quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Verdadeiras Milícias

Vendo uma matéria sobre o modo de atuação das milícias cariocas algumas coisas me chamaram atenção. O autor da reportagem narra a forma cruel como eles impõem suas vontades. Outrora tidos como justiceiros, no sentido de quem faz justiça, sabe-se agora que estão muito longe disso, sendo na verdade criminosos que vivem da exploração das pessoas, mesmo dos de bem. Assim o fazem sempre através de extorsão mediante chantagem, ameaças e etc., sendo que agora nem mesmo este expediente se torna necessário, pois, comerciantes e moradores dos locais dominados pelas milícias, vendo o que acontece com aqueles que ousam desafiar as mesmas, de bom grado já dão sua “contribuição”, firmando ali uma espécie de acordo, no qual também tentam levar vantagens com a retaguarda dada pelas milícias. Mas podemos notar um “modus operandi” similar a este aqui mesmo em nossa cidade.
A imprensa, ou melhor, a parte suja dela, vem agindo desta mesma forma. Fica muito evidente o que é feito com aqueles que ousam não pagar a “diária”. Fácil por demais notar a tentativa de aniquilamento destes, pois essa teimosia deles pode se tornar perigoso para o negócio. Por outro lado, aqueles que se “enquadram” são ovacionados até mesmo por seus atos de covardia e submissão. Façamos o exercício do pensar, quantas vezes você já leu elogios a políticos e pessoas que estão à frente de instituições (fundações, cooperativas, associações e etc.) que na mesma proporção fazem anúncios no órgão de imprensa que vocês estão pensando agora? Coincidência?
Por outro lado, aqueles que resolveram erguer sua voz e enfrentar estes, vêm sendo perseguidos com todo ardor. Simples demais para qualquer um perceber isso, apenas um olhar mais atento e vê-se a forma como os desafetos, que na verdade nada mais são que aqueles que não aceitaram pagar a milícia, são tratados nas obscenas páginas do “seu negócio”.
Nos últimos dias, pode-se também com muita facilidade notar o desespero que assola o mesmo, pois com um grande negócio fechado com pagamento futuro, ocorrendo uma probabilidade de não concretização, em vez de reportagens jornalísticas, estampam-se nas suas folhas uma verdadeira campanha em prol do “deixe isso debaixo do tapete” (varrido já tava). Como pode, afinal de contas, não éramos nós (ou eles, sei lá) os defensores da transparência, baluartes da ética. Mas com a possibilidade do “cheque pré-datado” virar “cheque sem-fundos”, o falso discurso mudou rapidinho, caiu a máscara... Pois afinal, se isso ocorre, receber como? De quem? Aí a uva poderia secar não é mesmo, pois há anos a parreira é regada desta forma.

Um comentário:

jeff-interlinguas disse...

Lá vem eu comentando novamente...
Junior, você se lembra do Justo Veríssimo? Pois é, parafraseando um pouco, "eu quero que político carioca se exploda"!! Tá bom, tá bom: abro uma pequena exceção ao Gabeira e ao Stepan em nome do mate-que-não-se-bebe.
Mas, falando sério, as tais milícias cariocas atingiram um nível de profissionalismo tal qual a Camorra Siciliana. E com os "politicozinhos" que existem no RJ vai ser difícil dar fim àquelas.
Abraços.