domingo, 26 de abril de 2009

Por que o medo?

Marcelo Augusto: “11h57min. Doutor, o senhor é acusado de perseguição política contra servidores da prefeitura, parentes de políticos de oposição, um exemplo seria o Waldemar Junior que é lotado no trânsito há muitos anos e foi para uma escola na zona rural e outro seria a esposa do vereador Luis Carlos Souto Junior que também foi transferida para a zona rural. È perseguição? É logística da prefeitura?”.
Prefeito Dr. Hernani: “É logística e é cargo de confiança, eu tenho que por ao meu lado quem eu confio, eu não posso por quem me atacou o tempo todo durante a campanha, não queria que eu tomasse posse, fizeram mil e uma agressões. Não tenho nada contra, são funcionários bons, não tenho como (sic), a parte técnicas deles, a seriedade ninguém põe em dúvida, mas eu tenho que ter ao meu lado gente da minha confiança, isso não tem nem dúvida. Você não vai trabalhar com o inimigo do teu lado, que pode de um momento para outro fazer alguma coisa até por descaso, não às vezes (sic) nem por maldade, mas deixar de fazer alguma coisa que atenda bem a população”.

Marcelo Augusto: “11h58min”... (Transcrição fidedigna de parte da entrevista à Rádio Globo Passos – AM concedida pelo Prefeito Municipal).
Lamentando tais acontecimentos ainda ocorrerem numa cidade como a nossa que, com mais de 150 anos e população superior a 100 mil habitantes, já deveria estar noutro patamar político. Porém, não há como deixar de fazer algumas considerações e porque não dizer, correções, na entrevista do nosso prefeito no que tange a minha pessoa. Ficar calado obrigatoriamente implica em admitir como verdadeiras algumas insinuações. Primeiro que não sou cargo de confiança, tendo sim ocupado o cargo de diretor de departamento com os últimos três prefeitos, até janeiro de 2007, dentre eles o atual, contudo, sou funcionário de carreira, técnico e com duas pós-graduações (Trânsito e Direito Público). Tenho 13 anos de prefeitura e sempre fui um funcionário exemplar, tendo recebido desse mesmo prefeito a seguinte declaração no ato de exoneração depois de quatro anos como seu diretor: “Parágrafo único. Fica registrado o agradecimento da Prefeitura Municipal de Passos a Waldemar Ribeiro de Oliveira Junior, como forma de reconhecimento pelos relevantes e valorosos serviços prestados, pelo empenho em prol do desenvolvimento de nossa comunidade e pela dedicação demonstrada no exercício de suas funções”. Da Policia Militar recebi o certificado de reconhecimento “pela excelência dos trabalhos prestados ao trânsito de nossa cidade”. Além disso, minha disposição, entrega e correção no trabalho me valeu os convites de duas escolas da cidade, Etep e Del Rey, para dar aulas de Ética Profissional e Empreendorismo e Ética, respectivamente. Também ministrei um curso sobre “Administração do Trânsito” na Semana de Engenharia da Fesp.
Outras coisas citadas como: “eu não posso por quem me atacou o tempo todo durante a campanha, não queria que eu tomasse posse, fizeram mil e uma agressões”... Isso nem tem muito como eu comentar, pois não diz respeito a minha pessoa, devendo estar eu sendo confundido com alguém. Os anos passam e talvez alguns não se dão conta disso. Tendo 40 anos de idade, sou pai de família, e como já disse, além de funcionário público, também professor, só me resta pensar que talvez o prefeito possa realmente estar me confundindo com algum desses moleques que vivem de mesadas, dinheiro de tio e que teimam em não crescer. Quanto à minha integridade profissional, para não precisar ir buscar muito longe, nem no tempo nem no espaço, na atual administração o prefeito pode comprovar isso dando uma chegada na sua Secretaria de Planejamento e pegando o projeto de minha autoria que no início do seu governo conclui e entreguei ao novo secretário. Quanto à parte de ter tentado impedir sua posse... uma viagem...eu estava viajando no dia. Eu até achava engraçado, pois no meu entendimento, para que isto acontecesse, ou seja, para que o caso das contas rejeitadas do prefeito em mandato anterior (vale aqui sempre lembrar da participação ativa do seu atual secretário Auro Maia neste episódio) fosse realmente levado a diante, necessitaria do apoio e empenho do Ministério Público, desta forma, como poderia isso ocorrer se foi exatamente uma ação deste que lhe deu a vitória. Não haveria porque depois tirá-la. O único perigo real seria se o segundo colocado fosse um (a) filho (a) do Sarney.
O prefeito, depois de oito anos de mandato, que somado com mais seis do seu vice, perfazem catorze anos a frente do município, obteve 28.482 votos, o que representa 38,6 % dos 73.793 mil que estavam aptos a votar. Numa visão mais favorável a ele podemos dizer que contabilizou 45,26 % dos votos daqueles que compareceram às urnas. Mesmo quando a gente fica somente com os que escolheram alguém em quem votar não se chega aos 50%, para ser exato são 49,38 %. Contudo, segundo o IBGE, somos mais 102 mil habitantes em Passos, desta feita, aí temos que menos de 30 % dos passenses viram a foto do “nosso” prefeito na urna eletrônica. Contudo, pelo sistema legal vigente, ele é o prefeito de “todos nós”, ou seja, também da grande maioria que, como eu, simplesmente não votamos nele. Isto não nos torna necessariamente seus inimigos, digamos que, apenas não fomos seus eleitores neste pleito. Podemos até não ser chamados de “companheiros”, como os seus novos aliados do PT costumam chamar seus pares, mas de “inimigo” é um disparate total, ou quem sabe, uma opinião unilateral.
Ficamos pensando: qual seria o real significado das palavras do prefeito? O sentido desse “mas eu tenho que ter ao meu lado gente da minha confiança”. Escrevendo esse artigo e analisando alguns fatores e personagens da administração atual, começo até a entender um pouco as suas palavras. No entanto, um governo íntegro não necessita ter tanto medo de seus atos a ponto de ter que colocar os seus, como já disse: “não eleitores”, em locais onde não possam ver e ouvir o que se passa na administração. O governo anterior a este, tinha dentro da Tesouraria, onde se faz pagamentos e tudo mais, além de vários outros setores importantes, gente que hoje é cargo de confiança do atual prefeito. Será que existiu algum boicote ou algo para prejudicar o prefeito anterior que faz com que a atual administração se preocupe com isso? Realmente não sei responder, mas tenho esperança que não. A nós, funcionários públicos, deve ser facultada a liberdade de opinião e de voto, como previsto na Constituição, além é claro, dos demais direitos trabalhistas, no qual não se enquadra prejudicar o bom andamento do serviço público, até porque, pra isso já tem muita gente. E se Deus assim quiser, me dando saúde para isso, estarei pronto para trabalhar com um novo prefeito daqui três anos e oito meses, contudo, servindo não a ele, mas o município, como sempre fiz.

