quinta-feira, 27 de maio de 2010

Justificativa Plausível

Na verdade pensei que não precisaria entrar mais neste assunto, contudo, o diretor do Departamento de Trânsito da Prefeitura de Passos não me deixou alternativa. Sempre o respeitei e imaginei que não iria necessitar fazer isso. Li no “passosnews.com” que o citado departamento está recolocando o semáforo na esquina da Av. Otto Krakauer com a Rua José Merchioratto. Até aí tudo bem, depois que colocaram um na frente do Cemitério, totalmente desnecessário e tecnicamente errado, pois foi colocado faltando um braço, na Av. da Saudade. Quem chega por ali não vê e nem tem semáforo. Uma verdadeira berração, único que se tem notícia. Um semáforo funcionando o dia todo por causa de alguns poucos minutos onde o cortejo já tem por lei a preferência.
Mas aí vem o diretor do Departamento de Trânsito, Dany Freitas Lemos, e lança uma pérola na sua “justificativa” do outro (Av. Otto Krakauer). Como não tem como explicar o inexplicável, seguindo o modelo dos seus superiores, alega que o equipamento foi retirado pela administração anterior, sem uma justificativa plausível.
Primeiro gostaria de me desculpar em nome de toda equipe da Transpass da época (metade da atual em número de pessoas) de não ter ido ao Departamento de Limpeza Urbana ou na Delegacia (não sei onde ele estava servindo na ocasião) para justificar a retirada. Diga-se de passagem, foram retirados outros três além deste. Explicar a retirada de semáforos obsoletos, de quatro tempos, onde um fica aberto e três fechados, é muito mais fácil que justificar a colocação onde não faz o menor sentido, a não ser atender algum cabo eleitoral ou secretário de outras pastas que determinam até mão de direção das “suas” ruas. Já são duas as vias onde isso aconteceu.
Facilmente se comprova a falta de necessidade através dos números. Poderíamos também justificar com a obra que foi feita no local com canteiro e asfalto. Qualquer leigo pode ir até o local e fazer uma contagem do volume de tráfego (não tráfico como pensam alguns na administração). Serão 23 horas por dia de funcionamento totalmente desnecessário, para justificar menos de uma hora onde o tráfego de veículos no local é um pouquinho maior, isso entre 17:30 e 18:30 no máximo. Nesta máxima e seguindo este horário como padrão podem encomendar mais uns cinqüenta semáforos. Serão 23 horas por dia, 161 por semana, 644 horas por mês, 7.728 por ano de total desnecessidade do mesmo. Lembrando que isso demanda consumo de energia, sem falar no custo do conjunto semafórico e manutenção.
Dany Freitas informou ainda que além do semáforo vai entrar em operação o binário que “vem sendo estudado” para aquela região. Ora, todos sabem que o binário do jeitinho que está sendo divulgado e até a forma como foi escrito e apresentado está no relatório deixado por nós. Esse está no projeto “Novos Caminhos” (tem até imagem aérea) e pode ser encontrado no meu Blog. O binário consiste em passar a Rua José Merchioratto para mão única (mais da metade dela já é), no sentido Canjeranus-Penha; e a Rua Santa Casa, que ganhará mão única no sentido Penha-Avenida Comendador Francisco Avelino Maia (2/3 já é também). Segundo o diretor “O binário e o semáforo vão melhorar muito o trânsito naquela região, reduzindo, inclusive, o risco de acidentes”. Apresentem o número de acidentes no local e a contagem de veículos para justificar a implantação. Isso sim é técnica. Provavelmente nem sabem que é assim que se determina a implantação de semáforo. Junto disso vem o levantamento do tempo a ser utilizado, que também é determinado por contagem do tráfego de veículos nas vias que dão no cruzamento a ser semaforizado.
Podem continuar a fazer as lambanças a vontade, só não tentem desmerecer o trabalho sério e técnico, não meu, mas de toda uma equipe que se dedicou muito por mais de 10 anos. Por sinal, uma década onde não se viu congestionamento e que nunca esse departamento foi chamado de hospício como numa charge do Váscoli meses atrás. Ou “digno” de reportagens como as feitas em 15/09 e 04/10 do ano passado, dentre outras, colocando a competência do trabalho do departamento em xeque. Só cessaram essas reportagens por causa dos acordos que todos sabem. Também não travamos o trânsito da principal avenida da cidade só para agraciar com estacionamento a céu aberto um restaurante que funciona principalmente à noite naquela via. Menos ridículo seria liberar somente neste período.
Respeito se conquista com trabalho, não com palavras e discursos vazios. Façam sua história, marquem seus nomes com competência e trabalho. Deixo uma dica aos mesmos, estudem. Mas só um personagem me surpreende, trata-se do Secretário de Planejamento, dono da pasta que comanda o trânsito. Falar a verdade deveria ser um dos seus princípios e deveria passar isso também aos seus comandados.

