segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Fim da quarentena

Algumas imagens valem mais que mil palavras e na semana que passou duas foram de simbologia ímpar. Vimos na imprensa dois veículos de “pernas” pro ar no trânsito em Passos, um na Av. Arlindo Figueiredo e outro bem no centrinho da cidade.
Um significado e tanto para mostrar como as coisas andam, ou melhor, não andam. Há cinco dias atrás eu publicava no meu “blog” um artigo no qual me colocava como estando de quarentena no que tange a falar sobre o trânsito de nosso município. Contudo, isso mudou depois de uma matéria feita pela assessoria de imprensa da prefeitura, digo isso, pois apareceu exatamente igual em mais de um veículo de imprensa, mostrando o secretário de planejamento tentando explicar as ações que vem sendo tomadas no trânsito da cidade e que estão sendo duramente criticadas como não planejadas. Diante disso, lançaram mão de um diagnóstico do final de 2001 encontrado no Departamento de Transporte e Trânsito – Transpass para justificá-las. Quando vi na foto sobre a mesa de “trabalho” os levantamentos feitos há oito anos atrás e o secretário com seus encarregados do trânsito mostrando como se ali realmente se encontrava todas as explicações das ações por eles desenvolvidas, me vi no direito de comentar a vontade sem que violasse a ética.
Primeiramente, é mais que óbvio que o PAITT, esse é o nome: Programa de Ação IMEDIATA de Transporte e Trânsito, repito, com diagnósticos do ano de 2001, jamais poderia prever coisas como o Novo Pronto Socorro e outros empreendimentos como o Supermercado São Jerônimo da Rua da Praia e etc. Só uma mente “gelatinosa” poderia imaginar ter encontrado em alguma prateleira empoeirada da Transpass, num trabalho que já foi explorado nos três anos subsequentes a sua realização, como pode ser facilmente comprovado, até mesmo com o atual secretário de obras, a muleta que precisavam para se escorarem. Essas coisas deve ser fruto do trabalho, podendo ser desenvolvidos com ou sem consultorias, dependendo da necessidade, mas não se acha em prateleiras ou arquivos, e aí sai plantando “estórias”. E se não bastassem os oito anos que separam o PAITT, que conheço muito bem, pois trabalhei “ombro a ombro” na sua elaboração junto aos funcionários da Tectran (Transitus é uma das empresas do grupo), tanto aqui quanto em BH, na sua sede na Rua Pirapetinga, pois foram inúmeros encontros, reuniões, troca de informações, até que o trabalho fosse finalizado, ainda citaram o nome do Engº. Silvestre, um dos proprietários, mas que jamais esteve em Passos, pelo menos no que se refere ao PAITT. Mas como haveriam de saber isso se nem lá estavam nesta. De novo penso que poderiam ter perguntado ao secretário de obras que é o mesmo da época. Então, se querem divulgar nomes para dar mais relevância, falem do Engº Cláudio Lobato, hoje na BHtrans e que trabalhou nos projetos, sendo um dos meus grandes incentivadores em fazer a pós-graduação de trânsito. Falem ainda da Richelle que ficou por conta das pesquisas de campo, além da Dra. Sabina Kauark e da Engª. Valeska Leão na parte do transporte público, pois esses sim trabalharam por aqui com a gente.
Outra incoerência dos mesmos é que, de todo trabalho feito, a maior parte diz respeito ao transporte público, tendo gerado a licitação do mesmo e o sistema que agora eles já estão abandonando, afinal, se passaram oito anos. Não por acaso que se têm dois “T”, o outro é de transporte. Na verdade, a utilização do PAITT todo esse tempo depois não passa de uma forma de tentar dar alguma sustentação ou ar de planejamento nas ações que agora se desenvolvem. Preferiram lançar mão do já envelhecido PAITT ao invés de fazer um novo trabalho ou admitir de onde tiraram a atual linha de pensamento, se ela existe. Porém, entre saber o que fazer, copiado de algum lugar, e saber como fazer, têm uma grande diferença, mas isso eles já estão sentindo. Seria mais digno pegar o PAITT e trocar por PART – Programa de Ação Retardada de Trânsito (poderia aproveitar esse momento e trocar a capa para vermelho, pois a original tem predominância azul, da Transitus, pois é anterior a medíocre imposição atual de cores), pois assim ficaria mais coerente, sai o “Imediata” que não combina com os oito anos que se passaram e também excluem o transporte. Seria até engraçado se não tivesse sido rompido a barreira do ridículo e passado a ser patético.
De algumas pessoas se espera de tudo, mas confesso que outras têm me surpreendido. A dissimulação como forma de encobrir a falta de preparo tem sido facilmente vista por quem conhece um pouco, mas para quem conhece muito do assunto, soa grotesco. Na plantada matéria usaram até o nome de uma pessoa como tendo falado algo de apoio, isso tentando também dar mais credibilidade, como se dissessem que os que lá estavam eram pouco para isso.
Todos sabem o perigo que é um lobo na pele de cordeiro, mas também se o Pastor dessas não for preparado para conduzi-las, os riscos são maiores ainda para todo rebanho.
Para encerrar, penso ser mais vergonhoso enrolar os leigos e a imprensa da cidade do que admitir a necessidade de ajuda, isso não é vergonha alguma, pois ninguém nasce sabendo. Sobre a imprensa, que também não é nenhuma “expert”, quando pega essas matérias plantadas e publica sem nenhum “porém”, tem sido muito ingênua, o que muitas vezes significa omissão e em outras falta de compromisso com o leitor, gerando até mesmo desconfiança quanto à integridade da mesma.
Parafraseando Adlai Stevenson: Se algumas pessoas pararem de dizer mentiras, prometo que eu paro de falar verdades a respeito delas.

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