“Os partidos políticos são, atualmente, indissociáveis da nossa vida em democracia... constituem elementos fundamentais de organização da sociedade civil... permitem aos governos se definirem ideologicamente conforme programas previamente estabelecidos e debatidos nos períodos eleitorais...” palavras da Professora Maria Izabel Noll, da UFRGS. Para o Direito trata-se de pessoa jurídica de direito privado, e pode ser definido, de forma genérica, como sendo uma agremiação de cidadãos com afinidades ideológicas e mesmos fins políticos, a unidade básica das estruturas políticas da maior parte das democracias mundiais na atualidade. Nestes mesmos contextos e conceitos é que todos os partidos políticos brasileiros deveriam estar incluídos, deixando democraticamente, para a apreciação das urnas, a melhor classificação e apuração sobre os mesmos. Mas infelizmente não é bem isso que estamos presenciando em nosso país.
A opinião do escritor português Jose Saramago, Prêmio Nobel de Literatura, diga-se de passagem, o único de um escritor da língua portuguesa, “O Brasil não tem partidos, há grupos de interesse, alianças... O caciquismo ainda opera no Brasil... mas o poder não realiza utopias”, mesmo não havendo nenhum tecnicismo nesta sua análise é a que talvez melhor defina a nossa realidade atual no que tange a esse assunto. Em meio a tudo que estamos assistindo nestes dias, tamanha a degradação, onde não conseguimos distinguir quais agremiações partidárias não estão envolvidas, ou que pelo menos não possui no seu quadro de filiados tantos políticos submersos em desvios de dinheiro público e coisas do gênero, parece que a afirmação do ilustre escritor é a que, pelo menos temporariamente, melhor define nossos partidos políticos.
Infelizmente parece que nenhum dos grandes partidos políticos do nosso país consegue escapar a essa triste realidade. Alguns preferem até mudar de nome, apagar um passado não tão glorioso, como se isso resolvesse questões bem mais profundas. O fato do Partido Liberal mudar para Republicano, do PFL virar DEM, numa tentativa de expelir alguns fantasmas que ainda assombram essa agremiação, não muda nada. Outros como o PMDB nem sonham em mudar de nome, pois só o passado de Ulysses Guimarães e Tancredo Neves, além do remanescente e ético Pedro Simon, ainda mantém o partido como uma das maiores legendas do País, pois, atualmente, o partido “dirigido” por Michel Temer e Renan Calheiros tem gerado não mais que escândalos. E por falar em Renan Calheiros, o presidente do Senado parece que faz escola dentro da sua sigla. Pelos lados do Rio Grande, a “boca miúda” diz que por aqui também existe ‘relacionamento afetivo’ entre político e jornalista. Confirmado o fato, teremos um clone de Renan Calheiros para fazer dupla com o Temer.
Outros dois “grandões”, PT e PSDB, parecem que copiam os discursos um do outro, logicamente, de quando tinham a situação política invertida. Nada mais PT que os tucanos na oposição, pedindo CPI, travando a pauta e etc., e de outro lado os companheiros se opondo a greves, falando que CPI é anarquia, vai entender. Assistimos a um completo relativismo político, onde “as amizades ficam relativas, a moral fica relativa, as convicções ficam relativas, tudo fica relativo”. Assim sendo, está valendo mesmo é a máxima daquela piadinha meio sem graça, “se fosse ‘bão’ não era partido, seria inteiro”.
Gostaria de finalizar ressaltando que o dinheiro devido ao INSS, com agravante de já ter sido descontado do trabalhador, e empréstimos junto a instituições financeiras públicas, como Banco do Brasil, não pagos, também deve ser incluído como desvio de dinheiro público. Neste sentido a Polícia Federal poderia deflagrar uma operação, fica como sugestão de nomes: ‘Folhas Verdes’ ou ‘Manhãs Limpas’. “Por Passos, Por Minas, Pelo Brasil”.
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