sexta-feira, 28 de março de 2008

Sonhar, mas com o pé no chão

Esses dias eu ouvi falar novamente em se construir um Anel Viário na cidade de Passos. Fez-me lembrar da campanha eleitoral passada onde o assunto esteve na moda. Eu mesmo embarquei neste sonho, era algo como o samba da mocidade: “... não custa nada sonhar... viajar nos braços do infinito, onde tudo é mais bonito, nesse mundo de ilusão”.
“O Anel Viário será a união das rodovias, com avenidas já projetadas, algumas a serem criadas e outras existentes. Essa ligação melhorará o tráfego pela cidade, facilitando a entrada e saída da cidade, assim como o acesso a bairros distantes um dos outros. Outro ganho fundamental será o trânsito de veículos pesados que passará a usar o Anel Viário, melhorando a fluidez, muitas vezes evitando que esses passem pelo centro e conseqüentemente preservando o asfalto das vias que hoje são utilizadas por esses veículos... o projeto irá prever a continuidade de algumas vias que servirão de alimentadoras deste...” (eu mesmo falando como Diretor de Trânsito há quatro anos atrás). Junto tinha até um mapa com o traçado do “anel viário”. Então, faço aqui um mea culpa, pois hoje tenho maturidade para enxergar isto como simplista demais, mas até vale como um lançamento de programa.
Recentemente, o vereador Renato Andrade apresentou requerimento dirigido ao prefeito Ataíde Vilela solicitando a realização de estudos para a construção do Anel Viário de Passos. Legítimo papel de um vereador, pois realmente a construção de um anel viário diminuirá o fluxo de caminhões e carretas pelas ruas do centro da cidade, evitando o desgaste do pavimento e desafogando o trânsito nas principais vias, além disso, diminui os riscos de acidentes e a poluição sonora. Mas esse tem mesmo que ser fruto de um amplo estudo, com capacitados e experientes projetistas da área. Poderia ser convidado o Hildan Godói do DER para coordenar, como passense de coração com certeza toparia, pois um projeto dessa envergadura, que com certeza deverá ser analisado por autoridades do assunto, não pode ser feito de qualquer forma e nem através de concurso.
Enquanto isso não acontece, quem sabe vamos abrindo algumas vias que hoje estão interrompidas ou inacabadas, como por exemplo: continuação da Av. José Caetano de Andrade (ligando pelo menos até a Av. Sabiá); Av. da Estação (com Rua Goiás); Av. Perimetral (toda); Rua Santa Casa (até no alto da Penha); Av. Montese (até a Av. JK); Av. Francisco A. Maia (até no Jd. Polivalente); Rua Amapá (ligando à Bernardino Vieira); entre outras. Isto, e um bom “tapa buracos”, daqueles que se trata a área afetada, pois como é feito hoje eles sempre voltam, igual gripe mal curada. Isto já ajudaria bastante, pois um projeto sério de um Anel Viário na nossa cidade, obrigatoriamente necessitará de parcerias do governo estadual ou federal, caso contrário, “é só sonhar, só sonhar, e é tão frágil, quanto o ramo ao vento, ao léu”.

domingo, 23 de março de 2008

“Sempre ou Nunca”

