terça-feira, 4 de agosto de 2009

Fazendo um bico

Desculpem a ausência nestes últimos dias, estive ocupado com a criação de um novo blog voltado para meus alunos e minha outra profissão, a docência. Fiz também uma pequena viagem de três dias ao interior de São Paulo, mais precisamente na cidade de Amparo, onde reside minha irmã mais nova. São exatamente estes dois pontos que me levam a escrever este artigo.
Primeiramente quero falar sobre esta coisa cada vez mais comum que é ter uma segunda profissão, ou seja, desempenhar outra atividade já possuindo uma anterior. Além de comum é totalmente dentro da lei e da ética, logicamente se os horários forem compatíveis e houver empenho em ambas. Verdade que este fato ocorre mais comumente com a docência, pois esta geralmente tem horários e condições que permitem isso.
Sobre minha viagem para Amparo-SP, que faço em média uma vez por ano já há algum tempo, me surpreendi mais uma vez com a cidade. A cada ano ela está mais bonita e bem tratada. São três mandatos seguidos do mesmo grupo político, o ex-prefeito ganhou duas vezes e fez seu sucessor. O trabalho por lá é muito fácil de ser constatado. Antes que eu me esqueça, trata-se de um governo do PT, mais uma prova de que a competência e a honestidade, assim como a incompetência e a desonestidade, são “apartidárias” em nosso país.
Voltando a minha cidade natal, onde como todos sabem, sou funcionário público e professor, sendo que em ambos os casos eu sigo regras claras de trabalho e horário, vejo que o serviço público, até mesmo nos altos escalões, virou um “passa tempo” para alguns, “um bico”. Numa cidade que chega próximo dos seus 110 mil habitantes, com uma enorme gama de problemas a serem resolvidos vemos pessoas ocuparem cargos no setor público como um “biscate”. Fala-se até mesmo de uma pasta onde ocupantes de cargos de confiança dividiriam o tempo de trabalho entre eles. Mas o que se pode notar é que isto quase sempre acontece com aqueles que não são funcionários de carreira. O servidor de carreira está acostumado a ter horário, a ter sua obrigação diária. Sabe que estará trabalhando no próximo mandato, assim leva com muito mais responsabilidade e amor o que faz, mesmo, ou melhor, ainda mais quando ocupam cargo de confiança.
Como exemplo disso deixo a própria história do Departamento de Trânsito. Estive a frente deste por oito anos, até janeiro de 2007. Nunca trabalhei menos que 8 horas por dia, além de vários sábados, domingos e feriados, sem nunca ter gozado uma férias de verdade, aquelas de ficar 20 dias fora. Neste mandato teve gente de férias no primeiro mês, logo que assumiu. Quando saí da direção do departamento fui substituído por outro funcionário de carreira. As coisas se mantiveram no mesmo patamar de trabalho, pois a visão não se estreita a um único mandato, pensa-se há longo prazo. Meu sucessor, mesmo já sabendo que seria substituído na troca de poder, agiu normalmente no que tange ao trabalho e as responsabilidades deste. Deixou um enorme estoque de material de sinalização, tendo ainda licitado “cinco mil” metros quadrados de pintura viária e até mesmo material semafórico, tudo com os recursos devidamente reservados. Sobre o material semafórico adquirido, com o que se já tinha no departamento, dá para se fazer dois cruzamentos de dois tempos, como por exemplo, na “Rua dos Brandões com Santos Dumont”. Isto é responsabilidade e compromisso com a cidade e não apenas com um grupo. Deveria ser uma prática comum, mas infelizmente não acontece sempre. Outra coisa que não é comum é isto ser divulgado.
Vemos hoje algumas pessoas na prefeitura que deveriam estar trabalhando como funcionários públicos agindo tão somente como conselheiros, numa visão equivocada da sua função no serviço público. Esta outra, de conselheiro, que realmente estão exercendo existe sim, mas dentro dos Conselhos Municipais e não dentro do quadro de funcionários. Temos Conselho Municipal de Saúde, de Meio Ambiente, de Assistência Social, de Educação... Temos ainda o importantíssimo ConCid – Conselho da Cidade, que foi criado pelo novo Plano Diretor. Estes são os locais onde de forma gratuita se faz algo pela cidade, sem os compromissos rígidos de horário e não na administração recebendo salário, em alguns casos, bem gordos, e em cargos que eram até contra a sua criação.

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