segunda-feira, 11 de maio de 2009

Ciscando pra trás

A rede mundial de computadores, nossa indispensável internet, reavivou, ou melhor, reinventou a troca de cartas com os chamados e-mails. Com possibilidades infinitamente superiores a do antigo modo, as facilidades desse novo instrumento fazem com que muita superficialidade se difunda, contudo, algumas histórias e até mesmo lendas que nos chegam através de um amigo ou outro, invariavelmente nos põe a pensar de forma mais profunda sobre determinados assuntos. Não é primeira vez que lanço mão de uma dessas, para que num paralelo possamos fazer uma reflexão a respeito das coisas que nos cercam.
Uma dessas histórias fala de “um camponês que criou um filhote de águia junto com suas galinhas. Tratando-a da mesma maneira que tratava as galinhas, de modo que ela pensasse que também era uma galinha. Dando a mesma comida jogada no chão, a mesma água num bebedouro rente ao solo, e fazendo-a ciscar para complementar a alimentação, como se fosse uma galinha. E a águia passou a se portar como se galinha fosse. Certo dia passou por sua casa um naturalista, que vendo a águia ciscando no chão, foi falar com o camponês: - Isto não é uma galinha, é uma águia! O camponês retrucou: - Agora ela não é mais uma águia, agora ela é uma galinha! O naturalista disse: - Não, uma águia é sempre uma águia, vamos ver uma coisa... Levou-a para cima da casa do camponês e elevou-a nos braços e disse: - Voa, você é uma águia, assuma sua natureza! - Mas a águia não voou, e o camponês disse: - Eu não falei que ela agora era uma galinha! O naturalista disse: - Amanhã, veremos... No dia seguinte, logo de manhã, eles subiram até o alto de uma montanha. O naturalista levantou a águia e disse: - Águia, veja este horizonte, veja o sol lá em cima, e os campos verdes lá em baixo, veja, todas estas nuvens podem ser suas. Desperte para sua natureza, e voe como águia que és... A águia começou a ver tudo aquilo, e foi ficando maravilhada com a beleza das coisas que nunca tinha visto, ficou um pouco confusa no início, sem entender o porquê tinha ficado tanto tempo alienada. Então, ela sentiu seu sangue de águia correr nas veias, perfilou de vagar, suas asas e partiu num vôo lindo, até que desapareceu no horizonte azul." Criam as pessoas como se galinhas fossem, porém, elas são águias. Todos podemos voar, se quisermos. Voe cada vez mais alto, não se contente com os grãos que lhe jogam para ciscar. Nós somos águias, não temos que agir como galinhas, como as vezes querem que sejamos. Pois com uma mentalidade de galinha fica mais fácil controlar as pessoas, elas abaixam a cabeça para tudo, com medo. Conduza sua vida de cabeça erguida, respeitando os outros, sim, mas com medo, nunca!”(autor desconhecido)”.
Talvez nosso povo esteja assim, vivendo e pensando como galinha. Quando levado um pouco acima para que enxergasse mais longe, faltou coragem, e a proximidade das verdadeiras galinhas, aquelas que não podem mudar seu destino, fez com que voltassem a ciscar (reza o dito popular que as galinhas ciscam para trás). Todos aqueles que já conseguiram enxergar isso devem lutar para que nossa cidade desperte desse sono dogmático e que seus cidadãos descubram que não somos galinhas. E que também não necessariamente temos que ser pato ou peru.

2 comentários:

Carlos Alberto Alves disse...

Muito bom Waldemar. Principalmente a sua comclusão.

Conrado OP Andrade disse...

Muito bom. Leitura agradável e intrigante. Abraço amigo.
Conrado