quinta-feira, 27 de março de 2014

A Fesp em ação e omissão

Dias atrás disse que não escreveria a respeito desse assunto e só extravasei o que sentia no momento, mas hoje li um artigo do Advogado Paulo Fonseca sobre a estadualização da Fundação de Ensino Superior de Passos - Fesp e resolvi também falar um pouco mais a respeito. Primeiro gostaria de dizer que o artigo, muito bem escrito, traz uma meia verdade, mas não no sentido figurado ou depreciativo. Digo meia no sentido literal mesmo. Não é só pelos motivos elencados e verdadeiros trazidos pelo advogado e ativista político que a estadualização da Fesp ainda não se concretizou. Entendo também o ensejo do enfoque dado. Toda a cidade de Passos tem agido assim, cada um só chega até onde pode. Vou tentar ir um pouco além, talvez por não trabalhar na Fesp e não ter nenhuma pessoa lá, ou por ser concursado onde trabalho e sem nenhuma filiação partidária acho que isso me ajuda. Talvez até porque já experimentei perseguição sem quase “ninguém” por mim, nem o sindicato do qual fazia parte, nem partido algum do qual não fazia e que alguns acham que faço parte, nem mesmo o Ministério Público se interessou pelo assunto. Mas meu Deus, meus amigos e minha família me valeram, então, conto com vocês de novo. Ainda estou inteirinho e confesso que tenho até saudade do tempo do “exílio”. Então vamos lá... Com todo respeito, não é só pelos motivos citados pelo Dr. Paulo, que posso resumir pelas condições que o Estado se encontra (citados com propriedade e veracidade) que a Fesp pode perder a sua estadualização. Outras fundações já tiveram seus processos finalizados e foram estadualizadas. Vou falar das ações e dos agentes que estiveram à frente do processo daqui de Passos e também dos nossos políticos. O primeiro deles e o mais forte junto ao governo do Estado é o Deputado- Secretário Cássio Soares. Lembro aqui de duas passagens recentes do mesmo que demonstra bem como é seu relacionamento com o governador. A primeira de um “out door” onde o Deputado Cássio Soares parabeniza o Governador Anastasia pela estadualização da Fesp colocado em alguns pontos da cidade. Outra foi uma homenagem que amigos íntimos fizeram ao deputado via jornal pelo fato te ter sido chamado pelo governador de “joia rara” da política mineira. Isso tudo mostra o imenso prestígio do Deputado-Secretário Cássio Soares com o governador, mas será que nem com isso conseguirá ele ver sua cidade ser agraciada com a “verdadeira estadualização”? Ora, pois caso se confirme o que vem sendo vinculado por aí, inclusive na imprensa, o parabéns dado terá que ser para o novo governador que assumirá em 2015, isso caso ele realmente faça a estadualização, acatando o Decreto do então governador, coisa que eu duvido. Pois se for verdade que o atual vai assinar um Decreto que se cumpra em 2015, dele só a assinatura mesmo (vou me conter... vamos lá)... Tá certo que isso é bem mais difícil que um trevo na Av. Arlindo Figueiredo e esse também não saiu. Todos sabem que o Secretário-Deputado Cássio Soares é muito ligado ao grupo que está à frente da Fesp e que estes não querem que a estadualização aconteça (convenhamos que isso já não seja mais segredo, ou ainda tem algum inocente que acredita nisso?). Não gostaria de ser desmentido por palavras e sim pela estadualização agora. Viria aqui feliz dizer não só que estava enganado, mas também que poderia contar com meu voto e meu total apoio, uso até camiseta (meu tamanho é “GG”). Sei também que não faço muita falta e que o dinheiro e apoio dos demais provavelmente valham mais mesmo. Mas continua de pé minha promessa. Queria muito mesmo estar enganado e não falo isso de boca pra fora. Ao deputado federal Renato Andrade, querido amigo, digo que eu até entendo sua visão (ou missão) em relação à estrada de Bom Jesus da Penha (Mumbuca), todos esperamos que aconteça e sabemos que você está empenhado nisto, mas daria pra dar um “break” de uns dias e concentrar forças na estadualização da Fesp, que neste momento é primordial? A todo tempo vemos fotos do Renato com Aécio, que continua sendo padrinho do Anastasia que é quem pode ou não estadualizar a Fesp agora. Outro muito chegado do Deputado