quarta-feira, 27 de abril de 2011

Funcionário Público Municipal

No mês passado completei 15 anos de efetivo trabalho na prefeitura de Passos. Como diz o Professor Júlio Machado parafraseando Beto Guedes e Ronaldo Bastos, de trabalho e não emprego, porque é o trabalho que é sagrado, ou melhor, o fruto deste. Tive a sorte de começar no serviço público trabalhando com quem foi exemplo de dedicação e zelo, no caso o saudoso “Botica” e a lendária Rejane Calixto, ícones de uma época.
Trabalhei ainda com muitos outros grandes profissionais, tanto de carreira quanto nomeados, os chamados “cargos de confiança”, mas prefiro não citar outros nomes para não cometer injustiças ao esquecer alguém que merecesse ser lembrado. Outros tantos também merecem o esquecimento, alguns que já estão tendo e diversos que ainda terão. Vi e ainda vejo vários “colegas” ocupando cargos onde teriam ampla condição para executar com eficiência a tarefa que lhes foi confiada e não o fazem. Assim, lhes restarão a mesma sorte dada a Jeorão, que mesmo tendo reinado “oito anos em Jerusalém; e foi sem deixar de si saudades; e sepultaram-no na cidade de Davi, porém não nos sepulcros dos reis” (II Crônicas 21.20). Isso com certeza vale para eleitos também, posto que, nesta qualidade, estão revestido da condição de funcionário público.
Infelizmente temos também uma leva de funcionários públicos que se acham no direito de agir a seu bel prazer. São “empregados” do povo que na verdade servem apenas a dizer sim a “seus senhores infalíveis”. Isso talvez seja a coisa mais estranha que vejo no serviço público, especialmente no municipal, o qual eu conheço bem. Essa capacidade de escolher “trabalhar” somente com companheiros políticos, boicotando ou negligenciando quando não é um dos seus que está à frente da administração, isso que mais me espanta.
Mas em tudo há uma explicação, mesmo que discordemos dela. Muito embora tenhamos sempre o discurso da valorização do funcionalismo público municipal, o que vemos é bem diferente disso. Qual recado que se passa para o funcionário, quando a valorização que se dá ao mesmo está intimamente ligada a sua atuação nos comitês de campanhas e nada em relação ao seu trabalho e talento desenvolvido no dia a dia no local em que efetivamente deve exercer sua profissão? Desta forma, mesmo não nos alinhando a isso, acabamos entendendo o porquê de alguns preferirem o descanso remunerado de mais de três anos e a luta desenfreada da véspera da eleição.
Dia desses me contaram sobre uma nota vinculada na imprensa que falava de uma espécie de “pacto” a favor da candidatura do atual mandatário da cidade feita pelos seus assessores diretos. Ora, independente da vontade ou não do mesmo em continuar à frente da administração, não teria estes que estar fazendo isso há muito tempo? É simplesmente estar trabalhando pelo bem da nossa população com dedicação e afinco e o “pacto” já estaria selado. Não seria está a obrigação dessas pessoas? Consequentemente isso se reverteria de forma natural a favor do seu “chefe” ou a quem de direito na hora do sufrágio eleitoral. Ou estariam mais uma vez se referindo somente aos dias que antecedem ao pleito?
Desta forma, mesmo provavelmente não votando na atual “situação” pela situação atual e nem frequentando comitê algum, estou indiretamente ajudando mais que muitos que o dizem fazer. Mas não vejo como e nem tenho vontade de escapar disso, pois como disse Thomas Jefferson: “Quando um homem assume uma função pública, deve considerar-se propriedade do público”.