quinta-feira, 2 de abril de 2009

73 dias

Não pretendo tirar nenhuma conclusão neste artigo, então, fiquem inteiramente à vontade para fazer isso. Nos últimos onze anos o que eu mais fiz foi me dedicar no trabalho com transporte e trânsito. Especializei-me nos bancos da escola, mas principalmente nas ruas da cidade, sendo que não mais que dois dos treze anos de Prefeitura de Passos completados no último dia vinte, foram passados fora do Departamento de Transporte e Trânsito – Transpass. Na verdade, quando chegamos lá não passava de uma meia sala, tornando-se hoje um dos maiores departamentos de toda a prefeitura, muito bem instalado por nós numa ótima casa na Rua Jaime Gomes. Mas não é sobre esse passado que quero falar, pois isso muitos de vocês já sabem e também já contei por aqui. Quero falar da ‘saga’ desses 73 dias em que fiquei na Transpass nessa atual administração.
Logo após a primeira quinzena de janeiro ocorreu a troca de comando na Transpass e de imediato houve uma total empatia com o novo diretor. Antes que eu me esqueça, desde 2007 não era eu o diretor de departamento, apesar de estar diretamente ligado a este. Fácil também foi notar que por parte do novo diretor existia um respeito e porque não dizer uma admiração, ainda mais depois de todo aparato e receptividade que encontrou. No início procuramos deixa-lo inteirado de todo universo do trânsito de nossa cidade e também das coisas em andamento, como por exemplo, essa sinalização horizontal (pintura nas vias) que vocês estão vendo, pois a mesma já estava licitada e o dinheiro na conta para o pagamento, caso contrário não sairia antes do final de abril. Por responsabilidade de toda a equipe, os estoques de materiais também foram encontrados em situação bem agradável para quem estava chegando. Cabe lembrar ainda que neste período foi possível ainda algumas ações onde o olhar técnico foi importante, como por exemplo, alertar o Sindicato Rural para a necessidade de se fazer passeio defronte o “Parque de Exposição”, para que aquele belíssimo serviço não fosse em vão. Além de outros, como por exemplo, resolver a questão de entrada e saída do Serra das Brisas, onde deixamos pronto um esboço de projeto. Temos ainda a resolução do problema de trânsito na “feirinha do pastel”, entre outros. Vocês já irão entender o tom de despedida.
Passado este momento inicial fomos caminhando em direção de coisas maiores. Levei ao conhecimento do novo diretor que eu estava já há algum tempo fazendo um trabalho de levantamento de ações importantes a serem desenvolvidas pela Secretaria de Planejamento na área de transporte e trânsito, e fomos incentivados a continuá-lo. Por mais um mês continuamos esse trabalho, que envolve, além do conhecimento técnico e da experiência, levantamentos da situação existente, assim como fotografias dos locais e etc. Com o tempo voando, carnaval, volta às aulas e tudo mais, nem me dei conta das coisas e porque não dizer, das pessoas ao redor e simplesmente exercia minha função. O interesse no projeto pela administração pode ser facilmente constatado pelo simples fato de que o mesmo foi impresso pela prefeitura, terceirizado, com dispensa e em caráter de urgência. Muito satisfeito com o resultado alcançado com o trabalho o entreguei ao Secretário Municipal de Planejamento, Sr. Antonio José Francisco (Toninho Pastor), já no finalzinho de fevereiro. O Secretário, segundo palavras do mesmo e comentários de outras pessoas, gostou muito do que viu. Mas isso não era para menos, afinal de contas, de posse desse, o seu trabalho será muito facilitado no que tange ao planejamento na área de transporte e trânsito, que é da responsabilidade de sua secretaria.
Para dizer a verdade, depois de dois meses, mesmo sabendo que não contava mais com a admiração do atual prefeito, diga-se de passagem, por uma única razão, a de não ter votado nele desta vez, já estava totalmente familiarizado ao novo sistema. Minha adaptação sempre foi muito fácil às novas administrações, pois nunca trabalhei para o prefeito e sim para a cidade e por quem realmente me paga, que é o seu povo. Desta feita, se os atuais mandatários da prefeitura tivessem se atentado a esse detalhe de tão fácil percepção, não haveria a necessidade de tão baixa iniciativa, pois poderiam tranquilamente ter solicitado e eu teria agido da mesma forma, mesmo sabendo das intenções futuras destes.