é o vice-governador que irá assumir em abril. Está na hora de mostrar força para chegar forte em outubro. A hora agora é “estradualização” Renato. Passos hoje é governada pelo partido do governador. O prefeito de Passos, formado nas fileiras do sindicalismo, de origem pedetista do saudoso Brizola, foi copitado pelos tucanos naquela ofensiva do então governador Aécio sob os prefeitos mineiros. Ninguém queria ficar de fora do bonde do todo poderoso governador mineiro, que era capaz de transformar qualquer secretário seu em sucessor. Não vimos nada de extraordinário que nos levasse a crer que isso realmente foi importante (talvez a rodoviária, sei lá), na época nem se empenharam muito na reeleição de Ataíde. Na última eleição então nem se fala. Penso que estava na hora de usar isso com mais força. Vejo certo comodismo e aceitação. Podemos falar o mesmo sobre o presidente da Câmara, que é também presidente do Partido do Governador e com algumas alianças no governo do Estado (leia-se Nárcio Rodrigues e Zé Maia). Pras coisas “relativamente pequenas” até que tem valido, mas quando se trata de fato um pouco maior não sentimos nada de extraordinário na atuação dentro do partido. Isso é o que vejo. Passos continua sendo mais uma para o grupo político do governador, que aqui se divide em dois, “quiça” três. Quanto a Câmara, o presidente e os demais vereadores bem que poderiam em vez daquelas importantes reuniões que devem estar na pauta, com nomes de ruas e afins, tirarem um dia inteiro para contatos com os deputados dos seus partidos e depois aportarem em BH junto destes para lutarem de verdade pela estadualização. Depois podem voltar aos nomes de ruas e outras coisas caseiras. Depois de muito tempo a cidade de Passos passou a se gabar de ter deputados, isso nos encheu de esperanças e começamos a pensar num novo tempo. Voltando um pouco mais, o governo Anastasia nos trouxe ainda a indicação do Presidente do Conselho da Fesp como Secretário Adjunto para assuntos de Ensino Superior e automaticamente o “cara” da estadualização das fundações em MG. Não Faltava nada para sermos os primeiros da fila, mas não foi isso que vimos. Repito o que disse dias atrás, “se fosse os políticos de São Sebastião do Paraíso qual seria a primeira fundação estadualizada?”. Bem como fez também o chamado de “padrinho” da nossa estadualização o deputado Nárcio Rodrigues na sua cidade (Frutal-MG). Se fosse só pela falta de recursos do Estado, isso não teria acorrido em outros lugares. Parece que só os nossos políticos são abnegados em relação aos seus. Será? O que pode estar faltando? O que se esconde atrás disso? O que governador Anastasia prometeu vir a Passos para assinar a nossa estadualização. O que o levou a mudar de ideia e marcar o ato para BH? Daí já imaginamos o desfecho do covarde ato. Porque dessa mudança em pouco mais de dois meses? Não vou fugir do assunto com interrogações. Quero falar agora das inúmeras ações desenvolvidas para que o processo em Passos ficasse complicado. Construções, contratações, aquisições e muitas outras “ções", ações e omissões foram feitas para que ficasse cada fez mais difícil à absorção pelo Estado quase falido. Todos ali, que conheciam o processo, inteligentes que são, sabiam que a saúde financeira da instituição atrelada a do Estado poderia criar o desejado (por eles) entrave. O Estado não dispõe de nenhum recurso orçamentário e financeiro para continuar obras só começadas. A Estadualização implica em deixá-las paralisadas, o que transparece certamente como incompetência. Cursos pra lá de inviáveis, com público alvo que não se sustenta também. Isso pra não falar em compras absurdas como a de ônibus, totalmente fora das necessidades do momento. Foram sim criadas situações para que Passos passasse a ser inviável. Temos uma Faculdade de Administração lá dentro e tudo deveria ter sido feito para a facilitação da absorção da Fesp e é óbvio que não foi. Ações para que processo acontecesse, como economia, zelo, enxugando despesas, foco na estadualização, nada foi feito, muito pelo contrário. Deixo aqui meus parabéns, podem comemorar, trabalharam direitinho. Mas como ouvi numa rede social, a cada golpe dado