domingo, 6 de janeiro de 2008

Quem dá mais?

Até onde deve ir a cumplicidade entre jornalistas e políticos? A influência do novo jornalismo na sociedade atual não tem como ainda ser totalmente mensurada, principalmente a relação entre a mídia e a política. Sabe-se porém, que se trata de um dos temas mais discutidos hoje em dia, nitroglicerina pura. Talvez por isso tantos políticos se interessam em “adquirir” veículos de comunicação, seja para estar nos dois pontos da relação, ou por precaução mesmo. O que fica muito claro nisso é a necessidade de nunca haver nenhuma subordinação de um em relação ao outro, caso contrário, a democracia e a vontade soberana de um povo corre sério perigo. Contudo, isso só é possível se nenhum dos lados se põe em relação ao outro de forma que este se sinta obrigado a “retribuir”.
Para o ex-diretor-geral da BBC, um dos maiores canais de TV do mundo, Greg Dyke, “não deve existir relação cômoda entre jornalistas e políticos para evitar a tentação de ‘utilizar’ e ‘jogar’ com a mídia”, como a classe política tenta sempre fazer. Logicamente isto vendo só um dos lados dessa relação, pois hoje, entendo que cabe muito bem um “e vice versa” nesta constatação, isto, para melhor aproveitarmos a fala do Sr. Dyke e realmente se fazer justiça, pois difícil saber quem joga com quem e qual está se utilizando do outro. Todavia, em várias passagens, o Código de Ética do jornalista deixa tudo isso muito claro. No artigo 7º, III, evidencia que o jornalista não pode se valer da sua condição profissional para obter vantagens pessoais. Já no artigo 10 (parece que quase nenhum chegou até aqui): “A opinião manifestada em meios de informação deve ser exercida com responsabilidade”. Só para completar, no 11, fala que o jornalista não pode divulgar informações visando o interesse pessoal ou buscando vantagem econômica, e é aqui que a coisa anda pegando na nossa cidade de Passos.
Toda vez que se fala em relação entre político e jornalista, vem logo no pensamento o episódio Mônica Veloso e Renan Calheiros, mas esse se trata de um caso adulterino, só se tornou promíscuo quando entrou o “lobista” na história. Apesar de sabermos que existem discípulos de Renan por aqui (nossas “Mônicas” é que não são lá essas coisas), na verdade estamos falando de outro tipo de relação, que envolve troca de favores e até mesmo dinheiro por espaço na mídia. Assusta-me o que se houve falar por aí, na “boca miúda”, sobre as relações entre fontes, jornalistas e políticos em Passos. Para não ser leviano e nem generalizar, quero que fique claro que estamos falando de alguns maus profissionais de imprensa, sendo estes de fácil identificação, pois de microfone ou caneta na mão, buscam sempre os mesmos padrinhos, numa clara submissão, “devidamente” retribuída.
Espero que com essas dicas possa estar colaborando para que você mesmo tire suas próprias conclusões e não seja tão facilmente ludibriado por pessoas que, dissimuladamente tentam usar da profissão de jornalista para na verdade, fazerem papel de assessores de imprensa de alguns políticos. Peço desculpas aos meus leitores pela supressão de nomes, conduto, diante da leitura deste artigo e um pouco de atenção, principalmente ao seu rádio, verá a forma tendenciosa de trabalhar e irá identificar claramente que não se trata de uma coincidência qualquer. Faço minhas as palavras de Carlos Brickmann (Observatório da Imprensa): “Este colunista aprendeu desde cedo a desconfiar de coincidências”. Ou será que aquela fala de um velho político brasileiro é mesmo verdade: “muitos jornalistas não passam de políticos frustrados”, e que vivem nos seus escolhidos uma espécie de “second life”.

Nenhum comentário: