quinta-feira, 4 de junho de 2009

Boi de Piranha

“O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons”.
Martin Luther King
Não vou torcer contra minha cidade só porque fulano ou cicrano está na prefeitura. Isso, além de burrice, seria de uma pequenez medonha. Já provei meu espírito bairrista, dentre outras, até mesmo votando em candidato a deputado daqui mesmo sabendo que não era lá essas coisas. Mas daí a ficar calado diante de estratégias pra lá de conhecidas, fruto da esperteza de uma aliança, que a nível nacional já demonstrou que é capaz de qualquer coisa pela perpetuação no poder, a gente deixa para a parte da imprensa que está (ou estava) sendo muito bem paga para isso. Vejam só, aquela história da exoneração de alguns cargos como supostos casos de nepotismo foi uma piada. Uma que eles não se enquadram em nenhum dispositivo legal como nepotismo. Na realidade foi uma maneira de ajeitar alguns “companheiros” que ficaram de fora e deram o grito, já que tinha gente com dois cargos na mesma família. Ora, não sendo um indicado pelo outro e tão pouco com subordinação entre eles, aonde se encaixa o termo nepotismo. Mesmo assim, aquele jornal não publicar e nem se interessar pelos nomes demonstra claramente sua parcialidade, pois no passado publicava até nomes que não faziam parte de processo algum, somente para desgastar seus desafetos. Quando investigava e não encontrava nenhuma irregularidade, chegou até mesmo inventar.
Sobre o caso da nora do prefeito realmente eu não sei responder, deixando isso para quem de direito, haja vista que este já se encontra em adiantada discussão. Pensando bem, como não gosto de deixar de dar minha opinião, vejo o caso até como bem simples de analisar. A questão é simples. Ela está lá por quê? Se a resposta for porque é nora do prefeito: Nepotismo. Caso contrário, ou seja, se ficar provado sua condição para ocupar o cargo, lembrando aqui que Passos é referência em enfermagem no estado, aí tudo bem. O engraçado neste episódio é o fato dela não poder atar nem desatar o relacionamento. Em parte isso lembra um pouco a história das filhas dos generais que não podiam casar para não perder as pensões.
Voltando aos casos anteriores, a estratégia usada aqui, que serve também para massagear egos no Ministério Público (MP), tem até nome: “boi de piranha”. Funciona da seguinte maneira: sangra-se um ou mais animais, dependendo do tamanho da boiada que se quer atravessar em segurança, atira-se o bicho no rio para as piranhas se distraírem, enquanto isso, os bois gordos atravessam em segurança um pouco acima. Aqui a crueldade foi maior ainda, pois os “sacrificados” (nem tanto assim) não tiveram nem o direito de berrar, pois o arranjo familiar não permite. Alguns até ameaçaram, mas depois pensaram bem e acharam melhor esperar dois anos. Mas quando esses passarem, como se trata só de uma arrumação mesmo, já que quase nenhum tem função alguma, aí é só trocar um pelo outro e pronto. Nem precisa ser nenhuma “Mãe Dina” para adivinhar.
Outra tristeza é ver o que o dinheiro pode fazer com algumas pessoas. Na minha época de adolescente, meados dos anos oitenta, época das “Diretas já”, os intelectuais, professores, estudantes e escritores em geral, eram pessoas que lutavam contra abusos e desmandos, hoje infelizmente vemos muitos destes fazendo o caminho inverso. Como diria Silvio Santos: “Tudo pelo dinheiro”. E o MP, que contava com o apoio da imprensa em certas investigações, agora vai ter que se virar sozinho. Só que desta vez o páreo é muito mais difícil pra eles, pois no outro time não tem nenhum amador.

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