domingo, 13 de fevereiro de 2011

Sarney e seus pares

Fica cada vez mais difícil falar em virtudes num país como o Brasil. Assim, recorro mais uma vez Aristóteles, no clássico “Ético a Nicômaco” para dizer o quão necessário é treinar virtudes: "As virtudes intelectuais e morais exigem instrução, bons hábitos, tempo e seu exercício repetido para serem finalmente adquiridas. Tornamo-nos educados pela aprendizagem contínua, justos pela prática da justiça, prudentes pelo exercício da prudência, heróicos pelas atitudes de coragem. As leis, portanto, formam bons cidadãos pela força do hábito. Essa deveria ser a intenção de todos os legisladores. Faz toda a diferença que hábitos são estimulados pelas leis. Tudo o que temos de aprender devemos desde cedo aprender praticando". Mas aí ficamos intrigados sobre o que pensar quando péssimos exemplos vêm das nossas casas legislativas.
Mas por que depois de mais de um mês sem escrever venho com esta história?Ora, senão vejamos, o que se passa na cabeça de um jovem, ou mesmo de outra pessoa qualquer, quando se depara com o resultado da “escolha” para a presidência do Senado brasileiro onde, quase por aclamação, vemos José Sarney ser reconduzido à presidência daquela casa.
O maranhense, “dono” do estado de piores índices no que tange a saúde, segurança e etc., parece ser proprietário também de uma das casas legislativas brasileira. Nem mesmo todas as lambanças da sua gestão anterior foram capazes de diminuir seu domínio. Nem a chegada de um Itamar, de um Aécio, na minoritária oposição é verdade, ou mesmo na bancada de situação com o eterno líder dos “caras pintadas” Lindberg Farias (PT-RJ) mexeu nas estruturas e falcatruas.
Mas nem tudo está perdido, visto que a vice de Sarney é a petista Marta Suplicy, ou seja, quando o Sr. José Ribamar não estiver por lá, você poderá “relaxar e...”, pois é desta forma que ela lida com os disparates que acontecem e nos últimos anos o Senado se tornou uma casa especializada em escândalos. Não vou perder tempo em lembrar todos, fica só o relato de alguns personagens como o ex-presidente daquela casa Renam Calheiros, Jader Barbalho e o secretário Agaciel Maia, dentre vários outros.
Em um artigo intitulado “Casa dos Horrores”, a revista “The Economist” faz uma referência ao Senado, “que tem 81 membros mas, de algum modo, requer quase 10 mil funcionários para cuidar deles”. Com raríssimas exceções, o Senado tem sido visto como um lugar infestado de políticos propensos a práticas corruptas e corruptoras. O sistema bicameral (duas casas legislativas, Senado e Câmara dos Deputados), por essas e outras, é visto cada vez mais como dispensável. Não faz nenhum sentido uma “casa” com orçamento anual em torno de R$ 2,7 bilhões (fonte: ONG Transparência Brasil), ou seja, custo per capita (cada um dos 81 senadores) de R$ 33,4 milhões para os cofres públicos para um lugar que nem como exemplo serve para as pessoas do nosso país, muito pelo contrário. O senado brasileiro hoje serve apenas a interesses particulares e é um péssimo exemplo na formação da nossa juventude e também da concepção política da nação.

Nenhum comentário: