quinta-feira, 24 de setembro de 2009

“Visitantes Ilustres”


Fiquei praticamente duas semanas sem escrever. Não que esteja faltando assunto, isso tem de sobra, e como. Dei uma parada porque estava empenhado em duas palestras, mas estamos de volta. A semana que passou foi de grande movimentação na cidade, onde tivemos várias visitas “ilustres”. Todos de olho nos 73 mil eleitores sem um efetivo candidato a deputado federal. Isso explica facilmente a presença por aqui de alguns políticos, mas algumas mentes brilhantes acham mesmo que é por prestígio da administração: “Em menos de uma semana recebemos a visita de dois ministros, um ex-ministro, seis deputados”. Meu Deus, mas como diz um amigo: “Melhor ouvir isso do que ser surdo”. Nada como colocar meia dúzia de “bába-ovos” no quadro da prefeitura para poder dizer besteiras a vontade e ainda achar que faz sucesso.
Fiz uma rápida checagem a nível estadual e não se tem, pelo menos aparentemente, nenhuma cidade em Minas com 73 mil eleitores sem uma liderança que canalize boa parte desses votos a uma vitória no ano que vem para deputado federal. Isso sim atrai um monte de políticos, todos ávidos por este escasso tipo de colégio eleitoral, ainda mais sabendo que tem uma turma que sempre se vendeu baratinho para deputados de outras cidades e até mesmo de outras regiões do estado. Onde mais se tem a chance de com uns trocados, ou um cargo de assessor pago pelo contribuinte, ou umas emendinhas parlamentares (que a cidade teria aos montes se tivesse um deputado seu), ter a possibilidade de arrebanhar uns 7 mil votos, representando tão somente 10% do eleitorado. Muito mais visitas desse tipo teremos até outubro do ano que vem. E alguns pombos ficam radiantes com as migalhas que lhes são oferecidas, pois para eles é mais que suficiente, a cidade que se “lasque” (censurei o outro termo). Acham até que isso significa prestígio.
Vou defender até o fim Passos ter candidato a deputado federal. Pode até ser meia boca como das últimas vezes, bom mesmo seria se fosse alguém diferente. Ouvi falar no vereador Renato Andrade, ótima pessoa, um bom nome na verdade, mas como todos sabem, está na base do prefeito e provavelmente não terá apoio nenhum por lá, aja visto que está mais que claro que a administração se dividirá entre os vários pára-quedistas que nos visitam. É o tal prestígio, diga-se de passagem, um dos chocolates mais baratos do mercado. Uma dobradinha com a oposição fica difícil, pois isso seria um contra senso, pois ele não tem o apoio nem mesmo no seu grupo, onde vota fechadinho e pouco se manifesta em temas polêmicos que dizem respeito ao governo municipal. Uma pena, porque seria uma bela pedida, a melhor em muitos anos.
Ainda sobre os visitantes ilustres, qualquer dia eles fretam juntos um avião para vir aqui. Afinal de contas, temos “cabos eleitorais” e votos para todos os gostos e cores.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Inversão de Valores


Numa coisa grande parte das administrações públicas são bem parecidas: o tratamento que é dispensado a seu funcionalismo, gerando assim uma total inversão de valores, até mesmo na cabeça dos “servidores”. Tirando por base as últimas administrações “pmdbistas” na cidade, todas do Dr. Hernani, é bem isto que se pode notar. Senão vejamos, mesmo ostentando cargos de confiança em mais de um mandato, têm gente que definitivamente não leva a coisa pública muito a sério, nem adianta insistir, mas insistem. Não se vê os mesmos engajados em nenhum projeto ou serviço relevante, mas por que fariam isso? Apesar de ser um absurdo, eles sabem que isso de nada vale. Mas quando falo de projetos ou serviço relevante, estou me reportando aos assuntos que dizem respeito ao coletivo é óbvio, não vale o que fazem em prol do “particular”.
Em relação a alguns que são funcionários de carreira é muito pior, não sei de onde tiraram que quando o governo é de outro partido senão o deles, que simplesmente não precisam trabalhar. Já quando estão no governo, talvez pelo costume dos quatro anos anteriores, ficam só andando de carro “pra cima e pra baixo”, muitas vezes viajando, em ambos os sentidos da palavra. Mas nem tudo são críticas em relação aos atuais mandatários. Por outro lado, nós sabemos também que tem gente que trabalha por três, até porque isso se faz muito necessário, pois se estima que dois terços seja o número dos sangues sugas. Por falar neles, cadê o Samu? Lá se vão oito meses e nada. A promessa era para os primeiros dias e agora estão tentando faze-lo a nível regional. Inteligente, mas isso deixa evidente a sua inviabilidade para uma só cidade arcar.
Voltando a questão do funcionalismo público, a culpa não é exclusiva deste, trata-se de uma acomodação que lhe foi incutida por esse tipo de administração. Fica claro para o servidor municipal que a sua ascensão na carreira depende muito mais dos três meses antes de uma eleição e até mesmo da chamada de “boca de urna”, do que do seu desempenho durante quatro, oito, doze anos ou mais. Hoje em dia ele sabe que com o seu suor e trabalho, ou ainda, se fizer um curso técnico, superior ou uma outra graduação qualquer, não terá o mesmo efeito que uma boa participação em comícios, carreatas e comitês. Assim, muitos preferem freqüentar bares e festas que um banco de escola, pois é essa a impressão que nossos governantes passam com suas atitudes. Daí se pode notar outra coisa também: a grande movimentação do CRASEM (Clube dos Funcionários da Prefeitura), que neste tipo de mandato, como dizem a moçada, bomba.
Vemos vários importantes cargos sendo ocupados por alguns que na verdade são somente motoristas de luxo. Sei que se trata de um problema que não é exclusivo de Passos, tão pouco somente desta administração, isso faz parte da cultura de um país onde o nível político esta bem abaixo do mínimo necessário, principalmente no tocante a cidadania e a ética. Isso tudo só não é mais grave que uma de suas próprias conseqüências: a de converter-se em coisa banal, natural e corriqueira, diante da qual o funcionalismo público passa a entender que o fim do seu trabalho não é mais a população e tão somente aquele que está à frente da administração, o que não é a mesma coisa de forma alguma.
Quero terminar lembrando que ainda existem aqueles que persistem em fazer diferente, procurando se capacitar e a cada dia melhorar seu desempenho. Poderia aqui citar vários nomes, mas não o faço até mesmo no sentido de preservá-los. Tenho a esperança que em breve essa será a tônica da administração pública, pois espero estarmos vivendo os últimos tempos desse tipo de governo, se Deus quiser.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Dias melhores

