domingo, 6 de janeiro de 2008

Partidos Políticos

“Os partidos políticos são, atualmente, indissociáveis da nossa vida em democracia... constituem elementos fundamentais de organização da sociedade civil... permitem aos governos se definirem ideologicamente conforme programas previamente estabelecidos e debatidos nos períodos eleitorais...” palavras da Professora Maria Izabel Noll, da UFRGS. Para o Direito trata-se de pessoa jurídica de direito privado, e pode ser definido, de forma genérica, como sendo uma agremiação de cidadãos com afinidades ideológicas e mesmos fins políticos, a unidade básica das estruturas políticas da maior parte das democracias mundiais na atualidade. Nestes mesmos contextos e conceitos é que todos os partidos políticos brasileiros deveriam estar incluídos, deixando democraticamente, para a apreciação das urnas, a melhor classificação e apuração sobre os mesmos. Mas infelizmente não é bem isso que estamos presenciando em nosso país.
A opinião do escritor português Jose Saramago, Prêmio Nobel de Literatura, diga-se de passagem, o único de um escritor da língua portuguesa, “O Brasil não tem partidos, há grupos de interesse, alianças... O caciquismo ainda opera no Brasil... mas o poder não realiza utopias”, mesmo não havendo nenhum tecnicismo nesta sua análise é a que talvez melhor defina a nossa realidade atual no que tange a esse assunto. Em meio a tudo que estamos assistindo nestes dias, tamanha a degradação, onde não conseguimos distinguir quais agremiações partidárias não estão envolvidas, ou que pelo menos não possui no seu quadro de filiados tantos políticos submersos em desvios de dinheiro público e coisas do gênero, parece que a afirmação do ilustre escritor é a que, pelo menos temporariamente, melhor define nossos partidos políticos.
Infelizmente parece que nenhum dos grandes partidos políticos do nosso país consegue escapar a essa triste realidade. Alguns preferem até mudar de nome, apagar um passado não tão glorioso, como se isso resolvesse questões bem mais profundas. O fato do Partido Liberal mudar para Republicano, do PFL virar DEM, numa tentativa de expelir alguns fantasmas que ainda assombram essa agremiação, não muda nada. Outros como o PMDB nem sonham em mudar de nome, pois só o passado de Ulysses Guimarães e Tancredo Neves, além do remanescente e ético Pedro Simon, ainda mantém o partido como uma das maiores legendas do País, pois, atualmente, o partido “dirigido” por Michel Temer e Renan Calheiros tem gerado não mais que escândalos. E por falar em Renan Calheiros, o presidente do Senado parece que faz escola dentro da sua sigla. Pelos lados do Rio Grande, a “boca miúda” diz que por aqui também existe ‘relacionamento afetivo’ entre político e jornalista. Confirmado o fato, teremos um clone de Renan Calheiros para fazer dupla com o Temer.
Outros dois “grandões”, PT e PSDB, parecem que copiam os discursos um do outro, logicamente, de quando tinham a situação política invertida. Nada mais PT que os tucanos na oposição, pedindo CPI, travando a pauta e etc., e de outro lado os companheiros se opondo a greves, falando que CPI é anarquia, vai entender. Assistimos a um completo relativismo político, onde “as amizades ficam relativas, a moral fica relativa, as convicções ficam relativas, tudo fica relativo”. Assim sendo, está valendo mesmo é a máxima daquela piadinha meio sem graça, “se fosse ‘bão’ não era partido, seria inteiro”.
Gostaria de finalizar ressaltando que o dinheiro devido ao INSS, com agravante de já ter sido descontado do trabalhador, e empréstimos junto a instituições financeiras públicas, como Banco do Brasil, não pagos, também deve ser incluído como desvio de dinheiro público. Neste sentido a Polícia Federal poderia deflagrar uma operação, fica como sugestão de nomes: ‘Folhas Verdes’ ou ‘Manhãs Limpas’. “Por Passos, Por Minas, Pelo Brasil”.

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