Vou explicar isso. Acontece que passado uns quinze dias da entrega do trabalho e como já disse, com notícias vindas do “Planejamento” sobre a admiração demonstrada pelo secretário a respeito do mesmo e da minha pessoa, não é que recebo uma correspondência de duas linhas para me apresentar à Secretaria de Educação - Secel. No mesmo dia recebi também a visita do Secretário de Planejamento que tentava deixar claro sua não participação nestes acontecimentos e explicar alguns fatos. Quem acabou explicando ao Sr. Toninho fui eu, deixando claro para ele quem realmente são e como agem seus “chefes”, mas isso deixa pra lá, as conclusões não cabem a mim por ser parte. Tanto ele quanto o diretor da Transpass acredito que não fizeram nada de caso pensado. Contudo, para minha surpresa, a intimação assinada pelo Secretário de Administração me transferindo para a “Secel” era só parte da história. Nesta, fui comunicado pela Secretária Rosa Beraldo que, mudando um pouco sua fala anterior quando a encontrei por acaso e falamos a respeito da minha ida, na verdade iria trabalhar numa escola da zona rural, totalmente fora da minha área.
Com relação a isso abro um parágrafo para deixar algumas interessantes indagações e peço ajuda aos meus amigos “doutores da lei” para obter as respostas. Tendo eu me especializado, com curso de pós-graduação pago pela própria prefeitura, numa gestão anterior desse próprio prefeito, além de mais de trinta cursos, seminários e fóruns técnicos da área, propiciados pela administração ao longo desses anos e, por se tratar ainda de um funcionário de carreira, quantos princípios da Administração Pública minha transferência e conseqüente desvio de função viola? Neste caso concreto, estaria nosso administrador atendendo os princípios da Moralidade, da Eficiência e da Impessoalidade, ou estaríamos vendo uma clara supremacia do interesse particular sobrepor ao público?
Achei importante meu leitor saber dessa história, mas como disse, a conclusão é de cada um. Mas não tenho muito tempo para ficar perdendo com isso. Tenho que trabalhar, sempre procurando fazer meu melhor, pois é isso que ensino nas minhas aulas. Fiz, junto com uma equipe que formei, um departamento de respeito. Onde estou não tem muita coisa, parecido com departamento que encontrei há onze anos. Até a placa de “secretaria” era a única não fixada na porta da sala em toda a escola, como um aviso, mas três dias depois levei martelo e pregos, e a fixei.
Tenho filho para criar, uma esposa maravilhosa, uma família honrada e de gente trabalhadora. Tenho minhas aulas de ética para dar, coisa que alguns desconhecem por completo e outros acham que ela existe somente para se cobrar das demais pessoas. Tem ainda as aulas de sociologia, oportunidade de estudar com meus alunos a sociedade de antes e de agora, visando uma outra bem melhor no futuro. Uma nova faculdade, depois do “Direito”, agora História, um sonho antigo que vai se tornar realidade. Tenho ainda meus amigos para encontrar e conversar, principalmente do sonho de uma cidade melhor para todos. Sobretudo, tenho um Deus que nunca me deixou passar por nada sozinho, sempre estando ao meu lado e agora tem ainda me ensinado a aceitar e enfrentar certas atitudes, pois a promessa não é de estar imune. Antes de terminar, dispenso o rótulo de perseguido. São dois os motivos que me levam a isto. Primeiro é que este já foi usado tantas vezes de forma mentirosa que eu não gostaria de estar no mesmo time de alguns que na verdade só trabalham quando o governo é do seu partido. Segundo, deve-se ao fato de ter conhecido a história de Cristãos que sofrem perseguição por amor a Deus, muitos pagando com a vida, assim, não acho que essa minha história mereça ter essa mesma classificação. Todavia quero ouvir das autoridades constituídas do “Direito”, principalmente do nosso virtuoso e combativo Ministério Público se essa ação impetrada pela gestão municipal não fere os princípios da administração pública, para que possa continuar meu trabalho em paz.

Conheça o projeto na íntegra que foi entregue a atual administração nas mãos do Secretário de Planejamento.
http://www.correiodoslagos.com.br/downloads/novos_caminhos.pdf

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