segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Cidadania x Hipocrisia

A palavra cidadania, deriva de cidade e é estudada desde Aristóteles, porém, de tanto uso “populista”, perdeu-se seu verdadeiro entendimento. Na sua real acepção pode ser compreendido mais facilmente se pensarmos a cidade como o Estado, pois assim era na antiguidade e desta forma fica mais simples o entendimento. Sendo o cidadão aquele que integra uma sociedade, ou seja, detentor de um amplo conjunto de direitos, mas também de deveres, chega-se à idéia central deste texto. Uma vida urbana fica muito mais afável e seriamos mais felizes enquanto sociedade se cada um cumprisse integralmente suas obrigações, também lutasse por seus direitos, mas doasse de si um algo a mais, que faria toda a diferença entre o que temos hoje e a cidade que desejamos.

Tudo bem que pagamos impostos, temos obrigatoriamente que cumprir as leis, mas isso é insuficiente se cada um não der uma parcela extra. Isto vale para qualquer lugar do mundo, aqui não seria diferente, entendo mesmo como essencial. Por exemplo, fica muito difícil para uma Prefeitura Municipal qualquer capinar todos aqueles matinhos que nascem junto ao meio-fio na cidade, contudo, cada um de nós teria no máximo uns dez metros ou alguns poucos ramos na porta de nossas casas para cuidar. Quem não conhece algum exemplo de atitude simples que muda e alegra a vida da cidade? Inúmeras são as iniciativas espontâneas que vemos por aí, pequenos gestos aplicados ao dia a dia que são capazes de trazer mais alegria ao nosso cotidiano.

Recordo aqui de uma cena que presenciei dias atrás enquanto caminhava pela Avenida da Moda. Em frente à rotatória que existe na porta do Colégio Status, já no final da tarde, provavelmente depois de um dia inteiro de trabalho, Dr. Luiz Mezêncio cuidava do ajardinamento do local. Depois de muitos anos entendi o real significado da frase que estampava sua clínica: “mens sana in corpore sano”. Isto tudo sem fazer nenhum alarde para promoção pessoal, uma aula prática de cidadania.

Por outro lado, temos também os “falastrões”, ou melhor seria, “fanfarrões”, adeptos do famoso “faça o que eu falo (escrevo), mas não façam o que eu faço”, uma prática que estamos nos acostumando a ver aqui em Passos. Vezes se escondem atrás de ONGs (sobre essas, ouvi essa semana que o Brasil é o único país do mundo onde as “organizações não governamentais” sobrevivem de dinheiro público), outras adulam igrejas e imprensa, sempre bajulando também o Ministério Público. Porém, faz tudo isso muito bem pago e ainda amparado no discurso de que não deve satisfação alguma dos seus atos. Quem paga o salário dos “assessores” dos queridos deputados? Será dinheiro do próprio bolso dos parlamentares? Haja bajulação ao MP e a “imprensa” para tamanha vista grossa. Isto é o avesso da cidadania, pode-se chamar também de hipocrisia.

Querer viver bem, com qualidade de vida, é o que todos nós almejamos, por isso levantamos todos os dias e nos dispomos a trabalhar, a estudar e etc. Então, o que temos a fazer é criar um projeto de sociedade justa, desenvolvida sob princípio Cristão, solidária e livre. Nesta sociedade não tem lugar para mentiras e falsidades ideológicas, onde oportunistas políticos de discursos prontos teimam em querer ser os donos da verdade e baluartes da ética, quando na verdade seus atos não corroboram isso. Mas, para que esses não continuem a usar destes artifícios, passando por aquilo que não são, necessitamos ter cidadãos verdadeiramente esclarecidos, dispostos a ocupar o espaço desses oportunistas, sendo isso também um ato de cidadania, aquele algo a mais que falei no início deste artigo.


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