sexta-feira, 27 de março de 2009

Rubens Barrichello do Brasil

Aos 37 anos de idade, esse brasileiro nascido em São Paulo e que vive em Mônaco devido à profissão que abraçou e muito provavelmente porque lá não existe a famosa mordida do leão, parte para mais um desafio. Rubens Barrichello, nosso conhecido piloto da Fórmula 1, marido de Silvana, pai de Eduardo e Fernando, encara mais um desafio na sua vida, pois está confirmado como piloto da novata Brawn GP, ex-Honda, para a temporada que começa neste fim de semana. Rubinho como é carinhosamente chamado ficou com a última vaga da Fórmula 1 para 2009, e vai para seu 17º mundial da categoria mais importante do automobilismo.
Ultimamente Rubinho tem me feito lembrar de uma passagem bíblica, a Parábola dos Talentos, Mateus 25, 14-20. Esta parábola é um grande ensinamento para a nossa vida, tanto espiritual quanto humana. Barrichello nunca foi um gênio das pistas como o Sena, nem mesmo é dono de uma capacidade técnica que possa ser comparada a de Piquet. Rubinho não tem também o carisma de Fittipaldi, mas coube a ele, um trabalhador, não nos deixar perder esse vínculo de amor que o Brasil tem com F1. Depois de três campeões, mas principalmente da trágica morte de Airton Sena, coube a ele levar adiante essa nossa história na mais importante competição automobilística do mundo, a primeira divisão do automobilismo. Pensando assim, podemos dizer que Rubinho nunca foi rebaixado, pois como já disse, são 17 anos na elite.
Rubens Barrichello, apesar de ser questionando por parte dos “fãs” da F1, principalmente por torcedores brasileiros, tem enorme prestígio com jornalistas e entendedores da categoria. Entre pilotos, mecânicos e vários jornalistas especializados, como por exemplo, o comentarista da Rede Globo Reginaldo Leme, ele é considerado um dos melhores pilotos de todos os tempos em pista molhada, onde a técnica e sangue frio andam no limite. Essa opinião é avalizada por dezenas de outros importantes comentaristas da F1 mundo afora, que ainda o considera um exímio entendedor quando o assunto é o ajuste dos carros, o que se comprova pela escolha atual e por todos os anos em que ficou na Ferrari, onde dizem que cabiam a ele os mais complexos ajustes na pré-temporada.
Rubinho está longe de ser um perdedor como alguns querem fazer parecer. Campeão da Fórmula Opel (1990), Fórmula 3 Inglesa (1991), 500 Milhas da Granja Viana (1998, 2000, 2001, 2002, 2004, 2005, 2007 e 2008). Em oito anos de Kart no Brasil foi cinco vezes campeão Brasileiro e outras cinco Paulista. Em 2008 foi campeão do Desafio das Estrelas. Na Fórmula 1 são dois vice-mundiais (2002 e 2004), um terceiro lugar (2001) e um quarto lugar (2000). O Brasil deveria ter mais orgulho de gente que leva seu nome com dignidade e trabalho, afinal de contas, nem todos recebem os mesmos talentos e alguns, mesmo com menos, conseguem multiplicar os seus com muito suor e garra.
Quantos profissionais podem se dar ao luxo de dizer que passaram tanto tempo entre os melhores da sua profissão no mundo? Quantos podem falar que por 5 anos estiveram entre os 5 melhores dos mundo? Nem mesmo Ronaldo e Ronaldinho. Reverenciamos muitos pilotos por aqui que nem chegaram à Fórmula 1, além de outros que só passaram por lá uma ou duas temporadas. Contudo, aquele que mais ficou entre os melhores tem, por alguns idiotas, um tratamento desrespeitoso. Falamos também com entusiasmo de alguns desportistas que conseguem ficar por algum tempo na elite do seu esporte, mas desprezamos um que vem conseguindo isso por quase duas décadas. O ano de 2009 vai ser de quebra de recordes na F1, pois a cada corrida que fizer este ano, Rubinho baterá um novo recorde que já é seu, o do homem que mais provas disputou na história da principal categoria do automobilismo mundial.

sábado, 21 de março de 2009

Pena de Morte

“Quantas mortes ainda serão necessárias para que saibam que já se matou demais” Bob Dylan