A palavra sindicato tem raízes no latim e no grego. No latim “sindicus” denominava o “procurador escolhido para defender os direitos de uma corporação”. No grego “syn-dicos” designava aquele que defende a justiça. Contudo, tanto em um quanto no outro vemos que sindicato está sempre associado à noção de defesa com justiça de uma determinada coletividade. Devendo ser ainda este uma associação estável e permanente de trabalhadores que se unem a partir da constatação de problemas e necessidades comuns.
Nos mais de duzentos anos de história, o sindicalismo foi impactado por diferentes concepções ideológicas, e ao longo dos anos, o movimento sindical ganhou um peso social, sendo uma força decisiva nos contextos nacionais. Pela própria caracterização de movimento, esse não é estático, transformando-se sempre; porém, nos tempos atuais, vem sofrendo muito com o novo e cruel sistema político econômico.
Como a lei brasileira não dá o significado exato de sindicato, sendo que eu não me satisfiz com o que encontrei, pois uma espécie do gênero associação é algo muito superficial, fui atrás de melhores definições, tentando entender qual a verdadeira função de um sindicato. Não sei se presunçosamente, mas me julgo um tanto esclarecido para fazer parte de um há tanto tempo, no caso o “Sempre”, Sindicato dos Funcionários da Prefeitura, e ainda não conseguir entender o seu verdadeiro papel.
Analisando o que vi até agora o nosso “Sempre” não se enquadra em nada nestas definições, portanto vamos nos aprofundar um pouco mais. Para Orlando Gomes esse pode ser sintético ou analítico. Sinteticamente, “é uma associação livre de empregados ou de empregadores ou de trabalhadores autônomos para defesa dos interesses profissionais respectivos. Enunciando, apenas, a situação profissional dos indivíduos e o fim de defesa de seus interesses”. De forma analítica esse pode ser entendido como “um o agrupamento estável de várias pessoas de uma profissão, que convencionam colocar, por meio de uma organização interna, suas atividades e parte de seus recursos em comum, para assegurar a defesa e a representação da respectiva profissão, com vistas a melhorar suas condições de vida e trabalho”.
Continua ainda muito difícil enquadrar o “Sempre” nestas definições, pois na sua história recente teve apenas dois momentos distintos, contudo, nenhum eles muito nobre. Ora foi o “Sempre” um sindicato pelego (onde o líder sindical é de “confiança” do governo e está lá a dizer amém), ora um sindicato partidário (usado politicamente e conduzido para e pela política partidária). É muito triste um movimento desta amplitude e importância, que poderia trazer enormes contribuições para a sua classe, tendo, como vimos nas definições clássicas um enorme e importante papel a desempenhar, se submeter a estes fins e, em ambos os casos, deixando os filiados, sua razão de existir, como meros coadjuvantes nesta história.Pior ainda é saber que a sua diretoria, marionetes em habilidosas mãos, que nada tem a ver com os filiados, não conseguem enxergar o tratamento que é dado aos sindicados depois que esses, usando dos mesmos, conseguem chegar ao poder.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Ano de eleição é assim mesmo

Ano de eleição é assim mesmo, mas não devia. Volto um pouco no tempo, mais precisamente ao mês de setembro de 2006, quando entreguei à administração municipal um relatório intitulado “Relevantes modificações visando o futuro do trânsito em Passos”. Fruto da preocupação com uma cidade que chegava aos 35 mil veículos, hoje estamos às portas de 40 mil, neste relatório eu enumerava uma série de medidas que entendo necessárias para enfrentarmos os problemas do trânsito, os já existentes e os que certamente estão por vir.

A título de registro, cabe aqui colocar algumas das medidas que julgava e ainda julgo importante e que consta do relatório: Abertura de vias interrompidas ou seccionadas: Amapá/Bernardino Vieira, Rua Santa Casa, Av. Sabiá, Av. José Caetano de Andrade, Perimetral...; Ampliação dos binários (uma indo e outra voltando): Goiás/Pará, Barão de Passos/Amapá e Bernardino Vieira, Santa Casa/Jose Merchioratto...; Alguns novos trechos de mão única; Remodelação da Av. Arouca com canteiro central e etc.; Aumento de Passeios: Trav. Mons. João Pedro e Joaquim Getúlio; Travessias elevadas de pedestres (em vários pontos de grande fluxo de pedestres); melhorias e modernização dos semáforos; sinalização indicativa (turística); dentre outras sugestões contidas num documento de dez folhas.

