quarta-feira, 3 de novembro de 2010

As Chagas

Na última sexta feira, no jornal Folha da Manhã, um artigo assinado por Carlos Chagas, doravante apenas Chagas, fazia menção a minha família. Neste, o “rapaz” usava o termo “vagabundos” logo após fazer uma referência a nós. Covarde como sempre, pois sabe que a cega justiça dos homens e o espaço que detém não são iguais para seus ofendidos. Apesar de reconhecer minha fraqueza humana, fico envergonhado em confessar que a princípio fui tomado por uma enorme ira. Infelizmente esse tipo de “gente” muitas vezes existe mesmo para nos fazer cair em pecado. Depois desse primeiro instante passei a refletir sobre o termo a qual Chagas se aludia a nós, logicamente, entendendo se referir a mim e duas de minhas irmãs.
Minhas irmãs têm décadas de atuação no serviço público. Suely é o que se chama de educadora, uma referência, o que pode ser facilmente comprovado junto a qualquer pessoa que já trabalhou com ela nos seus mais de 30 anos de trabalho. Maria Angélica, também com mais de três décadas de serviço, deixa sua marca de trabalho por onde passa, tamanha sua disposição. Mas logicamente Chagas não poderia de jeito algum estar se referindo a elas. Muito provavelmente nem ao menos as conhece. Não são contemporâneos e ele nem mesmo reside em nossa cidade. Dizem que o “mancebo” mora em Brasília, bem apropriado, a capital das verdades escondidas. Como poderia ele fazer algum juízo de valor a respeito da atuação profissional delas? Minhas irmãs são profissionais do mais alto gabarito, isso pode ser facilmente comprovado. Mas Chagas atacou não só isso. Covardemente falou de mães, esposas, tias, irmãs, cunhadas... orgulho para toda nossa família. Talvez a falta desse tipo de referência seja a causadora desse destempero. Mas com certeza não a única.
Passo então a refletir sobre a minha pessoa e essa poderia sim ser a motivação maior de Chagas ao nos atacar, pois já tivemos nossas diferenças sim. Mas essas passam longe em relação ao termo usado por ele, esdrúxulo para um profissional que sempre primou pela responsabilidade. Falo do meu trabalho, do qual tenho enorme orgulho. Foi aí que me dei conta de que Deus, na sua infinita bondade, sabendo das artimanhas do inimigo, veio me preparando nos últimos dias para enfrentar isso. Nesta semana que se passou, nos três locais em que trabalho, recebi de diretores e alunos manifestações de carinho, respeito e admiração profissional.
Não obstante o fato de trabalhar em três locais diferentes, coisa que com certeza Chagas desconhece, na escola em que atuo como secretário a diretora reiterou a confiança e admiração pelo meu trabalho. Em um dos colégios particulares que leciono fui convidado para ser paraninfo de uma das turmas, episódio que se repete há alguns anos. No outro, ouvi da direção e da coordenação que contam comigo para continuarmos juntos em 2011, salientando eles meu entusiasmo pela educação e pelos projetos que desenvolvo. Isso tudo, repito, nos dias que antecediam ao ataque de Chagas. A quem eu devo “dar ouvidos”? Seria justo esquecer todas essas pessoas e me deixar levar pelo que disse Chagas?
Buscando um pouco mais atrás na minha trajetória profissional não posso deixar de me lembrar da minha vida no serviço público. São 15 anos de dedicação, reconhecida por todos os prefeitos com que trabalhei. Todos eles me nomearam para importantes comissões e cargos públicos, até mesmo Nelson Maia, padrinho político de Chagas e na época até mesmo adversário político de meu pai. Esse me confiou interinamente uma das pastas de seu governo. Novamente pergunto: A quem eu devo “dar ouvidos”? Seria justo esquecer tudo isso e me deixar levar pelo que disse Chagas?
Todos sabem que fui Diretor do Departamento de Transporte e Trânsito de Passos até início de 2007. O que poucos sabem é que recebi por parte da centenária e honrada Polícia Militar de Minas Gerais menção em reconhecimento pelo meu trabalho no trânsito de Passos. Alem disso, fui escolhido como coordenador do sul de minas do Fórum Mineiro de Gerenciadores de Transporte e Trânsito. Reconhecimentos maiores eu não poderia ter neste setor.
Voltando a falar do professor, com apenas seis anos de carreira já tenho história pra contar. Fui agraciado logo no primeiro ano do prêmio da Fesp “Professor Nota A”, indicado pelo Colégio Etep. Os critérios eram: Assiduidade e pontualidade; criatividade e eficiência; compromisso; ética e profissionalismo; relacionamento interpessoal...Numa dessas coisas do destino, o diploma vem assinado por Fábio Kallas e Carlos Parreira (Folha da Manhã), tido como mentor de Chagas. Novamente me pergunto: A quem eu devo “dar ouvidos”? Seria justo esquecer tudo isso e me deixar levar pelo que disse Chagas?
Eu sei, o Chagas sabe e sabe que eu sei de onde vem todo esse seu ranço, seu ódio, sua chaga. Mas minha formação profissional não me permite atuar nesta esfera. De qualquer modo, pela minha experiência de vida e principalmente de transformação, apesar de não se referir a caso semelhante ao dele, posso sim aconselhar. Se a sua busca é apenas de aceitação, um bom psicólogo resolve. Agora, seguindo os ensinamentos de uma conhecida parábola que conta que um monge tirou da água um escorpião que acabara de lhe picar, alegando que não poderia modificar sua natureza em razão da do escorpião, ofereço-lhe a receita do remédio definitivo para que possa ter a verdadeira paz, aquela que mesmo quando nos é tirada, logo é devolvida pelo Senhor. A cura definitiva para o mal que com certeza assola Chagas é entregar sua vida a Deus. Quando se faz isso não necessariamente precisamos perder nosso senso crítico. Tão pouco nos transformamos numa água morna, muito pelo contrário. A mudança implica apenas no modo como agimos. Covardia, presunção, arrogância e maldade, esses serão extirpados da sua vida.