Sentado a beira do Rio Grande, contemplando a ponte em construção, deliciando uma tilápia e a companhia da minha esposa e amigos queridos, fui bastante cobrado por todos no sentido de escrever sobre temas variados, o que fazia mais regularmente, pois segundo os mesmos, ultimamente tenho me prendido por demais a PPP (Pobre Política Passense). Assim, dei minha palavra de que iria intercalar os assuntos políticos e outros, digamos, mais globais e diversificados. Digo isso, pois não pretendo abrir mão de colaborar na formação de um povo mais crítico e questionador quanto às questões que envolvem especificamente a nossa cidade.
Para inaugurar essa nova fase escolhi o polêmico tema da pena de morte, também conhecida como pena capital. Volta e meia encontramos alguém defendendo a condenação à morte daquele que tenha cometido algum crime bárbaro. Temos também os casos onde ela é vista como forma de vingança, principalmente por parentes de vítimas. Mas, a defesa mais contundente parte em face de algum crime brutal, daqueles com grande apelo popular e ampla cobertura da mídia. Em geral, os crimes prescritos com a perda da vida, onde ainda existe pena de morte, são os decorrentes de traição à pátria ou assassinato. Contudo, cabe ressaltar que este tipo de sentença foi abolida em vários lugares do mundo, ainda resistindo em países como os Estados Unidos (em alguns Estados), China, Afeganistão, entre outros.
Historicamente temos que as aplicações da sentença poderiam ser das seguintes formas: Injeção letal (aplica-se por via intravenosa de forma contínua “barbituricos” de ação rápida em quantidade letal, combinados com produtos químicos paralisante-muscular, ocorre em alguns estados americanos), fuzilamento (disparado de vários tiros sobre o condenado, comum em tempo de guerra), estrangulamento (pressiona o pescoço interrompendo o fluxo de oxigênio para o cérebro), câmera de gás, eletrocussão ou cadeira elétrica (ficou famosa graças ao cinema americano), asfixia (insuficiência de oxigenação sistêmica), fogueira (o individuo era amarrado e em torno dele ascendia as lenhas, muito usado na inquisição, onde a mais famosa personalidade que recebeu essa pena foi Joana Darc), crucificação (era uma espécie de ritual, primeiro o indivíduo era flagelado e depois crucificado, como o que foi feito com Jesus Cristo). Temos ainda a decapitação, que na sua versão francesa utilizava uma engenhoca chamada de “Guilhotina”, que consistia no corte total da cabeça do condenado que ia parar num cesto. Cada tipo corresponde mais a uma determinada época, mas por mais absurdo que se possa parecer, existem ainda casos dessas formas espalhados por aí, mundo afora, pois a barbárie oficial não foi totalmente findada e essas práticas resistem à chamada evolução do homem no último século.
Em um romance surpreendente, redigido magistralmente em primeira pessoa, o grande escritor francês do romantismo, Victor Hugo, que tanto me fascina, trata do assunto de forma genial. Assim, quem tiver a oportunidade leia “O último dia de um condenado”, obra que foi o ponto de partida para o fim da pena de morte em vários países e acabar com aquilo que escritor chamava de “assassinato judicial”. Num prefácio magistral, há quase 180 anos atrás Victor Hugo indaga: “esse homem tem uma família; e então acham que o golpe com o qual o degolam fere apenas a ele? Seu pai, sua mãe, seus filhos não sangrarão também? Não? Matando-o, os senhores decapitam toda a família”. A história relata encontros de Victor Hugo e D. Pedro II, que foi quem aboliu a pena de morte no Brasil. Esses encontros com o humanista escritor, além da execução de Manoel da Motta Coqueiro, que teve sua inocência comprovada após a execução, seriam as maiores influências sobre a decisão do imperador. Cabe ressaltar que Motta Coqueiro era um rico fazendeiro, pois caso contrário, com certeza não teria o mesmo impacto o erro cometido.
Falar em pena de morte no Brasil sob a égide da atual constituição é desconhecê-la. O art. 5º, XLVII a proíbe, e se tratando de cláusula pétrea, não pode ser mudado. Contudo, vale a ressalva, apesar de dizermos que ela foi abolida, temos um conhecido “pega” de concursos públicos, pois ela ainda pode ser aplicada em tempo de guerra em condições descritas no art. 84, XIX e regulamentada pelo Código Militar Penal. Ressalva feita, outro fator que merece ser destacado é uma moratória aprovada pela ONU em assembléia no ano de 2007, onde países que aboliram a pena de morte não poderiam voltar com essa pena. A ONU e suas meias verdades, covarde e omissa quase todo tempo e neste caso também, pois o maior problema está onde ela não foi abolida, mas de qualquer forma já é alguma coisa.
Jogar-se de corpo e alma contra a pena de morte é o dever de qualquer cristão que segue palavra de Deus. Além de ser um dos dez mandamentos e que deve valer também ao Estado, devemos nos lembrar que o filho de Deus morreu desta forma pelas mãos dos homens, mas não sem antes deixar seu recado sobre o assunto: “Vim ao mundo para que todos tenham vida e vida em abundância”. Aos ateus, além do meu pesar, lanço mão do argumento do Marques de Lafayete na sua defesa pelo fim da pena capital: “Pedirei a abolição da pena de morte enquanto não me provarem a infalibilidade dos juízos humanos”. Mas para finalizar lanço mão novamente de Victor Hugo na suas congratulações a Portugal, primeiro país da Europa a abolir a pena de morte: “Morte à morte! Guerra à guerra! Viva a vida! Ódio ao ódio! A liberdade é uma cidade imensa da qual todos somos concidadãos”.

