domingo, 6 de janeiro de 2008

Perguntas de um trabalhador que lê

Dias atrás, aqui mesmo no Correio dos Lagos, li sobre a homologação da nova pista do Aeroporto Municipal “José Figueiredo” e senti falta na matéria de um nome, não sei ao certo o motivo, mas creio ser fruto principalmente da própria timidez da pessoa a que me refiro. Como presenciei boa parte do andamento deste processo e vendo toda a sua dedicação ao trabalho e mais precisamente ao setor de turismo, decidi escrever o artigo de hoje em homenagem ao amigo Conrado e aos demais “Conrados” que existem por aí, especialmente no serviço público, sempre tão desgastado por alguns que não honram os cargos e funções que ocupam. Assim, resolvi dar o nome de “Perguntas de um trabalhador que lê”, um inspirador poema de Bertold Brecht.
“Quem construiu a Tebas de sete portas? Nos livros estão nomes de reis. Arrastaram eles os blocos de pedra? E a Babilônia várias vezes destruída. Quem a reconstruiu tanta vezes? (...) A grande Roma esta cheia de arcos do triunfo. Quem os ergueu? (...) Frederico II venceu a Guerra dos Sete Anos. Quem venceu além dele?
Cada página uma vitória. Quem cozinhava o banquete? (...) Tantas histórias. Tantas questões.”
Até pouco mais dois anos, mais precisamente quando conheci o então recém nomeado Supervisor de Turismo da Sictur - Conrado, sempre enxerguei o turismo somente como sendo uma coisa a se fazer longe da sua terra, ou, como define o Aurélio, “viagem ou excursão feita por prazer, a locais que despertam interesse”. Ainda não tinha o conhecimento a respeito do assunto que tenho hoje, quase todo passado pelos meus amigos turismólogos Conrado e Rafael, respectivamente, vice-presidente e gestor do Circuito Turístico “Nascentes das Gerais”, ou ainda pelas inúmeras matérias sobre o setor que eles me mandam ou comentam nas suas intermináveis discussões e debates. Hoje sei, dentre outras coisas, que o turismo é o setor que mais gera emprego no mundo, sendo de suma importância para diversas regiões do Brasil e sem dúvida alguma um segmento que cresce e se destaca cada vez mais em nossa cidade e região.
A atividade do turismo vai muito além do que se imagina, possuindo inúmeros segmentos, como o turismo de compras, de lazer, de eventos e outros tantos. Pasmem, existe até um novo tipo chamado de ‘turismo’ de saúde (quando oriundo de um tratamento ou mesmo de uma simples consulta, onde por trás disso ocorre todo um sistema de atendimento envolvido, para o paciente, seus familiares, acompanhantes e etc.). Para que o turismo se desenvolva com qualidade e solidez numa cidade e região, exige-se a necessidade de investimentos por parte do poder público e também do setor privado, além do engajamento de todos. Os benefícios do desenvolvimento deste setor vão muito além da geração de empregos e dos empreendimentos particulares, o que por si só já se ‘valeria a pena’. Contudo, esse processo exerce uma mudança positiva nas cidades envolvidas, como o que vem acontecendo em nosso município. O processo exige o aprimoramento da mão de obra, melhoria da infra-estrutura e dos equipamentos públicos e isto incide beneficamente a todos e não somente aos turistas. Em Passos, como exemplo disso, temos a nova rodoviária, novo terminal e sistema de transporte coletivo urbano e o aeroporto municipal, além de todo o investimento feito pela rede hoteleira, restaurantes, bares e etc.
Voltando então ao nosso aeroporto, foram inúmeras visitas dos órgãos responsáveis, como o III Comando Aéreo Regional, ligado ANAC (antigo DAC) e sempre lá estava o Conrado a recebê-los com a sua natural educação e simplicidade. Depois de cada visita ficava sempre uma lista de exigências: cercas a serem feitas, antenas, telefone público, segurança do local, poda de árvores nas proximidades da pista, placas de sinalização interna e externa, manutenção sistemática da “Biruta”, intermináveis ofícios e memorandos, e muito, muito trabalho a fazer. Nada parecia desanimar o sempre calmo e tranqüilo Conrado. "... quase todo o segredo dos grandes corações está nessa palavra: - perseverança”. Hoje, já o conhecendo bem, sei que o jeito de ser é também uma herança genética, neto de artista, mistura exata do Arquiteto Rubinho e da Professora Leila, calma e obstinação, talento e perseverança, porém, seu jeito discreto às vezes o deixa aquém do seu verdadeiro valor, isto evidentemente só a luz dos holofotes, não para quem o conhece, trabalha com ele ou tem o prazer de te-lo como amigo.
“Para ser grande, seja inteiro. Nada seu exagere ou exclua
Seja tudo em cada coisa. Ponha o quanto (você) é no mínimo que faz.
Assim em cada lago a lua toda brilha,
Porque alta vive”. F. Pessoa.

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