domingo, 6 de janeiro de 2008

Oposição oportunista

Nada mais tranqüilo que o eterno viver na oposição. Da-se ao luxo de responder quase sempre igual a qualquer pergunta, indagação, questionamento... Aos eleitores, simpatizantes, companheiros e afins tem sempre a boa desculpa do “não me deixam fazer nada, bem que tenho vontade, mas...”. O oposicionista inveterado não vive só na política, apesar de ser nela que se encontra um grande número desses, talvez por ser um habitat natural para a espécie. Mesmo sendo este o local propício para sua boa vida, onde se sente mais a vontade, a espécie em questão pode ser encontrada em vários outros locais, na sua interminável busca pelo defeito alheio.
É fácil detectar um oportunista de oposição, ele está sempre pronto a rotular, apto a classificar e avaliar tudo e todos que vê, tem sempre “aquela mesma velha opinião formada sobre tudo” e todos. Geralmente está reclamando, com seu enorme potencial para tomar atitudes e posicionamentos, sem apresentar soluções. Por incrível que pareça, esses oposicionistas oportunistas chegam a ser admirados por alguns, principalmente por outros de conduta similar, não tão oposicionista, mas oportunista.
Mas como tudo tem sempre um fim, chega o dia em que esses oposicionistas de carreira chegam ao lugar onde teoricamente pretendiam. Neste momento em que passam de “estilingues a vidraças” é onde os mesmos se desestabilizam. Chegam próximo do desequilíbrio emocional, pois as suas condutas e seus discursos não lhes proporcionam o preparo adequado para este momento, pois agora não basta mais falar, é preciso trabalhar. É neste instante que o grupo (sim, geralmente se unem desta forma) invariavelmente irá se rachar, pois os que são “de carteirinha” tendem a voltar para o confortável papel do qual não abrem mão, serão novamente oposição, agora dos seus antigos companheiros.
Abro aqui um espaço para deixar claro que existe oposição séria sim. Tem-se trabalho muito importante de oposição, como o de fiscalizar, contrapor, mediar e muitos outros, porém, a diferença está naqueles que o executam, a sua postura e a verdadeira finalidade. Principalmente, com a apresentação de propostas concretas e não só de questionamentos vagos. Lembro-me bem, além de já ter ouvido e lido a respeito, que o ex-prefeito Nelson Maia governou Passos com uma Câmara Municipal quase toda de oposição. Mérito do ex-prefeito, mas também da legislatura da época, que soube fazer oposição sem que fosse visto excessos e nem tão pouco oportunismos. Vereador usava a tribuna, um dos seus verdadeiros locais de trabalho. Hoje, de forma covarde, alguns Edis fogem do enfrentamento político limpo, jogando somente nos bastidores.
A oposição oportunista utiliza todos os artifícios para enfraquecer e tentar desmoralizar aquele que está na situação. “Trabalha” sempre o velho discurso de que seu papel é fiscalizar e propor alternativas, contudo sem nunca apresentá-las. Tem a idéia fixa de que todo mundo é desonesto, exceto eles é óbvio, mesmo quando pegos lavrando contratos ilegais, extorquindo seus empregados, assinando por outras pessoas, fazendo gravações clandestinas, desviando impostos nas suas empresas e etc. Assim, essa velha oposição vai se sentindo tranqüila, navegando em águas calmas, fazendo parte de um perigoso tripé, pois todos nós sabemos que o dia em que um desses faltar, os outros dois não se sustentarão. Outra característica marcante da personalidade desses é a ironia que tratam tudo, adoram quando algo dá errado, motivo para uma boa piada, mesmo que isto venha a recair sobre aqueles que estão a sua volta.
Como frisei no começo deste, a postura narrada aqui tem seu fundamento e mais simples percepção na política, onde é facilmente exemplificada, contando ainda com a máxima de que o povo tem memória curta. Mas pessoas com este perfil você poderá identificar rapidamente também a sua volta, notará isso ocorrendo em vários outros lugares é só prestar atenção.

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