quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Eleições Municipais – Executivo – Parte 1 - Resultado

Poderia começar esse artigo com a conhecida frase: “Eu já sabia”, ou ainda, de forma meio arrogante, dizer que errei por 11 votos. Os que são próximos a mim podem facilmente confirmar isso. A vitória do Dr. José Hernani Silveira da coligação encabeçada pelo MPDB sobre Ataíde foi sendo construída há algum tempo, somente aqueles movidos pela paixão, que cega, não viram. Depois de duas derrotas consecutivas, uma para prefeito, para próprio Ataíde e outra para deputado, derrotado em Passos pelo Dr. Jose Orlando (Tuta), Hernani contou desta vez, além do seu carisma e da já conhecida militância, com uma valiosa e decisiva ajuda para ser reconduzido ao cargo máximo da cidade. A derrota do atual prefeito Ataíde Vilela (PSDB) começou a ser escrita na chamada “operação caminhada”, realizada pelo Ministério Público (MP) Estadual.
Para continuar minha análise devo aqui abrir um espaço para pesquisa. Em “Direito e Política: o Ministério Público e a defesa dos direitos coletivos”, de Rogério Bastos Arantes, colhemos alguns números interessantes. Na avaliação de desempenho de órgãos e poderes, o MP estadual obteve 69% entre ótimo e muito bom. Somente para fazermos uma comparação, o Governo do Estado obteve na mesma análise 15% e a Assembléia somente 4%. Quando a pesquisa fala sobre a contribuição dos agentes para o alargamento e consolidação dos direito difusos, coletivos e individuais, aí o MP tem 89% de alto e muito alto, sendo que o executivo não passa de míseros 7%. Quando a pesquisa é feita de modo inverso, apenas 9% responsabilizam o “Parquet” pelo mau funcionamento da justiça. Em síntese, a avaliação do MP junto à opinião pública bate até a do Lula.
Voltando a questão da eleição propriamente dita, longe querer eu desmerecer a vitória do candidato peemedebista, pois até existia uma outra opção de oposição e foi Hernani o escolhido pelo eleitor. Mas na verdade o que vimos foi um julgamento político do atual prefeito diante das acusações que vem sofrendo do MP. Não vou também adentrar muito na condução das coisas pelo MP depois de todo embrolho que se sucedeu com a “operação caminhada”. Constitucionalmente legítimas as ações do MP, foram bastante motivadas pela reação como o prefeito e seus assessores se comportaram. Maus meninos, respondões... Só um pequeno senão se me permitem, podiam ter deixado para depois aquela última ação que apareceu, já que era um caso de 1999, meio esquisito vir à tona dois dias antes da eleição. Mas pra que correr risco, afinal de contas, como os números mostraram no final, até então, se pensarmos numa eventual pesquisa que se poderia ter em mãos, 49 a 45 estaria apontando para um empate técnico.
Não cabe também ao Ataíde reclamar do modo como agiu parte da imprensa passense, principalmente na reta final da eleição. Já devia estar preparado para o pagou-levou de sempre, que em época de eleição todo mundo sabe que ali vira um leilão. Ficaram até chateados com a concorrência da Festa da Penha, lembram do “Igreja caça-níqueis” (dou-lhe uma, dou-lhe duas e dou-lhe três). Mas, afinal de contas, quem já bebeu nessa fonte quatro anos atrás, não tem muito que reclamar.
O atual “arrebenta prefeito” funcionava assim, o sempre competente MP agia dentro da legalidade e os jornais sofismavam a vontade, enfim, vivemos nós numa democracia e como nos brindou um demagogo ministro, essa é irmã siamesa da imprensa.
A história de Davi e Golias engana muita gente desavisada por aí. O desafiando gigantes, somente com o aval e apoio do Senhor, caso contrário é suicídio. Ataíde, diga-se de passagem, muito mal assessorado nesta área, esqueceu que o julgamento político se difere em muito do julgamento do direito. Somente para mostrar apenas um ponto, no último o tempo é aliado, ao contrário do ocorre no primeiro.
Resta ainda um alerta, o grande número de votos brancos, nulos e abstenções, que chegou a quase 22%, são mais de 15 mil desiludidos. Antes que eu esqueça, já que não o fiz antes das eleições neste espaço e para que não haja nenhum mal entendido, meu voto foi em Ataíde. Fiquei pela máxima de que todos são inocentes até que se prove o contrário. Se provado as denúncias contra o prefeito, serei o primeiro a vir a público declarar minha indignação, caso contrário, vou me sentir lesado por um estelionato político. Ah, não se enganem em relação ao MP, pois lá, “pau que dá em Chico, dá em Francisco também”.

Um comentário:

Carlos Alberto Alves disse...

Muita boa análise junior. Vou incrementar o Correio dos Lagos, só como site. E aí vou por um link para o seu blog, se vc permitir é claro.

abs

carlos alberto alves