sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

A educação com um algo a mais

Têm-se perguntado já há algum tempo, se seria a formação pessoal do estudante uma responsabilidade de professores e também das escolas. Não pretendo levar aqui a um debate que envolva, por exemplo, a questão salarial, apesar de saber que os baixos salários significam sim uma desvalorização do profissional da área, gerando muitas vezes a desqualificação, o desânimo, com uma conseqüente falta de preparo, primordial quando se fala em educação e mais ainda quando o assunto é formar cidadãos. Quero me ater somente no que tange as expectativas a respeito do que deve e pode ser transmitido aos estudantes.

“É necessário que o conteúdo escolar seja pensado a partir da prática social concreta, de alunos e professores, em uma visão crítica e articulada, que permita, por um lado, vê-lo como possível de ser mudado e, por outro, uma vez apreendido, sejam possíveis mudanças na própria prática social”. Nilda Alves

Próximo disso, também Aristóteles, in Ética a Nicômaco, revela a virtude como um hábito e, assim, não só pode, mas deve ser ensinada, sendo essa uma das tarefas mais importantes da educação do homem. Não é pequena a diferença que ocorre quanto à formação dos hábitos desde a infância; ao contrário, isso pode e deve vir a ser decisivo para toda a vida.

Vivendo a prática docente há alguns anos, já me atrevo até em discordar daqueles que dizem não a história de tia/tio. Quero sim estar mais próximo do meu aluno, pois na sala de aula e até mesmo fora dela me sinto um pouco parte da família, sobremaneira dos mais novos e daqueles que sentimos uma necessidade especial desse apoio. “Cuidemos do broto, para que a vida nos dê flor”.

Complexo, mas o educar visando à virtude da pessoa, a busca do bem, pode até ser um sonho, com certeza algo que não se realiza sozinho, mas deve ser a busca cotidiana de quem escolheu estar à frente de uma sala de aula, ou seja, realizar um ensino que mire à formação integral do indivíduo. A melhora da educação depende muito do como se ensina, as informações são passadas por diversos canais, sendo a escola, o professor, somente um deles, então, se agirmos como meros retransmissores de conhecimento, nosso papel se torna ínfimo diante da grandeza que pode vir a ser. Assim, devemos assumir sim um papel de educadores, formadores não de opinião, mas fomentadores de pensamento e incentivadores das boas condutas.

Escola, professor, família, governo, enfim, todos devem assumir suas responsabilidades diante do papel que cabe a cada um nesta história. Sendo o educador, o detentor de um “grande poder” que pode construir ou não, sendo sem dúvida uma referência ao aluno, cabe a este o dever de implementar as primeiras mudanças, gerando um contágio benéfico. Ouçamos Paulo, que em Romanos nos diz: “se o seu dom é servir, sirva; se é ensinar, ensine... se é exercer liderança, que a exerça com zelo...”.

PS: artigo republicado nesta data, no retorno do ano letivo, como lembrança da importância do professor e em homenagem àqueles que, sabendo disso, fazem a diferença, ajudando a criar “um mundo novo a cada dia”.

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