quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Eu não fiquei calado

“Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PIG, Partido da Imprensa Golpista”.

Paulo Henrique Amorim, no seu “Conversa Afiada”.

Diminuindo a área de abrangência desse comentário, trazendo tão somente para a nossa usurpada Passos, que há tantos anos convive com algo parecido, chamo meu caro leitor a uma nova reflexão. A existência de um canal de “influência” que tem na histórica Lei de Gérson” o seu lema, nos deixa na obrigação de falar e escrever a respeito. Para quem não se lembra dessa “lei”, ela ficou conhecida nos anos setenta, e fala de pessoas que "gostam de levar vantagem em tudo", no sentido negativo de se aproveitar de todas as situações em benefício próprio, sem se importar com a ética. Retrato mais que fiel da “grande” imprensa passense. Para melhor ilustração sobre a “Lei de Gerson”, a expressão se originou de uma propaganda de cigarros (se não me engano era Vila Rica), que tinha como protagonista o “meia armador” da Copa de 70, onde dizia que uma determinada marca de cigarro era vantajosa por ser melhor e mais barata que as outras, e arrematava no final: “pra quem gosta de levar vantagem em tudo, certo”.

Vejamos isso ante os fatos. O oportunismo dessa parte da imprensa passense é mesmo cruel, os seus interesses particulares estão sempre acima dos anseios e das necessidades da própria cidade. Fácil perceber que esta é financiada pelo capital vindo do “diamante negro” de uma cidade vizinha, que vive hoje seu apogeu político regional, criado por uma rede de manipulação de informações, paga é óbvio. Mais que financiadores, parece mesmo tratar de uma sociedade, onde o mar de minas foi escolhido como paraíso, verdadeiro porto seguro. O dinheiro surrupiado de funcionários, desviados de impostos ou fruto da “benevolência” de bancos estatais, tudo sobre a proteção do “santo” estado democrático, pois a imprensa é a “irmã siamesa da democracia". Peço desculpa ao Ministro no seu demagogo discurso, irmã siamesa da democracia deveria ser a justiça social, a verdade e a liberdade responsável. A imprensa deve ser sim um braço destas, livre e honesta. Livre até mesmo do dinheiro de “sociedades secretas”, como todo mundo sabe que existe por aí e por aqui.

Numa cidade que ainda guarda um “coronelismo” enrustido, esses ainda contam com o medo que alguns têm em serem perseguidos, e também com o silêncio de “autoridades” que preferem não se indisporem com os donos da agenda, num silêncio que chega a doer, pois bem sabemos que adoram um barulho. Isso não é de hoje, tem história esse tipo de comportamento, mas pode vir a ser um tiro no próprio pé, como bem escreveu o Pastor Martin Niemoller:

“Quando os nazistas vieram caçar os comunistas, eu fiquei calado; eu não era comunista. Quando prenderam os social-democratas, permaneci em silêncio; eu não era social-democrata. Quando vieram em busca dos sindicalistas eu não disse nada; eu não era sindicalista. Quando vieram buscar os judeus, não pronunciei palavra; eu não era judeu. Quando vieram à minha procura, não restava ninguém para dizer nada”.

Então, levantemos nossa voz, sob pena de amanhã fazermos parte de uma sociedade acuada e muda. Mas tenho fé que ainda veremos chegar o dia em que a população de Passos, mais esclarecida e bem informada, posto que os acessos à informação se multiplicam, diminuindo cada vez mais a influência nefasta desses, irá perceber o estrago que fazem a nossa cidade, principalmente no arquitetado processo de aniquilar a auto-estima do nosso povo. Nossos cidadãos irão ver também que não é coincidência os anos em que ficamos sem representação política serem os mesmos do monopólio dessa imprensa, sempre com o seu “modus operandi” a tolher toda e qualquer verdadeira nova liderança que aparecesse, tentando ainda inventar alguma, contudo, sem sucesso, graças a Deus.

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