domingo, 6 de janeiro de 2008

Autoridade

A cada nova leitura, até mesmo um bom filme, ou ainda alguma coisa que presenciamos, experiências vividas, notícias vindas de longe, ou de perto, sempre fica algum ensinamento. Têm-se sempre algo que podemos, ou melhor, devemos repassar, compartilhar para o crescimento de todos. Falo isso logicamente em relação a pessoas que, como eu, tem prazer no aprender, em tentar ser alguém melhor que ontem.
Essa introdução se deve ao fato de que hoje estou a escrever sob fortes influências de várias leituras simultâneas, todas de alto quilate e profundidade, mas de uma mesma ternura e simplicidade, culminando ainda com alguns fatos da vida real que reforçam minha vontade de escrever a minha gente. Entrando realmente no assunto que quero falar hoje, recordo algumas marcantes palavras do florentino Nicolau Maquiavel, que dizia que o governante (termo a ser estendido para uma melhor análise ante ao que ocorre na atualidade) deve ser antes temido do que amado, isso por si só já explica porque o seu nome virou sinônimo de algo perverso, dando a este celebre pensador um rótulo não tão merecido. Contudo, existe mesmo uma gama de pessoas, das mais variadas funções dentro da sociedade, seguidores desta mesma opinião. Algumas dessas ocupam posições onde isso parece ser totalmente inaceitável, pois devia ser a admiração, ou algum sentimento análogo, a razão de sua existência funcional, mas realmente preferem mesmo é ser temidos.
Penso que tudo na verdade é uma eterna briga entre o ter e o ser. Quem tem uma verdadeira autoridade, não necessita ficar demonstrando através da força, pois somente pela moral seria suficientemente entendida e aceita as suas razões e seus porquês. Nota-se claramente que toda demonstração exagerada de poder tem no fundo algum problema com aquele que o exerce, como exemplo fácil de ser entendido podemos dar os regimes ditatoriais que vemos por aí e já sentimos na própria pele. Tem gente até que se inspira na inquisição. Para que fique mais bem entendido, vejamos a diferença entre poder e autoridade. “Poder: Ter a faculdade ou possibilidade de; ter autorização para; ter ocasião ou oportunidade de; ter força para; ter o direito de; ter influência. Autoridade: Direito de se fazer obedecer; poder de mandar; prestígio; magistrado que exerce o poder; pessoa competente no assunto”. Antônio Olinto.
Para o jurista Hely Lopes de Meirelles, o preferido de dez entre dez quando o assunto é Direito Administrativo, a autoridade está em um patamar acima, sendo o poder o braço que a exerce. Como se pode observar nas definições citadas, o conteúdo de “Autoridade” representa uma condição ascendente, de comando, estando mesmo acima de “Poder” que reflete mais precisamente situações de execução.
Na dinâmica atual o poder exerce forte fascínio sobre as criaturas, onde muitas pessoas desejam ocupar cargos para exercê-lo sobre outras pessoas, mas poucas sabem usa-lo com a verdadeira e legítima autoridade. Ter poder não é o mesmo que ter autoridade, principalmente quando esse vem tão somente de dinheiro ou qualquer outra maneira que não o legitima, principalmente fazendo uso exagerado da força ou de vingança pessoal, às vezes até mesmo covarde, pois não dá à outra parte a possibilidade da defesa legal.
O ponto chave se explica com a diferença entre ter autoridade e ser uma autoridade. O ser uma autoridade quer dizer que certa pessoa é geralmente reconhecida como tal, não precisa ficar provando que é. Vemos milhares demonstrações de poder onde há falta autoridade, e o que é pior ainda, a falta dessa muitas vezes é moral, assim, resta tão somente a força. Para detectar isso, basta tão somente uma simples pergunta: O que lhe dá o direito de agir assim? Se a resposta não for algo concreto, ou for alguma soberba qualquer, oriunda e embasada na “força”, essa é uma autoridade forjada, usando de arbitrariedade.

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