“O gasto publicitário é maior em nossa cultura que o gasto com educação pública. Então, antes de se indignar, precisa-se reconhecer que a publicidade é hoje mais formadora de nossa subjetividade do que o ensino escolar. Ela é a maior expressão de nossa época,... sejam como nós. Imagens publicitárias”.
Oliviero Toscani (fotógrafo e publicitário)
Mesmo isso tendo sido dito por um gênio naquilo que faz e em relação a publicidade feita no meio privado, me dá ânsia essa completa inversão de valores, principalmente porque isso vem sendo copiado também pelos administradores públicos. Sabemos que hoje em dia, com uma boa verba destinada à imprensa, as administrações públicas tentam impor suas meias verdades, que não passam de mentiras inteiras. Mas estão se esquecendo que as fontes de informações aumentaram e se diversificaram e tem muita gente que não “estamos” à venda.
Para se ter uma idéia, antigamente os partidos políticos faziam aqueles programas eleitorais de uma hora, ou dois de 30 minutos, onde mostravam tudo o que a legenda fazia Brasil afora. Hoje preferem 120 aparições de 30 segundos para venderem sua sigla como um produto qualquer. Além disso, temos ainda a imprensa, chamada “guardiã da democracia”, que na esmagadora maioria presta um desserviço à nação vivendo em muito do dinheiro público, repassado pelos governos através de campanhas disso e daquilo, muitas delas mais caras que os próprios fatos que as geraram. Ficou fácil demais notar quando os órgãos de imprensa estão sendo pagos, pois eles mudam descaradamente seu discurso.
Dia desses, talvez por um descuido de quem “monta” o jornal, a publicidade de uma administração pública ficou bem ao lado da crítica a um adversário. Só faltou escrever embaixo: “oferecimento de”... . A Influenza “A” H1N1 também veio bem a calhar para eles, pois com a emergência do momento puderam transferir os recursos necessários para calar um sempre oportunista pasquim. Mas o que ignoram e a gente já pode notar nas conversas com os amigos, no trabalho, nas escolas e etc., é que a população aos poucos começa a perceber isso de forma muito clara. Essa transferência de recursos para jornais e rádios é facilmente detectada pela população. Será que acreditam mesmo que ainda somos um bando de ignorantes só porque isso deu certo nas últimas eleições? Todos sabem que o grande peso do resultado veio do aval dado pela instituição Ministério Público, pois só a imprensa não teria conseguido essa proeza nunca. Falta-lhe crédito para isso.
Os tristes acontecimentos políticos atuais, por mais deprimente que são, na verdade se fazem necessários para o nosso crescimento. A leitura diversificada ao máximo, até mesmo de “blogs” e sites, se faz indispensável. Assim nos tornamos mais preparados e não seremos prezas fáceis para estes perigosos predadores, que ainda usam o dinheiro dos nossos impostos para se promoverem ou diminuírem seus opositores.
Já que meu ídolo Belchior voltou à mídia com o seu “quase sumiço”, uso um trecho de uma letra sua para expressar meu sentimento de otimismo com relação ao futuro: “Você não sabe nem vê mais eu não posso deixar de dizer meu amigo, que uma nova mudança em breve, vai acontecer, e o que era jovem e novo, hoje é antigo, e precisamos todos rejuvenescer”. Dias melhores virão, disso não há duvidas.