terça-feira, 18 de maio de 2010

A culpa é do MP?

Neste último fim de semana fiz um pequeno passeio a um parque temático de São Paulo. No estacionamento do mesmo me deparei com um ônibus escolar de uma Prefeitura do interior. Provavelmente, na melhor das hipóteses, levava alunos para se divertirem. Brinquei com um amigo: Será que lá não tem Ministério Público? Na verdade, nós Passenses nos acostumados a ter um MP atuante, fato que às vezes não se repete noutros lugares. Diante disso pude compreender (diferente de concordar) o que quis dizer Dr. Cleiton Piotto, Secretário de Saúde de Passos quando culpou o MP por problemas na contratação de médicos para trabalhar no nosso município.
No domingo da semana passada vimos a seguinte manchete num dos jornais da cidade: “Faltam médicos em oito postos de saúde”, com ênfase para: “Secretaria culpa Ministério Público”. Realmente não dá para passar batido diante destes destaques. O Secretário de Saúde foi enfático: “A ação do MPE foi muito ríspida. Tudo por uma simples questão de horário. Isto causou um clima tenso e os médicos ficaram com medo de retaliação” (transcrição da fala do Dr. Cleiton à Folha da Manhã - 09/05/2010). E tem mais, nosso secretário, que eu conheço há uns 30 anos e que tenho uma admiração enorme por tudo que passou para chegar a ser um dos grandes médicos de nossa cidade não afinou: “Precisamos ter bom senso ao abordar a questão, sem sensacionalismo e sem choque” (idem, FM).
Mas onde está o erro, na exigência feita pelo MP de Passos ou no que vem (ou vinha) acontecendo aqui e em outros lugares?
Não é difícil para qualquer pessoa séria notar que o erro está onde a lei não é cumprida, onde os horários não são respeitados. Mas que essa desigualdade gera problemas como o que está ocorrendo em Passos, isso também é uma verdade. Dá para entender um pouco o que o Dr. Cleiton vem enfrentando. Seus pares simplesmente escolhem trabalhar em outras cidades onde são menos “vigiados". Antigamente, como dizia o grande Manuel Bandeira, ia-se embora pra Pasárgada porque lá era amigo do rei e isso fazia toda diferença. Hoje, apesar da idéia de alguns que a monarquia ainda existe, simplesmente porque vivem cercados de “bobos da corte”, o rei está nu e o fato de ter comprado a prestação boa parte do chamado “quarto poder” não lhe traz nenhuma garantia de isenção com a opinião pública. O mosquito da dengue também não está nem aí pra isso.
Só não dá é para reclamar das ações do MP. Foi passado para a população que o problema da saúde era má gestão. Agora, depois de 1 ano e meio de mandato, o chamado caos no setor continua, ou melhor, piora a cada dia, com situações classificadas como “terrível” pelo promotor Dr. Éder Caputti (idem, FM). Pensando bem, a reclamação por parte da Administração contra o MP chega mesmo a ser um absurdo. Até porque, se não fosse as ações deste, até a própria Administração Municipal com certeza seria outra.