havia sim muita comemoração regada a vinho entre bons amigos. Nem a transformação da Fesp no maior Centro Universitário de Minas se iguala a Estadualização. Só o desenvolvimento intelectual e a liberdade de expressão oriundas da mudança do status daqueles que ali estão já valeria. Hoje temos um grupo de professores e funcionários calados, intimidados pelo recado que lhes foi dado quando um só tentou se rebelar e foi demitido um dia depois de expressar uma opinião diferente da oficial. Imagine só que num momento desses, onde se espera uma maciça adesão e engajamento desses, o que vemos é um total silêncio dos mesmos. E não estamos falando de qualquer um, são professores e funcionários de uma universidade, alguns são verdadeiros leões quando discutem outros assuntos via Facebook e afins. Já em relação à estadualização da Fesp é como se não tivesse nada com isso, uns cordeiros. Alguns eu até entendo, ante a necessidade de cada um, são como aquela tartaruga em cima do poste, não sabem como estão lá. Outros são lobos em pele de cordeiro mesmo, o restante com todo respeito... deixa pra lá, o sentimento que carregam tenho certeza que já lhes basta, não preciso escancarar. Também aqui estou pronto a me desculpar, não tenho nenhum compromisso com o erro, já errei muito na vida, trabalhei e ainda trabalho muito pra mudar. Estarei pronto a me desculpar ante qualquer um que me prove o contrário. Quanto ao Centro Universitário, quero lembrar que foi levantada essa hipótese no passado pelo Conselho da época e foi veementemente rechaçada. Hoje, professores que na época se posicionaram contrários se calam, devidamente alinhados por cargos, e apoiam um projeto idêntico. Quero encerrar dizendo o enorme desgosto com que escrevo este artigo. A grande tristeza em ver boa parte da cidade sendo enganada por aqueles que compraram a imprensa e alguns formadores de opinião com colocação na Fesp, patrocínios de eventos, participação em projetos e etc. Podem me perguntar: “e os alunos?”. Como professor eu lhe digo que apenas um pequeno grupo, minúsculo mesmo, se posiciona, mas alguns “líderes” também foram pegos com bolsas e outras benesses, o que os levam a pensar que já estão numa escola pública, contudo, não sabem que venderam sua liberdade e comprometeram sua liderança futura por falta de exercita-la no presente. Foi-me relatado o caso de um membro de diretório, aliado por benesses ao Conselho vigiando reunião de alunos. A Passos, meus pêsames. Se tudo que está sendo vinculado se concretizar, podemos dizer que estivemos próximos de mudar o status de nossa cidade. Busquem saber o que ocorre com uma cidade do porte da nossa que tem uma Universidade Federal ou Estadual. Dez anos depois teríamos mais umas duas outras faculdades particulares maiores que a própria Fesp, além da UEMG. Aos que participaram desse golpe que isso não lhes volte um dia. A vida às vezes cobra, sabe-se lá como. Hoje, com certeza estão pensando no que podem perder em termos de dinheiro. Aos políticos que não fizerem ou não estão fazendo tudo que estiver ao seu alcance, desejo a mesma sorte do primeiro que nos tapeou neste mesmo sonho, o ex-governador Azeredo. A renúncia e as portas do fundo foram só o começo... o que vem é pior ainda. Que Deus os perdoem, mas que Passos nunca se esqueça, o que acredito pouco. Raras são as coisa que não se compra com dinheiro neste país. Veja a imagem que escolhi pra ilustrar o texto... ela fala por si só... sem exemplo não adianta ações vazias ...

4 comentários:

Pedro Ivo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pedro Ivo disse...

Excelente abordagem Junão! Abraço

Andrade disse...

Aí sim eu vi ARGUMENTOS. Parabéns pelo texto, Junão!

Unknown disse...

Meu grande amigo, parabéns pelo texto!!!
Mais uma vez você nos presenteia com este belo artigo. O triste é ler e saber que nada podemos fazer. Sei que o voto impede políticos mal intencionados de se elegerem, mas o que representa o meu voto??? Nada, perto dos milhares de eleitores que votarão nas próximas eleições e que jamais terão estas informações q nos apresenta. A pergunta que fica para mim é só uma: Vale a pena a escrita???
Grande abraço e fique com Deus!!!