No começo deste ano escrevi aqui mesmo: “Esse primeiro semestre de 2008 tem tudo para ser muito especial para a Transpass. A operacionalização de tudo que foi sonhado em termos de estruturação, as mudanças que foram exaustivamente pensadas e criteriosamente discutidas, estão sendo realizadas. Nesta última expressão usada, isso significa a hora da ação, momento do sonho se transformar em realidade, de materializá-lo.” Trecho resgatado do artigo denominado “Há 10 anos”. Neste eu também lembrava: “Neste período vi muita coisa mudar no trânsito de nossa cidade. A principal delas diz respeito ao número de veículos, que dobrou neste período”.

Longo mas necessário esse prefácio para que melhor se entenda este artigo. Depois de tudo isso e muitas outras coisas ocorridas neste intervalo de um ano e meio, não é que somos surpreendidos com um sinal dos velhos tempos. Sem mesmo que se desse os três meses necessários para uma verdadeira avaliação da mudança, a mão forte do poder guiada por um “expressivo” abaixo assinado de 200 pessoas (0,2 % da população), determina a volta ao passado com o retorno da mão dupla na Rua Barão de Passos. Esse fato, atrelado ainda à ordem de paralisar as demais mudanças já iniciadas, nos trouxe de volta a realidade.

Junto com a “Barão” deve voltar também a Rua Dr. Bernardino Vieira (trecho da delegacia), pois realmente não faz nenhum sentido, já que se tratava de um binário. Coincidência ou não essa é a via onde a mudança foi criticada publicamente pelo Delegado Regional de Polícia. Abrindo um parêntese nesta questão, nunca gostei das escolhas feitas pela delegacia sobre o local onde se realiza os exames para carteira de motorista. Primeiro levaram para perto da Santa Casa, que por si só já tem um trânsito enorme, agora voltam para perto da Delegacia, na região central, com ruas totalmente inadequadas. Porém, durante o tempo em que fui Diretor de Trânsito, por uma questão de ética, nunca me pronunciei publicamente sobre isso, por se tratar de decisão que cabe única e exclusivamente a Delegacia, que muito provavelmente devem ter suas razões técnicas para tal escolha.

Não sou inocente em acreditar que já estamos maduros o suficiente para acreditar que entre uma decisão técnica e um pedido político a primeira se sobressairia. Mas na verdade confesso que fui pego de surpresa com a decisão de voltar “boa parte” da Rua Barão de Passos para mão dupla, ainda mais pelo fato de que nesta mesma via está sendo construído o novo e grandioso Pronto Socorro. Acesso facilitado a este será necessário ou será que não?

Sem uma explicação lógica para isso, principalmente pela ordem de paralisação das demais mudanças programadas, resta confortar a equipe da Transpass para que assimile o golpe e pronto, “bola pra frente” ou “para trás”, como querem. A única explicação plausível veio de uma amiga que mora do outro lado do Rio Grande, que me disse assim: “para quem vem do Glória a mudança da Barão de Passos era difícil”. Até entendo, mas quanto a isso eu garanto que com as placas de sinalização indicativa que já estão sendo confeccionadas, isso seria facilmente resolvido.


Um ex-secretário da Prefeitura de Passos certa vez disse que o local é um cemitério de sonhos. Eu já penso que deixar de sonhar é deixar de viver. Continuo sonhando com decisões técnicas em setores técnicos, e faço minhas as palavras de Diego Marchi: "Muitos dizem que sou apenas mais um a tentar. Eu digo que sou menos um a desistir”. Assim, digo que as minhas idéias e projetos para o trânsito de Passos, que contemplam sim mudanças, necessárias e às vezes polêmicas, estão aí para quem quiser continuar de onde parou, ou mesmo melhora-las, pois na verdade já nem minhas são, é de direito do município, pois sou empregado deste, com muito orgulho. O futuro está aí para dizer quem está com a razão, e neste caso nem vai demorar tanto.

