quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Independência ou mortes

Depois de mais de uma década trabalhando no setor de trânsito, uma dezena de artigos publicados sobre o assunto, mais de seiscentas horas de cursos, encontros e fóruns, uma pós-graduação na área junto aos maiores especialistas de Minas, trabalhar ainda como consultor em praticamente toda a nossa região, tenho autoridade para afirmar que é chegada a hora do Departamento de Transporte e Trânsito de Passos – TRANSPASS ter mais autonomia para realizar as mudanças que se fazem necessárias e que a política não nos permitiu fazer de todo.
Passos conta hoje com uma frota de mais de quarenta mil veículos, o que gera muitos impostos e trabalho, tanto diretos, quanto indiretos. Porém, vivemos ainda sob a batuta da ingerência política e também de alguns que visam somente seus interesses particulares. Não cabem mais decisões neste setor que não sejam estritamente técnicas. Não é possível que ainda tenhamos que conviver com alguns que aproveitam da política de cidade ainda provinciana e, por terem um comércio em determinado local ou sua “mansãozinha” em tal rua, se acharem no direito de ditar as ações que envolvem segurança e a vida das pessoas. Não é aceitável que uma cidade de mais de cem mil habitantes possa ter questões como: mão de rua, colocação de semáforos, implantação de quebra-molas, proibições de estacionamento, itinerário de transporte público e etc., determinados por palpiteiros de plantão, oportunistas ou aventureiros.
Mas porque estou falando isso agora e desta forma? Vejamos: Por se tratar de um departamento e sendo conduzido por um diretor, hierarquicamente o órgão de trânsito municipal fica sujeito a todo tipo de ingerência dentro da própria estrutura da administração municipal. É um secretário que diz que fulano, morador ou comerciante de determinada rua não quer uma mudança, de vez em quando é um vereador que “mina” outra e assim por diante. Lutei arduamente contra isso e assim colecionei alguns desafetos, mas todos sabem que nem sempre venci (leia-se Rua da Praia, Barão de Passos, João Pinheiro, os famigerados “quebra-molas”, semáforo do Tula...). Entendemos que se fosse uma secretaria essas coisas diminuiriam muito, principalmente pelo fato do secretário estar em pé de igualdade com seus pares e também ser ele o ordenador de despesas, podendo assim determinar onde empregar os recursos diretamente com o prefeito, coisa que não acontece com o diretor.
Vocês podem estar pensando nos custos que isso iria gerar aos cofres públicos, mas garanto que com relação a isso a coisa já está muito bem encaminhada. O departamento tem praticamente todo seu investimento pago com verba oriunda de um convênio com o Estado. De um departamento inserido dentro de outro há dez anos atrás, hoje o Departamento de Transporte e Trânsito de Passos - TRANSPASS já se encontra em outro patamar. Saímos de uma meia-sala no prédio da Prefeitura para, depois de mudar de local por duas vezes, chegarmos a uma boa casa na região central, onde pela primeira vez na história todos os setores do departamento estão juntos. De uma Kombi velha herdada do transporte de professores da zona rural passamos a contar com uma camionete S10 equipada e uma saveiro (um pouco usada é verdade), além de uma moto zero km. Temos ainda computadores e vários outros equipamentos que não possuíamos antigamente.
Com relação ao serviço, esse foi nosso maior salto. Temos nossa modesta (em números de pessoas) equipe toda treinada e já há algum tempo não necessitamos que ninguém venha a Passos para nos auxiliar, muito pelo contrário, somos nós que muitas vezes damos assistência às cidades vizinhas. O restante que se faz necessário para se tornar uma secretaria pode vir de uma simples vontade política. No lugar de três Assessores Especiais – ASPONEs - diga-se de passagem, uma herança maldita do governo Ataíde e que foi tão criticada pelos que vão assumir agora (assim sendo, por que não acabar?) e diante dos moldes que já se encontra o Departamento de Transporte e Trânsito de Passos – TRANSPASS poderíamos ter um secretário, mais dois operários e cinco agentes de fiscalização, número insuficiente é verdade, mas bom para um começo. Portanto, somente no lugar de três ASPONEs fechamos um quadro de pessoal capaz de gerir uma secretaria importantíssima para a cidade e a segurança dos nossos munícipes. Caso contrário, que venha mesmo o SAMU e a dinheirama que este custa, pois os acidentes, principalmente de motos, não param de crescer e o trânsito vai ficando cada vez mais complicado.