quinta-feira, 13 de março de 2008

Ano de eleição é assim mesmo

Ano de eleição é assim mesmo, mas não devia. Volto um pouco no tempo, mais precisamente ao mês de setembro de 2006, quando entreguei à administração municipal um relatório intitulado “Relevantes modificações visando o futuro do trânsito em Passos”. Fruto da preocupação com uma cidade que chegava aos 35 mil veículos, hoje estamos às portas de 40 mil, neste relatório eu enumerava uma série de medidas que entendo necessárias para enfrentarmos os problemas do trânsito, os já existentes e os que certamente estão por vir.

A título de registro, cabe aqui colocar algumas das medidas que julgava e ainda julgo importante e que consta do relatório: Abertura de vias interrompidas ou seccionadas: Amapá/Bernardino Vieira, Rua Santa Casa, Av. Sabiá, Av. José Caetano de Andrade, Perimetral...; Ampliação dos binários (uma indo e outra voltando): Goiás/Pará, Barão de Passos/Amapá e Bernardino Vieira, Santa Casa/Jose Merchioratto...; Alguns novos trechos de mão única; Remodelação da Av. Arouca com canteiro central e etc.; Aumento de Passeios: Trav. Mons. João Pedro e Joaquim Getúlio; Travessias elevadas de pedestres (em vários pontos de grande fluxo de pedestres); melhorias e modernização dos semáforos; sinalização indicativa (turística); dentre outras sugestões contidas num documento de dez folhas.

No começo deste ano escrevi aqui mesmo: “Esse primeiro semestre de 2008 tem tudo para ser muito especial para a Transpass. A operacionalização de tudo que foi sonhado em termos de estruturação, as mudanças que foram exaustivamente pensadas e criteriosamente discutidas, estão sendo realizadas. Nesta última expressão usada, isso significa a hora da ação, momento do sonho se transformar em realidade, de materializá-lo.” Trecho resgatado do artigo denominado “Há 10 anos”. Neste eu também lembrava: “Neste período vi muita coisa mudar no trânsito de nossa cidade. A principal delas diz respeito ao número de veículos, que dobrou neste período”.

Longo mas necessário esse prefácio para que melhor se entenda este artigo. Depois de tudo isso e muitas outras coisas ocorridas neste intervalo de um ano e meio, não é que somos surpreendidos com um sinal dos velhos tempos. Sem mesmo que se desse os três meses necessários para uma verdadeira avaliação da mudança, a mão forte do poder guiada por um “expressivo” abaixo assinado de 200 pessoas (0,2 % da população), determina a volta ao passado com o retorno da mão dupla na Rua Barão de Passos. Esse fato, atrelado ainda à ordem de paralisar as demais mudanças já iniciadas, nos trouxe de volta a realidade.

Junto com a “Barão” deve voltar também a Rua Dr. Bernardino Vieira (trecho da delegacia), pois realmente não faz nenhum sentido, já que se tratava de um binário. Coincidência ou não essa é a via onde a mudança foi criticada publicamente pelo Delegado Regional de Polícia. Abrindo um parêntese nesta questão, nunca gostei das escolhas feitas pela delegacia sobre o local onde se realiza os exames para carteira de motorista. Primeiro levaram para perto da Santa Casa, que por si só já tem um trânsito enorme, agora voltam para perto da Delegacia, na região central, com ruas totalmente inadequadas. Porém, durante o tempo em que fui Diretor de Trânsito, por uma questão de ética, nunca me pronunciei publicamente sobre isso, por se tratar de decisão que cabe única e exclusivamente a Delegacia, que muito provavelmente devem ter suas razões técnicas para tal escolha.

Não sou inocente em acreditar que já estamos maduros o suficiente para acreditar que entre uma decisão técnica e um pedido político a primeira se sobressairia. Mas na verdade confesso que fui pego de surpresa com a decisão de voltar “boa parte” da Rua Barão de Passos para mão dupla, ainda mais pelo fato de que nesta mesma via está sendo construído o novo e grandioso Pronto Socorro. Acesso facilitado a este será necessário ou será que não?

Sem uma explicação lógica para isso, principalmente pela ordem de paralisação das demais mudanças programadas, resta confortar a equipe da Transpass para que assimile o golpe e pronto, “bola pra frente” ou “para trás”, como querem. A única explicação plausível veio de uma amiga que mora do outro lado do Rio Grande, que me disse assim: “para quem vem do Glória a mudança da Barão de Passos era difícil”. Até entendo, mas quanto a isso eu garanto que com as placas de sinalização indicativa que já estão sendo confeccionadas, isso seria facilmente resolvido.


Um ex-secretário da Prefeitura de Passos certa vez disse que o local é um cemitério de sonhos. Eu já penso que deixar de sonhar é deixar de viver. Continuo sonhando com decisões técnicas em setores técnicos, e faço minhas as palavras de Diego Marchi: "Muitos dizem que sou apenas mais um a tentar. Eu digo que sou menos um a desistir”. Assim, digo que as minhas idéias e projetos para o trânsito de Passos, que contemplam sim mudanças, necessárias e às vezes polêmicas, estão aí para quem quiser continuar de onde parou, ou mesmo melhora-las, pois na verdade já nem minhas são, é de direito do município, pois sou empregado deste, com muito orgulho. O futuro está aí para dizer quem está com a razão, e neste caso nem vai demorar tanto.

2 comentários:

Andrade disse...

belo texto, meu amigo.

ano de eleição (e todos os outros nessa nossa cidade latente...) é assim mesmo. Desistir jamais!

Grande abraço

Unknown disse...

Manda quem pode, obedece quem tem juízo...
Infelizmente no país em que vivemos a regra básica de sobrevivência é esta. A sua parte foi feita, e muito bem feita por sinal. Parabéns não só por este trabalho mas por todos os já feitos pelo município.
Um abraço!
Leandro