sexta-feira, 7 de março de 2008

PT e PSDB, dois lados de uma mesma moeda

Sem filiação partidária já há alguns anos, fruto do desalento que posso explicar fazendo numa pequena analogia. Seria como uma pessoa que dedica boa parte de sua vida a uma causa que julgava ser nobre, justamente pelas pessoas que dele participavam, aí descobre que não é bem assim, que aquilo na verdade era um grupo como qualquer outro, que não difere em nada dos demais, assim sendo, não havia nenhum sentido na causa também. Desta forma, e me confessando eleitor do Lula nas últimas quatro eleições, em 89 fui Brizola, tendo votado no Petista no segundo turno contra o famigerado Collor, me sinto hoje um tanto desiludido com o cenário político. Mesmo assim resolvi fazer uma leitura sobre os dois mais importantes partidos políticos do país na atualidade. Deixando sempre claro se tratar de uma opinião minha, fundamentada em fatos, mas, por favor, novamente peço que continuem com a sua.

Assim como em outra época não tão distante, onde tivemos a polarização entre PMDB e PDS (que antes foi Arena e depois originou ao PFL, que por ser somente uma frente, palavra dos mesmos, diz-se temporário e por isso agora virou DEM), temos hoje no comando da política nacional os “antagônicos” (será?) PT e PSDB. Os dois “grandões” de outrora PMDB e DEM, de tão parecidos acabaram por ter o mesmo destino, ser coadjuvante no cenário político nacional, com rompantes de grandeza é óbvio.

Voltando ao presente, este responde por PSDB e PT, e vemos mais semelhanças que propriamente diferenças entre os rivais. Em essência eles seriam a mesma coisa, mas um é tido como centro-esquerda e ligado às questões do trabalho, o outro de centro-direita, íntimo das forças empresariais”, diferenciação moldada, achada num canto qualquer, mas nem isso parece ser verdade hoje. Pois apesar da teoria, na prática o que vemos e sentimos são governos semelhantes, neoliberais na essência, ambos, tanto o anterior do tucano FHC, quanto este de Luís Inácio. Aqui não fica nenhum juízo de valor, pois tenho comigo que apesar de entender que poderia ser bem melhor, de maneira geral, muita coisa (leia-se economia) caminha na direção correta, depois de muitos anos na contramão.

Como nem tudo são flores quando o assunto é política, a crítica em torno dessa semelhança é maior em relação ao Partido dos Trabalhadores e por incrível que poderia parecer a algum tempo atrás, por questões éticas. Os sucessores dos Tucanos, “sustentáculos da ética e da decência”, desses esperávamos um grande avanço no que tange a esses assuntos. Como já citei, na política econômica, essa já era bem aceita no governo FHC, prova disso é que quase nada mudou mesmo, a esperança dizia respeito era a questões morais e éticas. E aí meu amigo, a gente descobre que o PT é “mensaleiro”, exatamente igual nós imaginávamos que existia no governo tucano, que fazem caixa 2, negociatas, carregam dinheiro na cueca e etc. Também são a favor de impostos abusivos, coisa até então defendida somente pela cruel direita, por isso chamada pelo PT de inimiga da classe trabalhadora. Vimos que os Petistas adoram uma mordomia, um Cartão Corporativo, que poderia ter até o nome mudado para Cartão “Companheiro”. Defendem-se dizendo que não foram eles que inventaram nada disso, mas a questão está exatamente aí, dos “mocinhos” esperávamos a mudança.

Na verdade, “quem sabe o príncipe virou um chato, Que vive dando no meu...”, talvez estejamos precisando mesmo é de “um pouco de malandragem”, mas essa aí da música da Cássia Eller, ou seja, deixar de acreditar em príncipes encantados, pois “bobeira é não viver a realidade”. O Presidente e seu partido criam cargos para acomodar "seu povo", até aqui em Passos isso acontece. Bem debaixo das barbas do nosso combativo MP, tem gente sem função, sem local de trabalho, um lugar de onde despacha ou coisa ao menos parecida, tudo no único intuito de financiamento público do partido (nePTismo). E como é comum aos seus pares, fazendo discurso de baluarte da ética.