quinta-feira, 27 de outubro de 2011

ADMINISTRAR É...

Administrar é um verbo transitivo, do tipo regular, que significa governar, dirigir; mas tem outros sentidos também, como o de conferir - administrar os sacramentos, ou ainda, dar a tomar - administrar um remédio. Buscando um conceito dentro do que pretendemos falar, tenho um que vem de encontro a este: Administrar é "dirigir recursos humanos, financeiros e materiais, reunidos em unidades organizadas, dinâmicas e capazes de alcançar os objetivos da organização, e ao mesmo tempo, proporcionar satisfação aqueles que obtem o produto / serviço e àqueles que executam o trabalho" (www.administradores.com.br). Como o título nos adianta, em se tratando da coisa pública, soma-se ainda que esse tipo de administração tenha como principal objetivo o interesse público (lógico), seguindo os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (deveria também ser lógico). Princípios esses que são constitucionais, ou seja, não estão sujeitos ao “bel prazer” de alguns déspotas.
Mas temos notado ultimamente, de forma muito clara na nossa cidade, que as administrações estão muito preocupadas com obras, esquecendo-se do dia a dia da cidade, ou seja, de administrar. Os problemas que afligem a população no seu cotidiano têm sido muito negligenciados em favor de um trabalho que visa mais aparecer, seja na foto ou nas placas das inaugurações. Enquanto isso, presenciamos o pior sistema de transporte público da história atuando na cidade. Uma administração das coisas do trânsito que não acompanha as necessidades atuais. Um sistema de limpeza e conservação de espaços públicos (praças e afins) que nos deixa envergonhados. Um atendimento público que despreza o contribuinte. São coisas do dia a dia que deveriam estar em primeiro plano, mas infelizmente não estão.
É sabido e fica muito evidente a falta de preparo por parte de alguns setores que, mesmo quando acertam nas ações, às vezes amparados por estudos anteriores, não conseguem, por falta de conhecimento técnico, acertar na execução. Vou exemplificar isso usando uma área que eu conheço bem. Vimos esses dias um grande debate sobre a colocação de mão única nas ruas “da Praia” e “Barão de Passos”. Isso logo após voltarem outra (Três de Maio), bem no coração da cidade, para mão dupla. A opção por mão única nas vias principais das cidades é algo que vem de muito tempo, um caminho natural. Acertada a ideia aí vem a execução: coloca-se mão única, tirando uma mão da via sob o pretexto de trazer mais segurança. Há alguns anos poderia ser tão somente por isso, mas é sabido, ou pelo menos deveria ser, que a cidade enfrenta hoje, em razão do crescimento acentuado da frota e do não acompanhamento disso em ações, grandes problemas de fluxo. E essas duas vias estão na lista das mais complicadas. Na “Barão de Passos” a explicação foi também facilitar o acesso ao “Pronto Socorro”. Na verdade, o que fizeram nos dois casos, e na atual situação desnecessário, ou irrelevante, pois a grande necessidade dessas vias hoje é facilitar o fluxo de veículos, foi criar vagas de estacionamento. Diga-se de passagem, uma preocupação equivocada (isso por si só da outro artigo). Onde eram as pistas de sentido contrário que existiam, hoje é estacionamento. Qualquer leigo que percorra os trechos que foram alterados das referidas vias é capaz de verificar que nestes locais não existe essa necessidade. Cabem todos os veículos de um lado só e sobram vagas. Se colocassem em apenas um dos lados o estacionamento, poderiam, aí sim, atender a real necessidade que é facilitar o fluxo de veículos nestes locais. Saber o que fazer é bem diferente de saber como fazer.
Administrar é bem mais simples, ou pelo deveria ser, do que querem fazer parecer alguns governantes. Enquanto ficam enterrando milhões em obras, algumas de necessidade e caráter duvidoso, pecam no mais simples, que é criar um corpo técnico eficaz capaz de atender aos anseios dos cidadãos no seu dia a dia. Pensar e agir primeiramente nas questões básicas, aquelas que ferem diretamente o nosso cotidiano, muitas vezes trazendo transtornos que poderiam, com um pouco de boa vontade e de qualificação dos profissionais envolvidos, isso sim deveria ser o principal objetivo de quem está a frente de uma administração pública.
Na administração pública o que conta é o mínimo de irritação do cidadão, de nada adiantam obras faraônicas se não há tranquilidade e alegria”(Addson).