quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Contrapor

Passando alguns dias de férias em Belo Horizonte, me coloco em frente ao computador num proposital exercício de escrever pela primeira vez longe da minha cidade. Dias atrás, logo na chegada a capital do nosso estado, sou surpreendido com um inusitado convite para participar de um curso de Sociologia e Filosofia na Rede Pitágoras. Como costumo acreditar que tudo tem uma razão de ser, estou trocando parte das minhas férias por essa fabulosa e instigante oportunidade. A possibilidade de ouvir e discutir sobre o ser humano, suas dúvidas e angústias, o mundo em que vivemos, isto tudo dentro de uma das mais conceituadas escolas do país, com um grupo brilhante, está sendo uma experiência enriquecedora.

A vontade de ser formador de opinião, não no sentido de incutir aos outros a minha opinião, mas sim de dar a eles os recursos necessários para formar a sua própria, não tem gerado nenhuma contradição com o estudo que estou realizando. Porém, essa nova experiência reafirma minha vontade de não querer ser o dono da verdade, de tentar impor idéias, mas trazer a discussão algumas questões e assuntos que são apresentados somente sob um prisma, com forte influência dos chamados donos da agenda, leia-se, parte da mídia que se julga no direito de moldar imagens e dar conceitos que nem mesmo eles detêm.

O que talvez possa acontecer é aumentar em mim a postura de ser o contrapondo, usando e abusando da interrogação. Abriu também minha visão da não necessidade de negar o outro lado. Por falar em lado, mesmo aqueles que o negam, tentando assim passar uma idéia de neutralidade, tem lado e muitas vezes o encobrem justamente para fazerem uma apropriação daquilo que chamam e tentam passar como “verdade”, mas que de fato visa a atender apenas seus interesses privados, especialmente os financeiros, há médio prazo.

Uma cultura crítica é uma cultura sem guardiões. Não há nela nomes sagrados, nem lugares sagrados, nem tempos sagrados... Não há âmbitos fora do alcance da crítica. Daí que uma cultura possa encontrar narcisismo dos produtores de cultura. Mas uma comunidade crítica sabe que a cultura é denominado (sobremaneira – grifo meu) importante para deixá-lo apenas nas mãos dos seus produtores. Uma comunidade crítica sabe que, chegado o momento, os líderes da produção cultural podem ser líderes da barbárie”.

Assim, meus amigos, leiam a Veja, mas não esqueçam de ver também a Isto é, e principalmente a Carta Capital, o avesso dessas. Sobre a TV, no que tange aos noticiários, caso não lhe sobre tempo para acompanhar mais de um diariamente, promova um rodízio entre os canais. Quanto ao jornal escrito, além da necessidade da leitura de pelo menos dois, faça-as sempre com um olhar deveras crítico, sob pena de virar presa fácil e tornar-se um multiplicar de mentiras. Já em relação aos meus artigos, continue a ler, mas, por favor, construa você mesmo suas verdades, pois essas são as minhas.

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