2 comentários:

Guilherme - Português disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Guilherme - Português disse...

Ué, quer dizer que se ele acha que uma pessoa não vai trabalhar direito para a cidade, ele a manda para a Zona Rural? Ou seja, a função da Zona Rural é receber os "maus funcionários"?! Então não é castigo para o funcionário, mas sim para quem vive na Zona Rural! Quem não serve pra cidade, serve pra Zona Rural??? Parece q não tem eleitores lá... Ou só pq é Zona Rural a prefeitura não precisa se preocupar e pode mandar quem ela não quer ir "pastar" por lá? Além de mentiroso é meio burrinho esse tal de prefeito. Ao invés de dizer que é para melhorar os serviços na Zona Rural e ainda somar pontos lá, ele admite que é perseguição e ainda dá a entender q estar na Zona Rural é um castigo. Tomara que as pessoas q vivem fora da "região metropolitana" fiquem sabendo das brincadeiras desse pseudo-político. Sim, pseudo-político pq, fala sério, a política em Passos é só de mentirinha. É a mesma faz 151 anos, e com raras exceções, só vemos briguinha de candidatos, picuinhas, fofocas no jornal, pessoas mesquinhas que querem tirar uma grana e se possível aparecer no jornal para mostrar pros filhos qdo eles crescerem, etc, etc, etc. Já qdo se trata de política de verdade, não elegemos um deputado há umas 4 eleições (e talvez não vamos eleger novamente em 2010), sendo que cidades menores da região como Paraíso, Jacuí, Alfenas, entre outras, sempre elegem alguem seja na esfera estadual ou federal (ou nas duas ao mesmo tempo). Enquanto isso vemos nossa cidade perdendo contratos, empresas, obras. As que conseguimos não são utilizadas para não dar crédito às administrações passadas. E a população que se vire. Enfim, "Passos, a cidade que anda"... sempre para trás. E o pior, "a passos de gigante".