quinta-feira, 19 de março de 2009

A volta dos que não foram

Collor, presidente de novo. Notícias de Brasília dão conta que Fernando Collor (PTB-AL), derrotando o PT, se elegeu presidente. Mas se acalmem, é “apenas” da comissão de infraestrutura do senado. Vai estar à frente de nada menos que a comissão responsável por “gerir” boa parte do Programa de Aceleração do Crescimento, o famoso PAC, carro chefe de campanha da “companheira” Dilma. O Ex-presidente derrotou a senadora Ideli Salvatti (PT-SC). Mesmo tendo uma bancada modesta, o PTB conseguiu esse feito com o apoio de ninguém menos que o PMDB e o DEM. O placar de 13 a 10 foi construído num acordo anterior, estabelecido quando da eleição para a presidência do senado. O PT ficou pasmo e chegou até perder as estribeiras e a costumeira moderação dos últimos anos, pois, como dono da quarta maior bancada na Casa, reivindicava a presidência da comissão de infraestrutura, depois que o PMDB e os Democratas, além dos Tucanos, já tinham feito suas escolhas noutras comissões. Com a eleição de Collor a “regra da proporcionalidade”, que dava ao PT o direito da vez, foi desrespeitada, abrindo um precedente, o que deixou a senadora derrotada e o líder dos “Trabalhadores”, Aloízio Mercadante, possessos.
Mas até aí tudo normal, o senado da república vem dando nos últimos tempos a nítida sensação de que é mesmo um lugar onde não se deve confiar em quase ninguém, assim, não seriam esses acordos de “cavalheiros” que iriam se perpetuar. Mas o tal acordo anterior citado, aquele que garantiu a eleição de José Sarney (PMDB-AP) para a presidência do Senado, esse sim foi respeitado. O agora líder do PMDB, Renan Calheiros, também Alagoano como Collor e que costurou o tal acordo, ainda disparou: “O PMDB assumiu compromissos com os quais não pode abrir”. A fala do senador tem agora um tom bem mais confiante que de um tempinho atrás. Isso quando esteve com a corda no pescoço, enrolado em tantas denúncias. Estrategicamente andava pelos cantos, escondido. Agora, já está batendo de líder e dando até “canga pé” no PT, que por sinal o ajudou a não ir para a degola. Depois do que disseram Jarbas Vasconcelos e Pedro Simon, o que mais a gente podia esperar desses.
Nem o fato de Ideli Salvatti ser, segundo palavras de Collor, alguém que “cisca para dentro”, o que de acordo com o mesmo, trata-se de um elogio e quer dizer conciliadora, foi capaz de mudar a história. Nada mudaria o que foi combinado entre Calheiros, Collor, Sarney e cia. Deu medo ao ouvir esses nomes todos juntos? Pelo menos um friozinho na espinha, isso dá, não é mesmo? As falas de Jarbas Vasconcelos não podem ser esquecidas, realmente ele está cheio de razão quando coloca que "a moralização e a inovação do Senado são incompatíveis com a figura do senador", referindo-se a Sarney. Mas na verdade poderia estar falando de qualquer um do trio citado.
O “semifeudalismo”, como a revista britânica Economist chamou a influência de Sarney no Maranhão e deste para o Brasil, gerou no Estado coisas do tipo: Os avanços educacionais no Estado são muito ruins. Sua taxa de mortalidade infantil é 60% mais alta do que a média brasileira. O centro de São Luís apresenta ruas cheias de buracos e um número extraordinário de flanelinhas. Quase 40 assassinatos mês numa cidade de um milhão de habitantes. A revista aponta ainda que a situação no interior do Estado talvez seja pior ainda, logicamente faltam números confiáveis. Até mesmo a Globo, de quem o ex-presidente é “peixe”, não teve como esconder que falta de água na capital do Estado tornou-se uma coisa crônica. A Economist arremata: "O controle das estações de televisão e rádio é particularmente útil no interior do Maranhão, onde a maioria do eleitorado é analfabeto, e onde Sarney encontra a maior parte de seu apoio". Apesar da derrota da filha na última eleição e isso dar a impressão de ser um sinal de novos tempos, vem a “justiça” querendo devolver ao clã seu status. Uma piada, pois se fosse punir alguém por irregularidades na eleição no Maranhão, haveria a necessidade de intervenção.
Sobre a dupla alagoana Calheiros e Collor, “prefiro não comentar”, usando o famoso bordão da personagem Copélia de “Toma lá, dá cá” (em se tratando dos personagens, seria este um outro bom nome para esse artigo). Tenho comigo que se o Deputado Edmar Moreira fosse amigo desses “caras” e tivesse feito seu castelo no Maranhão ou em Alagoas, aquilo seria entendido como um investimento em turismo, um “Resort”. Talvez recebesse até verba do Ministério do Turismo, diga-se de passagem, que também já esteve na mão dos “Sarneys”.

