domingo, 23 de março de 2008

“Sempre ou Nunca”

A palavra sindicato tem raízes no latim e no grego. No latim “sindicus” denominava o “procurador escolhido para defender os direitos de uma corporação”. No grego “syn-dicos” designava aquele que defende a justiça. Contudo, tanto em um quanto no outro vemos que sindicato está sempre associado à noção de defesa com justiça de uma determinada coletividade. Devendo ser ainda este uma associação estável e permanente de trabalhadores que se unem a partir da constatação de problemas e necessidades comuns.
Nos mais de duzentos anos de história, o sindicalismo foi impactado por diferentes concepções ideológicas, e ao longo dos anos, o movimento sindical ganhou um peso social, sendo uma força decisiva nos contextos nacionais. Pela própria caracterização de movimento, esse não é estático, transformando-se sempre; porém, nos tempos atuais, vem sofrendo muito com o novo e cruel sistema político econômico.
Como a lei brasileira não dá o significado exato de sindicato, sendo que eu não me satisfiz com o que encontrei, pois uma espécie do gênero associação é algo muito superficial, fui atrás de melhores definições, tentando entender qual a verdadeira função de um sindicato. Não sei se presunçosamente, mas me julgo um tanto esclarecido para fazer parte de um há tanto tempo, no caso o “Sempre”, Sindicato dos Funcionários da Prefeitura, e ainda não conseguir entender o seu verdadeiro papel.
Analisando o que vi até agora o nosso “Sempre” não se enquadra em nada nestas definições, portanto vamos nos aprofundar um pouco mais. Para Orlando Gomes esse pode ser sintético ou analítico. Sinteticamente, “é uma associação livre de empregados ou de empregadores ou de trabalhadores autônomos para defesa dos interesses profissionais respectivos. Enunciando, apenas, a situação profissional dos indivíduos e o fim de defesa de seus interesses”. De forma analítica esse pode ser entendido como “um o agrupamento estável de várias pessoas de uma profissão, que convencionam colocar, por meio de uma organização interna, suas atividades e parte de seus recursos em comum, para assegurar a defesa e a representação da respectiva profissão, com vistas a melhorar suas condições de vida e trabalho”.
Continua ainda muito difícil enquadrar o “Sempre” nestas definições, pois na sua história recente teve apenas dois momentos distintos, contudo, nenhum eles muito nobre. Ora foi o “Sempre” um sindicato pelego (onde o líder sindical é de “confiança” do governo e está lá a dizer amém), ora um sindicato partidário (usado politicamente e conduzido para e pela política partidária). É muito triste um movimento desta amplitude e importância, que poderia trazer enormes contribuições para a sua classe, tendo, como vimos nas definições clássicas um enorme e importante papel a desempenhar, se submeter a estes fins e, em ambos os casos, deixando os filiados, sua razão de existir, como meros coadjuvantes nesta história.Pior ainda é saber que a sua diretoria, marionetes em habilidosas mãos, que nada tem a ver com os filiados, não conseguem enxergar o tratamento que é dado aos sindicados depois que esses, usando dos mesmos, conseguem chegar ao poder.

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