador...) seja obrigado a colocar os filhos na escola pública. As conseqüências certamente seriam as melhores possíveis, pois quando os políticos se virem obrigados a colocar seus filhos na escola pública, a qualidade do ensino no país irá melhorar, afinal de contas, eles não irão querer que os seus estudem num lugar ruim. Todos sabem das implicações decorrentes do ensino público que temos no Brasil, assim, este projeto poderia realmente mudar essa realidade. Uma idéia realmente muito boa do Senador Cristovam Buarque. (Baseado no e-mail recebido)
Poucos dias depois de receber esse e-mail e tomar conhecimento deste projeto fui convocado como secretário escolar da Escola Municipal Oilda Valéria Silveira Coelho (na lista de presença aparecia E. M. Oilda Valério Silveira, mas o porquê disso eu só fui entender no decorrer da reunião). Nesta foi apresentada de forma já definida onde os formandos do 9º ano (antiga 8ª série) das quatro escolas da zona rural do município de Passos iriam estudar em 2010. Para que entendam o caso, na zona rural não existe ensino médio, pois o número de alunos inviabiliza isso. Assim, criaram uma situação onde esses alunos são obrigados por um “zoneamento”, que se tratando de zona rural é uma piada, a se matricularem na Escola Estadual Neca Quirino (leia-se GOT). Na verdade o que todos sabemos é que o GOT se encontra numa situação lastimável e a Superintendência Regional de Ensino – SRE quer recuperá-lo. A estrutura física entendemos ser relativamente simples, mas com relação as outras partes é fácil perceber que demandará mais tempo para se fazer essa tal recuperação. Contudo, colocar lá meninos e meninas oriundos do campo, que já irão sentir uma grande mudança saindo de uma escola rural, é senão um tanto quanto imprudente. Isto para ser comedido com as palavras. Somente é capaz de pensar uma coisa assim quem não conhece quase nada da realidade desses alunos e essas escolas. Lembrando que a escola municipal que funciona na Fazenda Santa Luzia, do Cabo Verde, chama-se Escola Municipal Oilda Valéria Silveira Coelho.
Voltando ao projeto de lei do Senador Cristovam Buarque, este poderia receber algumas emendas e constar ainda os parentes das pessoas que cuidam das instituições que comandam o ensino. Estas matriculariam seus sobrinhos (no caso de quem ficou “pra tia”), filhos, netos... nas escolas públicas, principalmente quando fossem fazer alguma experiência ou mudança. Depois de verificado a eficiência e os resultados, aí sim. Mas muito provavelmente daria até briga para ir pra lá, como se vê em algumas escolas municipais do centro, onde o “zoneamento” é desmascarado pelo número de vans e kombis deixando as crianças.
Espero que a bancada ruralista da Câmara Municipal de Passos, a maior de todas as bancadas, ao tomar conhecimento desse fato assuma uma posição em relação a isso. Entendemos que o correto é que cada um decida para onde quer ir, afinal de contas nem são tantos assim, além do fato de que alguns já possuem irmãos, primos e amigos estudando na cidade. Certamente esses gostariam de acompanhá-los e não serem cobaias de algum “projeto” de revitalização. Reafirmo que torço para que tenha êxito as mudanças a serem implantadas no GOT, já que no passado tive colegas que estudaram lá e sempre elogiavam a escola, coisa que não se ouve falar hoje. Mas daí achar uma boa idéia obrigar os alunos vindos da zona rural a irem pra lá é uma temeridade, pois se corre o risco de uma evasão desses jovens, pois como disse, muitos já são os desafios que eles enfrentam, sem necessidade de que se crie mais um. Isto pode ser verificado pelo número de alunos da zona rural que param de estudar depois do fundamental. Espero realmente que eles não sejam “defuntos sem vela” e que as autoridades se pronunciem a este respeito.