quinta-feira, 12 de março de 2009

“Aditivando”

Em todo esse tempo que trabalho na prefeitura de Passos uma coisa que sempre se repetiu são os aditivos em obras e serviços. Logo vocês vão entender porque estou falando isso. Na semana que passou podemos assistir a imprensa oficial se deleitar com a notícia vinculada pela própria prefeitura: “Ex-prefeito paga por obras não realizadas”. Indo direto ao ponto, acho que esta notícia vai mexer muito na estrutura de uma secretaria, mais precisamente na sua maneira de conduzir as coisas. Estou falando da Secretaria de Obras, Habitação e Serviços Urbanos, ou, como dizem, o “Obras”.
Nestes 13 anos de Prefeitura, passando pelos mandatos de José Hernani, além Nelson Maia e Ataíde Vilela, não foi raras as vezes que vi projetos e levantamentos sendo corrigidos através de aditivos já durante a execução. Agora, sem tempo “hábil” para que isso fosse feito, vejo todo esse alarde. Muito provavelmente nada disso teria acontecido ou nunca teriam notado se um aditivo fosse feito e o trabalho concluído. Mas confesso a vocês que uma coisa dessas é algo até para ser comemorado. Como as acusações partiram da atual administração municipal isso equivale a dizer que esta pretende não mais irá usar do expediente dos “aditivos” para finalizar obras, algo até então comum a todas as administrações que vi, entre elas, dos próprios. Diga-se de passagem, nunca notei nada de errado quando os mesmos eram solicitados, invariavelmente em decorrência de algum levantamento inconsistente ou alguma mudança feita.
Pelo simples fato de estarem noutro setor e muito provavelmente nem terem consultado aqueles que trabalham com obras, pois até mesmo um deles foi atingido pela denúncia, penso que talvez os acusadores não tivessem a exata noção do estavam fazendo. Desta forma, pode-se ter dado um tiro no pé, pois diante desse fato, da repercussão, de agora em diante os aditivos devem ficar muito mais fiscalizados, o que na verdade, como disse, é muito bom. Um levantamento deste expediente ao longo dos anos irá mostrar que isso é muito mais comum que se pensa. Contudo, se a idéia era apenas desviar o foco das cobranças contra a atual administração, utilizando-se da estratégia de “que a melhor defesa é o ataque”, pois a denúncia surge bem na hora que as primeiras falas mais contundentes da oposição apareceram. Diante do fato, a artilharia montada pela administração para cuidar destes assuntos pode ter errado a mão no seu contra ataque. Esse pode ter sido um duro golpe na Secretaria de Obras, que sempre tem no percentual dos aditivos, o escape para eventuais correções. E como não é segredo para ninguém, a precisão nunca foi o forte dos levantamentos desta. Contudo, reafirmo que nunca enxerguei isso como proposital ou de má fé, em nenhuma das administrações, pois muitos dos profissionais estiveram presentes em mais de uma. Mas às vezes se atira no que vê e acerta no que não vê.
Diante dos questionamentos sobre desvio de função, horário de trabalho dos assessores e suas reais atribuições, além da “Saúde” que não deslancha, muito pelo contrário. O programa do “remédio em casa” que caminhou para trás, simplesmente por ter sua fórmula e nome atrelado ao ex-prefeito. As cobranças sobre a falta de médicos e conseguintes atrasos em consultas, na verdade, problemas comuns em todo Brasil, enfrentado por praticamente todas as administrações, mas que se tentou passar como sendo exclusivo de Passos, todavia parece que não somos nenhuma exceção. Indagações sobre a falta de ação política na saída do escritório da Polícia Federal, a demora em colocar o Novo Pronto Socorro para funcionar, pois o atual herdou o posto de maior vergonha da cidade, colocação deixada pela antiga rodoviária. O SAMU que não chega e era prometido para os primeiros dias de 2009, assim, diante dessas “pequenas coisas”, cobranças normais do processo político feitas pela oposição, que está ali para isso mesmo. Feliz do governo que tem uma boa oposição para lhe nortear, assim, esse pode receber uma consultoria gratuita sobre onde precisa melhorar, porque os aliados somente “babam ovos”.
Mas o que vimos e acho que ainda veremos muito é a situação, quando acuada, correr em disparar contra a administração anterior, mais precisamente na figura de Ataíde. Algo do tipo, se nada de mais grave ficar constatado, valeu o “embrolho” causado. Se nada ficar provado, valeu o tempo ganho. Se a justiça não abraçar a causa, valeu o desgaste político. Afinal de contas, há muito tempo essa política vem sendo usada e dando certo, infelizmente.
Algumas perguntas simples ninguém teve o interesse em fazer neste caso, apesar de muitos saberem como as coisas funcionam. Na verdade, cheguei a ficar em dúvida sobre escrever esse artigo, mas aí me lembrei de um e-mail que recebi de um amigo e falava exatamente sobre isso, do silêncio daqueles que sabem a verdade e se acovardam. Durante quatro anos fui Diretor do Trânsito do atual prefeito e muitas obras e serviços fizemos naquela época em parceria com a Secretaria de Obras, o que fez com que o Departamento de Transporte e Trânsito tivesse ótima avaliação. Nunca neste período deixamos uma nota de serviço ou material do nosso setor seguir sem a nossa assinatura. Desta forma, estávamos deixando claro para o prefeito que estava tudo certo e ele poderia mandar pagar. O mesmo, ao que me consta, nunca precisou ou conferiu obra ou serviço que estava sobre nossa responsabilidade, até porque isso seria quase impossível para um prefeito. Para isso ele conta com a sua assessoria e o funcionalismo que detém fé pública.
Presenciamos mais um caso onde nomes são atirados na lama, por política ou para desviar o foco. Não estou aqui fazendo defesa alguma de quem quer que seja, pois quem acompanha meu blog sabe que já critiquei várias vezes o ex-prefeito. Só que tenho um compromisso com os meus fiéis leitores e apesar de ser apenas um “blogueiro”, isso me basta. Já disse isso, mas não custa nada lembrar, precisamos mudar algumas coisas, a honestidade deve fazer parte da formação moral das pessoas e esse conhecido “modus operandi” deve ser revisto. Quem mudar isso talvez receba igual tratamento quando estiver do outro lado. Um aditivo neste quesito cairia muito bem, não seria nada mau uns 25% a mais de honestidade nas ações, pois essa mania de querer sujar os adversários está virando uma coisa doentia na nossa cidade e quando se aponta o dedo em riste, em acusação, outros três dedos se voltam para você mesmo.
A situação deve responder as cobranças com mais trabalho e a oposição deve cobrar e fiscalizar sim, pois essa é a sua função e deve ser respeitada. A tentativa de inversão de papéis é mesquinha e nossa cidade já perdeu demais com essas coisas. E mais uma derrota está sendo anunciada para 2010. Ainda é cedo para os postulantes a deputados se preocuparem tanto com o ex-prefeito. É claro que se não trabalharem muito mais essa preocupação faz todo sentido. Ou isso, ou bajular e torcer pela interseção do MP. Mas por enquanto, o perigo maior talvez venha mesmo é do lado, pois os políticos da região crescem, e agora financiados por nós mesmos.
O expediente usado neste caso pode até ter funcionado, mas daqui a pouco não vai dar mais, assim, o melhor mesmo é apertar o pé no trabalho, mesmo sabendo que algumas peças não são tão afeitas a isso.